4 de agosto de 2005

Afinal alguém leu

"Ser-se açoriano e teorizar sobre essa condição é uma tarefa desgastante e uma espécie de teia de Penélope. O que esta geração da globalização está fazendo (fazendo bem) é aquilo que as outras também fizeram e até não se deram mal. Tentar classificar os vários tipos de açorianos, quer residentes, quer ausentes; teorizar sobre a literatura açoriana com tónica mais carregada na primeira condição e esbatendo a segunda, ou escolher o caminho contrário; criticar duramente as condições da criação cultural nas ilhas; questionar os bairrismos e o gosto autofágico dos açorianos; insistir no empobrecimento, que é um retorno à "ruralidade" como negação das virtudes do "urbanismo"; zurzir na castradora presença do poder político na cultura e todos os outros temas dos ensaios deste livro nascido da experiência de um programa televisivo que animou o panorama cultural no Inverno passado e cujas vicissitudes o Joel Neto nos conta, com uma ponta de vaidade, compreensível, aliás, no seu ensaio, não é outra coisa do que recriar velhas temáticas ou esconjurar velhos fantasmas.Eu por mim saúdo com entusiasmo este manifesto de açorianidade da novíssima geração e só desejo que ele floresça. Um qualquer manifesto só por si é importante, mas uma boa verdade precisa de dar frutos."
José Guilherme Reis Leite in Expresso das Nove, 2005.08.04

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