Nas nossas
vidas, nas famílias, nos negócios como na gestão da coisa pública, não existem
inevitabilidades, caminhos únicos, soluções milagrosas. Tudo pode ter rumos diferentes
desfechos diferentes consoante o que fazemos ou até mesmo o que deixamos de
fazer. Não raras vezes, até não fazer nada e deixar correr as coisas aos sabor
dos que vão fazendo é a melhor solução,
No entanto, em
turismo, há uma verdade insofismável: por mais oferta que exista e por mais
apetecível que seja um destino, esse jamais poderá perder notoriedade. Não há
destinos (produtos) consolidados na indústria a que nos referimos.
Manter a
notoriedade do destino (produto) Açores só é possível com um investimento
permanente, regular e dinâmico, no que às ofertas concerne, na promoção do
mesmo. Esse investimento requer a existência de uma entidade como a ATA-Associação
de Turismo dos Açores uma vez que, mesmo em termos de financiamento e de
relacionamento com o Turismo de Portugal, é imperativa a existência de uma
associação regional de promoção turística (ARPT) por forma a haver um
interlocutor único.
A anunciada
saída do Governo dos Açores e dos chamados sócios institucionais (os que
ficaram, e bem, ficaram como simples sócios como sempre deveria ter sido com
todos), de membros da ATA retira peso institucional a essa associação bem como
lançou suspeitas, bem fundadas, de que o Governo estava a abandonar um “barco”
a afundar-se cujo timoneiro foi ele próprio. “O Comandante é sempre o último a
abandonar o navio”, a não ser que se considere incompetente para o comandar.
Os Açores, ao
contrário do que está anunciado e publicado e replicado à exaustão em discursos
políticos, sítios da internet, brochuras e outros materiais produzidos pela
ATA, não são um ”destino turístico de Natureza”. Não repitam nem
insistam nisso. Não somos uma Costa Rica, uma Patagónia ou um Kruger Park.
Somos um destino onde é possível desfrutar de lugares edílicos em que apenas se
ouvem os pássaros e 15 minutos depois estar num bom espaço urbano, bem sentado,
bem servido e em plena segurança. Os Açores são um destino único, um destino
onde é possível desfrutar de um excelente equilíbrio entre a natureza e a
paisagem humanizada, essa é que é a nossa grande vantagem comparativa.
Para que esse
potencial seja transformado em riqueza é preciso ainda e permanentemente
percorrer um longo caminho. Não faltam destinos turísticos muito visitados e
que estão cheios de pobres e onde a população não consegue sair do limiar dessa
pobreza. Só faz sentido esta indústria se for para melhorar as nossas vidas.
Para tal temos que continuar a investir na promoção, na notoriedade mas também
na sensibilização ambiental. Não somos nem de longe uma região sustentável nem
o nosso turismo anda lá perto. Importa investir mais e isso só se faz com o
Governo e os empresários no mesmo comprimento de onda.
É urgente
desatar o que está atado na ATA.
Dusseldórfia, 25 de
Janeiro de 2019
In Diário dos Açores, edição de 27 de Janeiro de 2019
1 comentário:
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