Correio
Económico -"As fragilidades que a economia açoriana tem
evidenciado em consequência da crise provocada pela Covit 19,
demonstram em primeiro lugar a importância que o
sector do turismo tem para o sector empresarial regional.
António Guterres, na sua qualidade de
Secretario Geral da ONU, disse esta semana que nunca iremos recuperar aos
índices de 2019, antes de 2023/2024, ou seja, em três quatro anos. Como é
que as nossas empresas, os nossos empresários e a economia dos Açores, vão
aguentar ate lá?"
Nuno Barata - Em primeiro lugar importa esclarecer que a crise em
que estamos profundamente mergulhados não é responsabilidade da COVID-19 mas
sim das mediadas tomadas pelos governos para tentar combater a pandemia, o que
são coisas bem diferentes e que importa realçar não vá algum incauto acreditar
que a doença causa crise económica. Em segundo lugar, é bom lembrar que, no
caso da economia dos Açores, voltar aos índices de 2019 como diz o Secretário
Geral da ONU não é um objetivo ambicioso, esse seria regressarmos aos números
de 2007, coisa que ainda não conseguimos por via da economia dirigida e
altamente regulada que temos em que o investimento privado assenta em capital
publico e em emprego mal remunerado. Acresce que, o consumo decorre da liquidez
dos funcionários públicos e do SPER que têm perdido poder de compra ao longo
dos últimos 20 anos. Ou seja, o nosso modelo de desenvolvimento económico é
esdruxulo, nem é “keynesiano” nem quer saber da escola de Viena, é mais uma
espécie de economia navegada à vista dos ciclos eleitorais. O resultado só
poderia ser aquele que todos conhecemos, a pobreza. Claro que as empresas e os
empresários vão aguentar mais este embate fortíssimo no seu quotidiano.
Parafraseando Fenando Ulrich em 2012: “Ai aguenta, aguenta”, e aguenta porque
não tem alternativa senão aguentar. Vamos todos ficar mais pobres, é certo, mas
vamos adaptar-nos a esta realidade com mais ou menos sabedoria e resiliência. A
questão mesmo que importa dar realce é que necessitamos urgentemente de
repensar esse modelo de desenvolvimento económico assente em apoios da União
Europeias distribuídos de cima para baixo na esperança de que essa derrama
chegue aos mais pobres quando na verdade ela não está a chegar há muitos anos. O
principal instrumento que um governo pode dar às empresas e aos empresários é
deixa-los trabalhar.
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