9 de agosto de 2022

Só e mal-acompanhado!


 

O atual Governo Regional dos Açores é o tal que deveria ter tido a coragem de cortar com as políticas do passado, mas preferiu cortar apenas com as pessoas. Temos pena. Na verdade, essa não é a via que entendemos como reformista. Nós entendemos - e foi isso que dissemos aos açorianos durante a campanha eleitoral de 2020 - que não importa mudar as pessoas e os cargos, importa sim mudar as políticas, em particular mudanças na forma de fazer as coisas para assim se alterarem os resultados. Fazer igual traz resultados iguais.  Este governo do PSD-CDS e PPM, entendeu precisamente o contrário, preferiu substituir pessoas em vez de mudar de políticas. Entendeu fazer mais do mesmo e mais forte, mais socialismo, mais estatismo, mais parcerias perdulárias, mais administrações públicas carregadas de aprendizes de políticos (abre-se o Jornal Oficial e é um rol de nomeações todos os dias), mais ingerências nas empresas públicas, mais incompetentes alcandorados ao poder por via do cartão partidário, mais perseguições descaradas sobre quem ousa pensar diferente e corajosamente toma posições publicas contrárias às “birras” do caciquismo local e eleiçoeiro, tudo isso  em vez de mudar o rumo das políticas que nos trouxeram à pobreza e à exclusão. Tudo isso era criticado pelos principais protagonistas deste governo quando, num passado ainda recente, eram oposição. Tudo isso é feito e preparado nos bastidores de uma “trupe” sem ter  maioria estável no parlamento, imaginem só os Açorianos se essa gente, impreparada moralmente para governar, algum dia chega a ter uma maioria absoluta.

Já nem o direito é respeitado, mesmo com o governo pejado de juristas e advogados, continuam a tomar medidas por portaria que violam os mais básicos princípios constitucionais dos direitos, liberdades e garantias, fazem-no depois de a terem jurado, a sua palavra vale menos que um “tostão furado”.

O ambiente não foi exceção. O atual Secretário Regional do Ambiente e Alterações climáticas, entendeu, tal como tem feito com outros processos mal encaminhados, dar seguimento ao que vinha do Governo anterior e prosseguir com a construção de um “bunker” de betão no alto da serra para garantir o controlo de acessos à Lagoa do Fogo, parece-me que esse aprendiz de qualquer coisa com assento em primeira praça já em general, mal sabia onde ficava a dita reserva natural e a mais edílica lagoa dos Açores e arredores.

A Lagoa do Fogo além de ser uma reserva de água fundamental para o abastecimento das populações de Ponta Delgada, Lagoa e Vila Franca do Campo, é um lençol de água, à superfície, capaz de gerar outros tantos metros cúbicos de água em lençóis freáticos que ninguém saberá a verdadeira dimensão dos estragos que poderia causar uma contaminação ou o colapso da caldeira. Há muito trabalho a fazer na zona da caldeira, mas é trabalho que não dá lugar a placas de inauguração com nomes e datas,  e que não é visível para caçar votos, por exemplo a destruição ou a inviabilização dos ovos das gaivotas que se tornaram uma praga e um perigo para a saúde publica, ou a monda manual de infestantes como a conteira, o incenso e a silva. Isso sim, seriam coisas importantes de serem feitas na Lagoa do Fogo, mesmo que em propriedade privada, desde que com a anuência dos seus proprietários.

Em defesa da reserva natural da Lagoa do Fogo já se manifestaram inúmeras pessoas, individualidades, instituições, associações ambientalistas, associações de profissionais de turismo, partidos políticos e autarcas.

Em defesa do aprumadinho Secretário da tutela e do tal “bunker”, tem saído da “toca” onde se remetera ao estudo da passagem dos Fenícios pelos Açores, o Sr. Professor Félix Rodrigues cujas competências académicas me escuso a classificar por não ter estudos para isso, mas que os seus pares, lá na academia talvez um dia o façam. Tal proeminente figura, por sinal cunhado do Senhor Secretário do Ambiente e cujo filhote já ocupa lugar de relevo na assessoria do grupo parlamentar do CDS, é também, já administrador de uma empresa pública na área das energias renováveis, corroborando o que no inicio desta crónica se expunha e na semana passada nesta mesma coluna se falava sobre caciquismo, clientelismo político e nepotismo. O professor Félix tem sido exímio e o único defensor das “pategadas” do ilustre aprendiz de Secretário Regional. É caso para dizer que o senhor do ambiente está, neste e noutros processos, sozinho e mal-acompanhado.

 Haja saúde.

In Jornal Diário Insular, edição de 9 de Agosto de 2022

1 comentário:

Anónimo disse...

Adivinhe só quem orientou o aprumadinho na sua tese de doutoramento. Incompetência não lhe falta, cada tiro, cada melro! Podridão total, deveria haver uma investigação sobre uns certos projetos sustEDAtaveis!

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