15 de janeiro de 2019

Ninguém se anima com discursos



Ouvi atentamente o discurso de Vasco Cordeiro na já tradicional “homilia dos Reis” com especial enfase nos assuntos e “desafios aliciantes” que se nos serão colocados no decurso deste ano da graça de 2019.
A mensagem não poderia deixar de ser de esperança, incentivo e até mesmo de desafio. Na verdade compete ao chefe de governo definir objetivos e apontar caminhos mas também desafiar os seus concidadãos a contribuírem efusiva e entusiasticamente para esse desiderato. A frase Não perguntes o que a tua pátria pode fazer por ti. Pergunta o que tu podes fazer por ela, atribuída a John F.Kennedy, é hoje tão premente como era em 1963 quando ele supostamente, a proferiu. Na verdade, esse é o grande desafio da contemporaneidade, sermos capazes de construir a nossa pátria, no sentido de  polis, mais forte, mais sustentável, mais comunitária, mais solidária, sem estarmos permanentemente à espera que do estado venha qualquer tipo de retorno que não seja uma vida melhor para todos ou seja o bem comum.
Também o Presidente da Republica, o omnipresente e omnisciente Marcelo Rebelo de Sousa, ousou desafiar os Portugueses a serem melhores cidadãos, a votarem mais, a participarem mais na vida pública e a debaterem mais os que é importante “com liberdade”,  Esse é, talvez, o desafio mais importante que a nossa sociedade tem que ultrapassar a curto prazo, o desafio de vencer medos atávicos; o desafio de vencer a barreira da sombra do agente da PIDE que há em cada português.
A qualidade, ou falta dela, da democracia em Portugal deixa ainda sérias dúvidas ao cidadão mais atento. Os sucessivos e transversais casos de corrupção, abuso de poder, nepotismo, carreirismo politico  e plutocracia ensombram as nossas instituições e descredibilizam as suas ações mesmo quando essas se enchem de bonomia .
Esses discursos de estadista são tentativas de animar, entusiasmar e reconfortar os concidadãos. Acontece porém que já ninguém se anima com tais palavras e conversas fiadas que depois têm como resultado mais do mesmo e mais forte, porque, como digo comummente, os resultados só mudam se mudarem as práticas, caso contrário tudo fica na mesma.

Tenham todos um ótimo 2019 que eu estarei aqui, aos Domingos, para ir lançando, ou pelo menos tentando, umas pedradas nesse charco de águas mansas que se transformou a vida pública portuguesa com especial ênfase nos Açores.


Ponta Delgada, 11 de Janeiro de 2019

1 comentário:

Anónimo disse...

E então Nuno, os argumentos contra a proposta do BE?
abr
z

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