De quando em vez revisito Ramón
Gómez de la Serna, mesmo com outras leituras entre dedos e na espuma destes
dias em que os afazeres da academia me obrigam a ler outras coisas, revisito
Goméz de La Serna e a sua magistral
autobiografia. A sua prosa desconcertante, não é dificilmente catalogável no
espectro das correntes estético-literárias. O autor nasceu já no fim do
realismo e naturalismo que caracterizaram a segunda metade de XIX tendo, por
isso, desenvolvido toda a sua atividade literária na primeira metade de XX,
portanto, sob influência estética do modernismo. As suas obras são referência dessa
corrente literária à escala planetária com especial relevo na chamada hoje de
Ibero-América. Na verdade, Gómez De La Serna influenciou muitos escritores hispano-americanos
da época nomeadamente os brasileiros Mário de Andrade e Oswald Andrade (outro
revisitado). Em Portugal foi António Ferro, editor da revista Orpheu e como tal
digno representante do Orfismo (modernismo português) quem melhor caracterizou o percurso de Gómez
de La Serna sobre o qual Ferro disse um
dia ser um “palhaço, saltimbanco, cujos
dedos são acrobatas na barra da sua pena”.
(…)No
quiero haber vivido mucho, ni viajado mucho, ni amado mucho, ni escrito mucho,
sino haber levantado mucho la vista hacia las cosas asistido por mi alma limpia
y altruista de pobre de solemnidad, y haber comprendido en esa contemplación y
con tolerancia la inanidad de todo, y que entre lo inane lo que lo es menos es
lo bueno y lo bello, entendiendo por bondad el cariño desinteresado por las
ideas, por las cosas visibles e invisibles, por las personas nobles, y
entendiendo por lo bello lo que ya está revelado como tal o lo que lleva
latente y aun en secreto la belleza futura y sólo se sabe que es así por lo que
se oye en los sueños y en los suspiros. (…)
Para quem gosta de ler em castelhano recomenda-se como
leitura para este verão ou para outros verões que virão. Automoribundia (http://www.wook.pt/ficha/automoribundia-1888-1948-/a/id/2597552)
ou ainda, uma leitura mais leve de algumas das sua Greguerias. (http://www.wook.pt/ficha/greguerias/a/id/2236297).
2 comentários:
Eu no verão quero é uns banhinhos, chicharrinhos de cebolada, ler livros do Patinhas e jogar à sueca pela noite dentro.
Introspeção, catarse do eu, estilo e algumas redundãncias filosóficas. Pesado talvez para leitura de Verão. Mas sem dúvida interessante em tempo de crise, que como disse o Papa Francisco, é sobretudo humana.
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