In-Jornal Correio dos Açores em 2002.05.23
Foge Cão...
O Partido Socialista apresentou, através do seu Grupo Parlamentar, na Assembleia Legislativa Regional dos Açores, uma proposta que visa a criação de Insígnias Honorificas, vulgarmente conhecidas por medalhas, comendas, louvores e outras designações que o comum cidadão usa.
Está agora aberto o caminho para a criação de meia dúzia de "Zés das medalhas", nesta Região Atlântica.
Quando não há ideias para legislar, mesmo que pequenas coisas, mesmo que pequenas propostas de resolução, mesmo que pequenos assuntos que dizem respeito a muita gente como foi o caso da desratização, há que arranjar motivos folclóricos para o povo ver. É a velha história do Pão e Circo e o Povo vai nisso, alegre, cantando e rindo com o bolso cheio de ilusões e fantasias, as mãos carregando sacos plásticos do hipermercados e histórias feitas de gente feliz chorando podriz.
Numa sociedade mediatizada como a que vivemos hoje, facilmente se criam heróis e mitos, com a mesma facilidade com que não se fala de grandes beneméritos anónimos e pessoas que passam a vida a ajudar os outros sem nada em troca esperarem. Estes últimos são sem dúvida os grandes construtores da autonomia, mais não seja porque são os verdadeiros construtores de uns Açores melhores, mais solidários, mais ricos, com mais emprego e com mais tolerância.
Criar insígnias para agraciar detentores ou ex-detentores de cargos nos órgãos de Governo próprio da Região é, no mínimo, escandaloso. Afinal, a política não é um serviço público? Afinal a política não é uma actividade nobre? Afinal a política não é feita com voluntarismo e por voluntários? Afinal os funcionários públicos não são promovidos nas suas carreiras profissionais pelo mérito no desempenho das suas funções? Afinal as insígnias nacionais não são suficientes? Ou o que está em questão é agraciar aqueles que sem obras valorosas não têm unhas para chegar à conquista das insígnias nacionais?
Nos fundamentos da Proposta do Grupo Parlamentar do P.S. são apresentadas medidas e preocupações no sentido de se evitar a "vulgarização social deste tipo de condecorações". Mas então quem vai ser agraciado com as insígnias Regionais? Se não é para vulgarizar, é para agraciar aqueles que já foram condecorados pelo Senhor Presidente da Republica, ou seja vai a Região condecorar os condecorados? Isto é "Chover no Molhado".
Perdoem-me alguns que, de facto, merecem as insígnias que receberam ou até mais como são os casos do decano dos autarcas Portugueses Sr. João Carlos Macedo ou do Eng. Jaime Sousa Lima, outros houve que apenas souberam multiplicar aquilo que já encontraram e que foram agraciados com insígnias semelhantes.
É caso para dizer uma frase que se dizia em pleno Liberalismo quando os títulos nobiliárquicos eram distribuídos ao mais pequeno gesto de simpatia para com a realeza. "Foge cão que te fazem barão. Para onde se me fazem visconde?"
Foge Cão...
O Partido Socialista apresentou, através do seu Grupo Parlamentar, na Assembleia Legislativa Regional dos Açores, uma proposta que visa a criação de Insígnias Honorificas, vulgarmente conhecidas por medalhas, comendas, louvores e outras designações que o comum cidadão usa.
Está agora aberto o caminho para a criação de meia dúzia de "Zés das medalhas", nesta Região Atlântica.
Quando não há ideias para legislar, mesmo que pequenas coisas, mesmo que pequenas propostas de resolução, mesmo que pequenos assuntos que dizem respeito a muita gente como foi o caso da desratização, há que arranjar motivos folclóricos para o povo ver. É a velha história do Pão e Circo e o Povo vai nisso, alegre, cantando e rindo com o bolso cheio de ilusões e fantasias, as mãos carregando sacos plásticos do hipermercados e histórias feitas de gente feliz chorando podriz.
Numa sociedade mediatizada como a que vivemos hoje, facilmente se criam heróis e mitos, com a mesma facilidade com que não se fala de grandes beneméritos anónimos e pessoas que passam a vida a ajudar os outros sem nada em troca esperarem. Estes últimos são sem dúvida os grandes construtores da autonomia, mais não seja porque são os verdadeiros construtores de uns Açores melhores, mais solidários, mais ricos, com mais emprego e com mais tolerância.
Criar insígnias para agraciar detentores ou ex-detentores de cargos nos órgãos de Governo próprio da Região é, no mínimo, escandaloso. Afinal, a política não é um serviço público? Afinal a política não é uma actividade nobre? Afinal a política não é feita com voluntarismo e por voluntários? Afinal os funcionários públicos não são promovidos nas suas carreiras profissionais pelo mérito no desempenho das suas funções? Afinal as insígnias nacionais não são suficientes? Ou o que está em questão é agraciar aqueles que sem obras valorosas não têm unhas para chegar à conquista das insígnias nacionais?
Nos fundamentos da Proposta do Grupo Parlamentar do P.S. são apresentadas medidas e preocupações no sentido de se evitar a "vulgarização social deste tipo de condecorações". Mas então quem vai ser agraciado com as insígnias Regionais? Se não é para vulgarizar, é para agraciar aqueles que já foram condecorados pelo Senhor Presidente da Republica, ou seja vai a Região condecorar os condecorados? Isto é "Chover no Molhado".
Perdoem-me alguns que, de facto, merecem as insígnias que receberam ou até mais como são os casos do decano dos autarcas Portugueses Sr. João Carlos Macedo ou do Eng. Jaime Sousa Lima, outros houve que apenas souberam multiplicar aquilo que já encontraram e que foram agraciados com insígnias semelhantes.
É caso para dizer uma frase que se dizia em pleno Liberalismo quando os títulos nobiliárquicos eram distribuídos ao mais pequeno gesto de simpatia para com a realeza. "Foge cão que te fazem barão. Para onde se me fazem visconde?"
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