18 de janeiro de 2008

Do Cavaquiamo ao Socratismo ou o fim de um regime.

Ao longo dos anos, de atento acompanhamento da vida politica nacional, raramente retive palavras de Cavaco Silva. Afinal, não é figura de grandes palavras, nem de frases lapidares, muito menos de eloquência oratória que se registe. A única frase de peso que se lhe conhece é aquela do “nunca me engano e raramente tenho dúvidas” que, aliás, diz-se que diz que nunca disse tal dito.
Cavaco Silva é um socialista recuperado, feito coração de pedra, com estatuto de tecnocrata, num misto de homem da regisconta e cobrador do fraque. Enfim, ou em fim, como gosto de escrever, um daqueles políticos que bastante contribuiu para o estado débil e atrasado da nossa economia e, consequentemente, para a situação catastrófica do nosso Estado/Nação.
Na verdade, foi durante o chamado “Cavaquismo” que Portugal teve a sua oportunidade de oiro, dois quadros comunitários de apoio plenos de recursos financeiros e um maná de empresas públicas (que haviam sido roubadas ao seus legítimos donos na longa noite de trevas das nacionalizações) para vender e aumentar, assim, as receitas do Estado que haviam de ser gastas a bel-prazer dos políticos e demais comensais do orçamento geral do estado.
Durante esse período, foram gastos milhões e milhões em infra-estruturas rodoviárias, em Hospitais, em estudos e planeamentos (chegou a haver um Ministro do planeamento), mas não foi investido um cêntimo na liberalização da actividade económica, mesmo as privatizações, foram-no num âmbito altamente regulamentado e sem margem de negociação. Também houve muito gasto em formação profissional (outro maná para algumas organizações profissionais como a UGT) mas nada foi feito na formação de quadros técnicos. Foram criadas dezenas de Universidades, mas não foi garantida qualidade de ensino e exigência nos curricula.
Durante o mesmo período, um pequeno estado Insular, feito de planícies verdes com vacas e cavalos com apenas 6 milhões de habitantes e 180.000 emigrantes, investiu quase todos os seus recursos na excelência. É bem verdade que a Irlanda tem uma coisa chamada Trinity College e mais 43 universidades, enquanto Portugal tem apenas 26 (3 ou 4 dignas desse nome) universidades para mais 4 milhões de habitantes do que a Irlanda.
A par de debater a nossa televisão, devemos reflectir e debater a nossa Universidade.

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