14 de julho de 2013

Ramón Gómez De La Serna

De quando em vez revisito Ramón Gómez de la Serna, mesmo com outras leituras entre dedos e na espuma destes dias em que os afazeres da academia me obrigam a ler outras coisas, revisito Goméz de La Serna  e a sua magistral autobiografia. A sua prosa desconcertante, não é dificilmente catalogável no espectro das correntes estético-literárias. O autor nasceu já no fim do realismo e naturalismo que caracterizaram a segunda metade de XIX tendo, por isso, desenvolvido toda a sua atividade literária na primeira metade de XX, portanto, sob influência estética do modernismo. As suas obras são referência dessa corrente literária à escala planetária com especial relevo na chamada hoje de Ibero-América. Na verdade, Gómez De La Serna influenciou muitos escritores hispano-americanos da época nomeadamente os brasileiros Mário de Andrade e Oswald Andrade (outro revisitado). Em Portugal foi António Ferro, editor da revista Orpheu e como tal digno representante do Orfismo (modernismo português)  quem melhor caracterizou o percurso de Gómez de La Serna sobre o qual  Ferro disse um dia  ser um “palhaço, saltimbanco, cujos dedos são acrobatas na barra da sua pena”.

(…)No quiero haber vivido mucho, ni viajado mucho, ni amado mucho, ni escrito mucho, sino haber levantado mucho la vista hacia las cosas asistido por mi alma limpia y altruista de pobre de solemnidad, y haber comprendido en esa contemplación y con tolerancia la inanidad de todo, y que entre lo inane lo que lo es menos es lo bueno y lo bello, entendiendo por bondad el cariño desinteresado por las ideas, por las cosas visibles e invisibles, por las personas nobles, y entendiendo por lo bello lo que ya está revelado como tal o lo que lleva latente y aun en secreto la belleza futura y sólo se sabe que es así por lo que se oye en los sueños y en los suspiros. (…)


Para quem gosta de ler em castelhano recomenda-se como leitura para este verão ou para outros verões que virão. Automoribundia (http://www.wook.pt/ficha/automoribundia-1888-1948-/a/id/2597552) ou ainda, uma leitura mais leve de algumas das sua Greguerias. (http://www.wook.pt/ficha/greguerias/a/id/2236297).

2 comentários:

Anónimo disse...

Eu no verão quero é uns banhinhos, chicharrinhos de cebolada, ler livros do Patinhas e jogar à sueca pela noite dentro.

Anónimo disse...

Introspeção, catarse do eu, estilo e algumas redundãncias filosóficas. Pesado talvez para leitura de Verão. Mas sem dúvida interessante em tempo de crise, que como disse o Papa Francisco, é sobretudo humana.

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