14 de agosto de 2005

Globalização

Niger vive uma das situações mais dramáticas dos últimos anos. A fome mata diariamente centenas de crianças e idosos. Essas noticiais ouvidas assim ou em surdina num noticiário de televisão em voz baixa e fora de horas incomodado pela ressonância provocada nos vidros da minha janela pelo concerto pimba mais próximo, lançam-me em cogitações sobre o destino desta humanidade em que uns poucos vivem com quase tudo enquanto outros têm unicamente que sobreviver.
Sem a construção de uma consciência global sobre as questões da fome e da exclusão social, não há programa da ONU que resista, não há dinheiro que chegue nem perdão de divida que garanta o crescimento das economias mais pobres.
Já aqui escrevi e lembro-me de ter dito em público mais do que uma vez que a globalização é um caminho sem retorno, logo há que o acelerar, tudo o que vale a pena ser feito, vale a pena se bem feiro e rapidamente. Contudo, essa globalização não deverá ser apenas na perspectiva do mercado global mas também de uma globalização da democracia, uma democratização das instituições.
Para concretizar tudo isso, urge proceder a uma reorganização dos principais organismos mundiais como a ONU, OMC, FMI, a OIT e o Banco Mundial e tantas outras. Na verdade, em meu entender, urge colocar na agenda global, no âmbito da ONU, toda uma reformulação dessas instituições que permita a criação de um sistema de regulação globalizado. Este é um processo que embora essencial e incontornável, será lento e terá grandes opositores, quer entre os países com menos recursos quer entre os mais ricos, por razões obviamente opostas.

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