Pergunta do
Correio Económico:
A situação da SATA
tem sido motivo de preocupação dos trabalhadores que temem pelo futuro da
companhia aérea regional e pela Azores Airlines. Que futuro se
prevê para a empresa, que tem um passivo superior a 200 milhões de euros?
Que medidas deve o Governo tomar? Que parceiro estratégico poderá adquirir
a quota de 49% a privatizar na Azores Airlines?
Resposta:
É de estranhar que depois de longos anos de
absurdas reivindicações e acordos de empresa absolutamente leoninos para os
trabalhadores, estes venham agora, numa fase em que a empresa atravessa uma
crise gravíssima, demonstrarem a sua preocupação e descontentamento. Em todo
este processo houve de todas as partes um permanente “empurrar para a frente” os
problemas em lugar de os tentar resolver com medidas de gestão e estratégia empresarial.
O Governo regional- acionista único – por razões, umas vezes eleitoralistas, outras
de falta de sentido estratégico e outras ainda por falta de conhecimento do
negócio, empurrou a companhia para situações desastrosas do ponto de vista
comercial. As sucessivas administrações acumulam entre si responsabilidades
acrescidas pelo facto de não terem sabido proteger a empresa nos desmandos do
acionista e os trabalhadores foram se aproveitando desses desmandos para irem
acumulando benesses e riqueza pessoal. O resultado está à vista, a SATA é hoje
uma empresa em falência técnica e incapaz de cumprir o seu objetivo
instrumental.
Só faz
sentido pensar em empresas públicas quando essas se revelem instrumentos
fundamentais para a prossecução de uma estratégia global. Ora se o próprio
estratega e acionista (Governo dos Açores) se empenha na destruição do
instrumento esse deixa de ser útil para a função e então deixa de fazer sentido
que seja público. Foi o ponto a que chegou a SATA. Fazendo uma analogia para
uma carpintaria digamos que a SATA era o serrote que o carpinteiro usou para
cortar ferro em vez de madeira e o resultado foi que quando precisou de cortar
madeira já o serrote estava cego e nem o ferro tinha conseguido cortar.
A busca
de um parceiro internacional para entrar no capital e na decorrência disso
entrar também na gestão da SATA é uma estratégia de recurso e desesperada para salvar
uma companhia que, por via do elevado passivo, está a agonizar. Nesse sentido,
a Região enquanto detentora de 100% do capital (passivo) não tem poder de
escolha, qualquer parceiro que se mostre disponível é bom pois a alternativa é
o encerramento da companhia com os custos económicos e sociais que dai podem advir
assim como o fim definitivo de um instrumento que se acredita é importante para
o desenvolvimento da Região.
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