Numa das minhas incursões pelo interior da Ilha, encontrei ontem um cenário inacreditável, numa das zonas mais bonitas da Ilha de São Miguel, a Achada das Furnas. Dizem-me que temos muito orgulho na beleza das nossas Ilhas, direi que não temos o menor respeito por essa beleza ou pelo pouco que resta dela.
Vale bem a pena lembrar que muitas são as entidades que se têm empenhado na melhoria da qualidade ambiental e na consequente melhoria da qualidade de vida dos cidadãos. Falta contudo, muita sensibilização. O exemplo que vos mostro é de uma falta de noção das questões ambientais, isso para não falar do sempre discutível sentido estético das coisas.
Quando, há cerca de um ano, falei da necessidade de instituir uma disciplina curricular de educação ambiental, falava a sério. Não me deram ouvidos e a resposta foi cerca de 4% de votos expressos nas urnas. Pouco, muito pouco. Bem sei que muitos dos que me davam razão votaram em Ricardo Rodrigues (não me cansarei de vos lembarar) pois que cuidavam estavam a votar em Sócrates o ex-ministro da co-incineração. Sou eu que costumo dizer que o Povo tem sempre razão. E tem!
Nesta Região bafienta, tresandando a naftalina, plena de ratas de sacristia, Ainda há quem se preocupe com os outros, felizmente. Na verdade, a Associação de Municípios da Ilha de São Miguel, tem assumido especial relevância no tratamento dos resíduos sólidos urbanos. Pena é que a passagem pela Secretaria do Ambiente do Professor Helder Silva e as estupidas guerrilhas entre Carlos César e Berta Cabral, tenham atravancado algumas das soluções mais urgentes, nomeadamente a ampliação do sistema de tratamento de resíduos sólidos da Ilha de São Miguel.
Com as birras do então secretário e a passividade do restante Governo, perderam-se tempos importantíssimos, assim como se perdeu a possibilidade de candidatar ao fundo de coesão esse projecto que seria financiado pelo mesmo em 85%.
Entretanto o Governo Regional anunciou que iria encomendar um estudo sobre o assunto. Ao que consta, este estudo está concluído mas os seus resultados não foram divulgados. Provavelmente, estão à espera que as pessoas se esqueçam desse assunto e pronto. Continua-se, assim, a tratar o problema dos resíduos sólidos urbanos como as donas de casa com vicio de ver novelas, ou seja, varrendo o lixo para debaixo do tapete, o que significa insistir na solução dos aterros que são já uma solução ultrapassada, não diria terceiro-mundista porque aí nem lixo há.
Enquanto isso, o povão vai alegre e feliz assistir aos mais diversos foguetórios que por aí se fazem e continua sem estar sensibilizado para as questões do seu próprio dia-a-dia.Uma nota muito positiva para a AMISM. Grande parte dos cidadãos não acredita que o lixo que separa diariamente nas suas casas é verdadeiramente reciclado. Nesse particular há que divulgar que ao longo de 2005, das mais de 60.000 toneladas de lixo depositadas no aterro sanitário de Ponta Delgada, cerca de 4000 toneladas foram enviadas para reciclagem. Para dar bem uma noção dessa grandeza, são cerca de 200 dessas trelas maiores que se podem ver a circular nas nossas estradas. Contudo, essas 4 mil toneladas, representam uma percentagem muito baixa no total global de resíduos depositados, para que se possa aumentar essa percentagem, o trabalho de casa tem que ser, não só feito como bem feito. Até porque "o que vale a pena ser feito, vale a pena ser bem feito".
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