8 de junho de 2011

Via Blasfémias, um aviso.

Preparem-se

Li e reli este comentário que saiu ontem (segunda-feira) no Público e ainda não estou bem em mim:
“As eleições de ontem marcam a maior vitória com que a direita poderia alguma vez sonhar, porque não só institucionalizam a captura destas posições pela direita, como compõem um Parlamento onde a oposição ao Governo estará resumida a uma vintena de lugares, já que o PS estará em larga medida manietado pela sua assinatura do acordo com a troika – e esse é o programa com que o PSD e o CDS sonham.
Se se desse o caso de esta composição reflectir fielmente o comportamento da sociedade portuguesa durante os próximos quatro anos, não haveria nada de estranho na coisa. Mas pode muito bem acontecer que a prática do futuro Governo suscite uma contestação que exceda em muito o que se poderia esperar desta composição parlamentar. Esse facto, aliado à mais elevada abstenção de sempre em legislativas, desenha um Parlamento que poderá ser o mais distante de sempre das aspirações e da vontade do povo. O que é uma péssima notícia para a democracia, por muito que alguém repita que as eleições são sempre uma festa.”
Vamos ver se compreendi bem, isto é, se alcancei a lógica do artigo:
a)      As eleições foram uma péssima notícia para a democracia porque os que se opõem ao acordo com a troika apenas elegerem 24 de 230 deputados;
b)      As eleições foram uma péssima notícia para a democracia porque pode acontecer que, no futuro, venha a existir muita contestação fora do Parlamento;
c)       As eleições foram uma péssima notícia para a democracia porque houve muita abstenção;
d)      As eleições foram uma péssima notícia para a democracia porque os eleitores escolheram um parlamento que será o mais distante de sempre das aspirações e da vontade do povo;
e)      As eleições foram uma péssima notícia para a democracia porque a direita venceu.
Na verdade, acho que o último ponto poderia bem substituir todos os anteriores. Da mesma forma que os donos do “consenso social” já ontem adivinharam dificuldades, os donos da verdade política e os áugures das “aspirações do povo” já proclamam o divórcio entre o voto do povo e a “vontade do povo”.

Preparem-se.

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