16 de fevereiro de 2013

Sonho que sou poeta em Vila do Porto.

O Palácio da Ventura

Sonho que sou um cavaleiro andante.
Por desertos, por sóis, por noite escura,
Paladino do amor, busco anelante
O palácio encantado da Ventura!

Mas já desmaio, exausto e vacilante,
Quebrada a espada já, rota a armadura...
E eis que súbito o avisto, fulgurante
Na sua pompa e aérea formosura!

Com grandes golpes bato à porta e brado:
Eu sou o Vagabundo, o Deserdado...
Abri-vos, portas de ouro, ante meus ais!

Abrem-se as portas d'ouro com fragor...
Mas dentro encontro só, cheio de dor,
Silêncio e escuridão - e nada mais!

Antero de Quental, in "Sonetos"


6 comentários:

Anónimo disse...

A esperança é um não sei quê, que nos impele acreditar em algo que pode acontecer, se nada de diferente ocorrer.
O sonho pode ser uma esperança, se sonhar acordado. Todos os que sonham acordados com poesia, poetizam a vida, mesmo que nunca escrevam um poema.

Anónimo disse...

Caro Barata e Anonimo
Um, por nós lembrar Antero de Quental, um dos nossos poetas de eleição,outro por nos lembrar que os sonhos são sempre bem vindos mesmo que nem sempre eles correspondem aos nossos objectivos iniciais, ou não venham quando ainda temos forças para o vivermos.
Estão ambos de parabéns, é sempre um exercício de humildade e coragem, darmos os parabéns a quem considerarmos que tem valor, nesta sociedade que julga que aplaudir os outros é um gesto "gratuito" desnecessário e contraproducente, e que pode expor ao ridículo quem os faz...
Nada mais errado, cada vez mais temos que intervir na sociedade das formas mais variadas, contribuindo assim para que não sejamos uma sociedade fechada, preconceituosa e egoísta.
Gostei do comentário e por isso, aqui vai uma saudação especial, pelo bem escrever e sentir do anónimo.
Açor

Anónimo disse...


INSULANO

Mareja este mar
de ondas gordas, areia e pedra.
Aos pés, algas multicolores;
e a alma no horizonte.

Navega estático o movimento
do vaivém das águas vivas;
e desenha com as mãos
o barco do sonho da fuga.

Ao acordares, a maré encheu!;
e de novo, refugia-te
na ínsula que te prendeu.

Difama "Anónimo" das 11:28pm

Anónimo disse...

Caro Anonimo
Mais uma vez fui surpreendido pelos seus dotes de escrita...
Este poema é lindo e é bem o retrato do ilhéu, preso à ilha, mas navegante nos seus sonhos.
Os meus parabéns, os versos não necessitam de muitas palavras para descreverem para além das coisas comuns, sem as omitirem, fazendo ainda com outra beleza.Os seus são um exemplo disso.
Açor

Anónimo disse...

Será que quando eu for grande, vou perceber poesias?

Anónimo disse...

Caro anónimo das 12.28 A.M.
A mais importante forma de entender qualquer coisa é ter a humildade de se dizer que não se sabe, e ir à procura de saber,pouco sabemos, mas muito temos e podemos aprender.
Será que realmente nada sabe de poesia?
Saudações
Açor

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