Não foram essas as palavras
utilizadas pelo governante que tutela a agricultura, foram outras, mas o
significado é absolutamente o mesmo.
Falta carne nos talhos de São
Miguel, dizem as notícias replicando as queixas dos prezados talhantes. É o
mercado diz o governante da tutela.
Dizem por aí que eles são do
Socialismo, eu cá acho é que eles não são de coisa alguma, a não ser da falta
de vergonha.
Não, não é o mercado, porque o
mercado não funciona na fileira da carne porque o Governo que o Sr. Eng. João
Ponte integra é tudo menos pela economia de mercado, é um governo socialista de
manhã ao acordar, totalitário à tarde quando é hora de governar e liberal à
noite quando chega a hora de justificar os fracassos e quando as coisas correm
mal.
Na verdade, não há fileira e
sector mais regulado e regulamentado e subsidiado do que o da carne e não há
fileira onde o Governo intervenha mais do que nesta. Aliás é isso mesmo que o
Governo anuncia quando as coisas correm de feição. Portanto, tudo o que corre
mal é culpa tão só do governo, socialista e nada liberal. Não é uma questão do
mercado, é uma questão de intervenção do estado que falseia todo o mercado e
altera todas as suas premissas.
A intervenção do estado começa
logo nos apoios ao transporte de fertilizantes para o uso na agricultura, dizem
que é uma medida de elementar justiça fundamentada na ultraperiferia. Até pode
ser. Mas que desvirtua as leis do mercado disso não haja a menor sombra de dúvida.
Depois vem a ajuda aos bovinos machos, paga com os impostos dos alemães mas a
mando dos Senhores de cá, mais uma medida que me dizem é justíssima e também
ela alicerçada no discurso sobre a distância aos mercados. Até pode ser,
admito-o. No entanto, ela funciona em contraponto às leis do próprio mercado.
Esta fileira recebe ainda que
indiretamente apoios do POSEIMA para a importação de cereais para produzir
alimentos para animais. Medida esta que serve, para além de enriquecer ainda
mais industriais com os impostos dos pobres, desvirtuar os custos de produção e
assim alterar as leis do mercado.
Uma outra ajuda de estado/região,
desvirtua de tal ordem o mercado que nunca um governante regional poderia dizer
o que disse João Ponte sem que fosse de
imediato chamado ao Parlamento para se explicar (isso se ainda tivesse peso
para continuar governante). Trata-se da ajuda à exportação de produtos
Açorianos.
Esta ajuda prevê apoios muito
significativos ao transporte, armazenamento e comercialização de produtos dos Açores em mercados fora da região. São
elegíveis, de acordo com a portaria em vigor, despesas com transporte das ilhas de Santa Maria, Graciosa, São Jorge,
Pico. Faial, Flores e Corvo para as restantes ilhas do arquipélago e de todas
as ilhas para o exterior da Região;
Despesas com a comercialização e distribuição em grandes superfícies
comerciais, no exterior da Região;
Despesas com a logística e armazenamento, no exterior da Região; Despesas com seguros de mercadoria e seguros
de expedição; Juros com o acesso a
linhas de crédito para efeitos de realização de operações de expedição.
Ainda este ano o Governo pela
Boca do mesmo responsável governamental anunciou um investimento de 15 milhões
de euros na rede de abate regional para melhorar as condições e valorizar a
carne açoriana nos mercados externos à mesma.
São exportadas quase 100% das
carcaças de vacas abatidas para o mercado espanhol e 90% dos vitelões para o mercado continental
especialmente para a marca Pingo Doce, ficando na Região uma parte residual dos
animais abatidos para consumo local.
Por outro lado, para satisfazerem
a elevada procura de carne na restauração e consumo domésticos, são importadas
muitas centenas de toneladas de carnes nobres, lombos, vazias e picanhas,
oriundas da América do Sul (países terceiros) que entram na União através de
importadores da Ilha da Madeira e como tal não são contabilizadas estatisticamente como
importações de carne para os Açores. Do prado ao prato é um slogan de grande
valor, mesmo que, na prática, seja das Pampas ao prato.
Estes apoios não só desvirtuam o
mercado como fomentam de tal ordem a sua exportação de produtos da Região que os mesmos começam a
escassear cá dentro.
Poderia fazer desfilar por aqui
um enorme rol de ajudas de estado e da união que desvirtuam este e outros
mercados esta e outras fileiras. Na verdade,
É disso que falamos hoje, quando repensamos a Europa. Aliás, é o
envelope financeiro que irá caber a cada um no quadro das perspetivas
financeiras da União , o único momento de debate que esta proporciona a nível
nacional e regional. O quadro regulador das ajudas e os seus montantes são a
única coisa que nos interessa discutir sobre a Europa. É pouco!
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