11 de outubro de 2022

Alea jacta est

 


Os dados estão lançados, a sorte está na mesa. Perdoem-me se hoje vou ser, um nada, “juiz em causa própria”, mas não poderia ser de outra forma. Na verdade, por mais rebuscada que seja a minha capacidade criativa e por mais capacidade que tenha de reinventar os acontecimentos e assim arranjar um mote para um artigo de opinião, hoje seria impossível não trazer às páginas deste jornal que honrosamente me acolhe, os acontecimentos liberais do passado fim-de-semana.

Está lançada a sorte para os próximos dois anos de uma equipa liderada pela continuidade, mas renovada o quanto baste para prosseguir com o caminho que temos percorrido nos últimos dois anos. Quando em 2020 nos propusemos a criar um Núcleo Territorial da Iniciativa Liberal e nos candidatarmos às eleições regionais sabíamos bem ao que vínhamos, que ideias tínhamos para os Açores e, principalmente, em que caminho nos íamos movimentar.

Passados três meses estávamos sentados no Solar da Madre de Deus a apresentar ao Sr. Presidente da República, por entreposto embaixador, a nossa visão para a Região e a nossa proposta de estabilidade. Sempre com um sentido de responsabilidade construtiva e de reformas absolutamente necessárias para a melhoria de vida dos açorianos, sejam eles novos, velhos ou até mesmo dos que estão para nascer. As nossas preocupações com a reforma da administração pública, com as reformas do sector público empresarial regional e com a própria relação dos cidadãos com os sucessivos orçamentos regionais, são não só legitimas como vêm ao encontro daquilo que as populações precisam e reclamam. Todos falam de reformas necessárias, mas ninguém as quer fazer na sua própria casa.

No passado fim-de-semana, reunidos em plenário de militantes, poucos ainda, mas de grande valor, demonstramos isso mesmo. Estamos seguros do nosso papel na sociedade açoriana, estamos seguros do caminho que temos a percorrer e onde queremos chegar, sendo certo que esse ponto de chegada será sempre um ponto de partida, mais um patamar. Crescemos entre 2020 e 2022 cerca de 400%. Em dois anos passamos de décima força política na Região para quarta força mais votada em eleições nos Açores, cresceremos ainda mais.

Em 2020 dissemos aos açorianos que vínhamos para libertar os Açores das peias de um passado que nos deixava no centro das atenções pelas piores razões, é isso que estamos a fazer. Temos quadros altamente especializados, alguns que tiveram que emigrar e deixar a região porque aqui não há emprego para eles, deixamos sair os melhores, os mais qualificados, os mais capazes e aqueles que podem, de facto, fazer a diferença. Nós ficamos com o propósito de trabalhar para mudar os Açores para melhor, para garantir que, num futuro próximo, mães como a D. Lurdes Parreira não tenham que assistir ao êxodo dos seus três filhos por serem bons demais para esta terra que os criou e educou.

Nós liberais estivemos reunidos em órgão máximo, um plenário de membros, cá não há delegados nem primárias nem diretas nem subterfúgios de qualquer ordem para adiar eleições internas ou para nem sequer as fazer. Somos liberais, dignos e orgulhosos herdeiros do liberalismo de XIX e do Estado de direito democrático e liberal e da separação de poderes. Desse encontro, conclave, saíram propostas de orientação e posições políticas para os próximos dois anos. Foi um lugar de debate e de confronto, mas, acima de tudo, foi um encontro de pessoas que, não convergindo nas idades, convergem nas ideias, não convergindo nos pormenores, convergem na essência. Somos a personificação da defesa das liberdades individuais e da iniciativa privada, do comércio livre e do livre estabelecimento, somos os liberais açorianos que, na esteira do pensamento liberal de oitocentos e do pensamento liberal de hoje encontramos, no Iniciativa Liberal, o espaço político que fazia falta a Portugal. Outros partidos tinham e têm fações mais liberais ou menos liberais, mas nenhum se assume como verdadeiramente liberal. Esta foi a terceira vez em que os Liberais açorianos se reuniram em plenário, mas é uma terceira vez que cheira a primeira vez, pois só agora estamos devidamente organizados. Na cidade da Lagoa decidimos o nosso futuro e o indissociável futuro dos Açores. A sorte está lançada.

 Haja saúde

In Jornal Diário Insular edição de 2022.10.11


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