3 de fevereiro de 2018

O Regresso do painel Económico ao Correio dos Açores


Pergunta do Correio Económico:

A situação  da SATA tem sido motivo de preocupação  dos trabalhadores que temem pelo futuro da companhia aérea regional e pela Azores Airlines.  Que futuro  se prevê  para a empresa, que tem um passivo superior a 200 milhões de euros? Que medidas deve o Governo tomar? Que parceiro estratégico poderá adquirir a quota de 49% a privatizar na Azores Airlines? 

Resposta:

 É de estranhar que depois de longos anos de absurdas reivindicações e acordos de empresa absolutamente leoninos para os trabalhadores, estes venham agora, numa fase em que a empresa atravessa uma crise gravíssima, demonstrarem a sua preocupação e descontentamento. Em todo este processo houve de todas as partes um permanente “empurrar para a frente” os problemas em lugar de os tentar resolver com medidas de gestão e estratégia empresarial. O Governo regional- acionista único – por razões, umas vezes eleitoralistas, outras de falta de sentido estratégico e outras ainda por falta de conhecimento do negócio, empurrou a companhia para situações desastrosas do ponto de vista comercial. As sucessivas administrações acumulam entre si responsabilidades acrescidas pelo facto de não terem sabido proteger a empresa nos desmandos do acionista e os trabalhadores foram se aproveitando desses desmandos para irem acumulando benesses e riqueza pessoal. O resultado está à vista, a SATA é hoje uma empresa em falência técnica e incapaz de cumprir o seu objetivo instrumental.
Só faz sentido pensar em empresas públicas quando essas se revelem instrumentos fundamentais para a prossecução de uma estratégia global. Ora se o próprio estratega e acionista (Governo dos Açores) se empenha na destruição do instrumento esse deixa de ser útil para a função e então deixa de fazer sentido que seja público. Foi o ponto a que chegou a SATA. Fazendo uma analogia para uma carpintaria digamos que a SATA era o serrote que o carpinteiro usou para cortar ferro em vez de madeira e o resultado foi que quando precisou de cortar madeira já o serrote estava cego e nem o ferro tinha conseguido cortar.

A busca de um parceiro internacional para entrar no capital e na decorrência disso entrar também na gestão da SATA é uma estratégia de recurso e desesperada para salvar uma companhia que, por via do elevado passivo, está a agonizar. Nesse sentido, a Região enquanto detentora de 100% do capital (passivo) não tem poder de escolha, qualquer parceiro que se mostre disponível é bom pois a alternativa é o encerramento da companhia com os custos económicos e sociais que dai podem advir assim como o fim definitivo de um instrumento que se acredita é importante para o desenvolvimento da Região.

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