Ontem,
há hora que escrevia este artigo, comemorava-se o Dia Internacional para a Irradicação
da Pobreza, instituído pela Organização das Nações Unidas em 1987. Um dos principais
objetivos do dia é reconhecer as lutas dos pobres e fazer com que suas vozes
sejam ouvidas. Ora este é o primeiro erro destas medidas que, embora
cheias de boas intenções, não passam de retóricas sem consequências. Na
verdade, os Pobres, os verdadeiros empobrecidos, não se fazem ouvir, nem sequer
nas urnas de voto, quem vive em privação de alimentos, em deficientes condições
de habitabilidade, com fracos rendimentos, não tem tempo para se fazer ouvir,
apenas tem tempo para tentar sobreviver. A primeira vez que tive um embate forte com
esta realidade, decorriam os esperançosos
anos 80 do século XX , depois de ter sacado da prateleira do meu Pai o livro de
Josué de Castro “Geopolítica da Fome” de
1959 por força do respetivo título me
ter chamado à atenção, por não conhecer, a palavra geopolítica e fome para mim
ser coisa que sentia antes do jantar mas que num ápice se tratava nos minutos
seguintes que não fosse com uma boa fatia de pá-de-milho com manteiga e açúcar.
Dai até à enciclopédia foi um ápice de num repente também a geopolítica passou
a ser matéria de estudo, até hoje e a fome na humanidade preocupação
permanente. Sempre fui uma criança politizada, mas não tenho dúvidas que esta
leitura e par de O Trabalho e as Corporações no Pensamento de Salazar foram os
livros que mais contribuíram para o desenvolvimento, desde muito novo, de um
sentido critico relativamente à politica e à vida pública. Talvez por isso seja
hoje um liberal convicto e um anti corporativista militante.
Todos
os dias deveriam ser dias do esforço pela irradicação da pobreza. Para
políticos, no sentido mais abrangente do termo, não há outro desiderato que não
seja o desenvolvimento socioeconómico no sentido do bem-comum e da boa vida.
Por cá, nestas ilhas perdidas e achadas no meio do atlântico norte, a vida foi sempre
difícil, numas fases mais difícil do que noutras, sempre dependentes de fatores
exógenos já que os recursos endógenos são escassos. Nos últimos anos, a nossa
economia está baseada na entrada de fundos da união europeia e em investimento
publico, este caminho carece de ser mudado, com cuidado que não se tratam
dependências económicas como se tratam outras, com abstinência forçada. Os
Açores vivem, neste momento, uma época decisiva de mudança, não diria que se
trata da última oportunidade porque outras certamente haverá, mas trata-se de
uma oportunidade que conjuga fatores que dificilmente se repetirão. Na verdade,
a conjugação de um novo Quadro de Referência Estratégica (PO 2030) com a Plano de
Recuperação e Resiliência, permite aos Açores o acesso a fontes de
financiamento que nunca teve. Esses dois fatores conjugados podem e devem ser
potenciados para reduzir a pobreza na região, pobreza essa que é talvez a pior
herança que o socialismo nos deixou, esse mesmo que agora se arroga o defensor
dos mais pobres e dos mais desfavorecidos. Esses, ditos socialistas, foram os
mesmos que nos últimos 20 anos demonstraram ser incapazes de retirar os açorianos
da condição de um dos povos mais desfavorecidos da Europa. As políticas de
coesão tomadas no passado, criaram condições de crescimento económico
insuficientes e tenderam apenas a potenciar por via da discriminação, dizem que
positiva, as economias que, apesar de mais frágeis, não são as que têm maior percentagem
de pobres.
As
ilhas. Supostamente mais ricas, são aquelas onde existe mais pobreza e onde é
fundamental agir para a erradicar.
Não há fim da
pobreza e da exclusão sem criação de emprego e distribuição de riqueza através
da economia. Não há criação de riqueza sem investimento, não há investimento
sem pequenos e médios empresários e estes não serão capazes de se imporem se
lhes for vedado o acesso a meios de financiamento. Essa fonte de financiamento,
neste momento está no PO-2030 e no PRR, se não agirmos rapidamente e apenas
reagirmos, sermos incapazes de potenciar esses recursos externos em prol dos
mais necessitados.
O Capitalismo
destronou o Feudalismo dos grandes senhores através da liberdade de comerciar,
produzir, realizar sonhos. Por mais que os seus detratores não queiram, o liberalismo
económico é a melhor forma de democratizar o acesso à riqueza. O socialismo apenas
garante que todos serão mais pobres pois condiciona a muitos o acesso a fontes
de financiamento, informações importantes e condições de investimento. A irradicação da pobreza não se faz, como
está demonstrado, por via de mais estado, mas sim pela liberalização de
atividades que hoje são condicionadas e protegidas.
Haja
saúde
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