O exercício da pesca, há muito, deixou de ser uma actividade económica aliciante do ponto de vista dos investidores. Na verdade, as ínfimas margens de comercialização e as contingências dos mercados em tempo de crise (A pesca é a única actividade económica em Portugal onde se pode falar de regulação de preços pelo mercado) têm levado alguns armadores a abandonarem a actividade. Para quem fica, cada um que sai, é uma réstia de esperança que cresce. Menos oferta significa maior preço. Porém, o acentuar da crise económica tem levado o mercado a comprar produtos de baixo preço, e menor qualidade, ou congelado ou fresco mas produzido em aquacultura deixando o pescado chamado selvagem relegado para um segundo plano.
Sobre as contingências do mercado nada há a dizer, ele está a funcionar e isso é assim mesmo. Já nos custos de produção as coisas não são tão lineares. Na verdade, tudo o que depende da intervenção do Estado/Região nessa actividade (presença em excesso) tem sofrido agravamentos inexplicáveis e são exemplos:
A subida exponencial do custo dos combustíveis;
O reforço das medidas de controlo de sanidade quase sempre aplicadas com excesso de zelo;
A insuficiência dos serviços prestados pelo Estado/Região e sector empresarial público;
O excesso de regulação e regulamentação quanto às espécies a capturar e à distribuição das respectivas quotas;
Ineficácia do sistema de transportes de mercadorias por via marítima entre as diferentes Ilhas e entre as Ilhas e o Continente (assunto que se relaciona mais com as obrigações de serviço público do que com os interesses das companhias).
Estes são alguns problemas que o Estado/Região pode resolver porque, por sua vontade, dele depende e que podem melhorar bastante os resultados das empresas do sector. Lembro que este é dos poucos sectores económicos com componente de exportações acima dos 70% em relação ao auto-consumo e uma das mais importantes almofadas para o desemprego em zonas marítimas e com mão-de-obra desqualificada.