Eu não gosto de Balanços. Vejo a vida para diante e por isso, não aprecio esses exercícios de memória de balançar o ano. Para diante é que é o caminho. É verdade que, se queremos fazer as opções certas no futuro, temos que estar lembrados das lições do passado.
Os indicadores recentes, indiciam um ano de grande aperto nas finanças familiares. Mais uma vez, é quem menos pode que mais vai pagar. O Imposto automóvel vai subir nos carros de pequena cilindrada, logo são os mais baratos que vão ficar mais caros. Injusto!
Sobem os combustíveis uns inacreditáveis 8%, logo sobe o passe social e os restantes transportes públicos, paga quem menos pode. Injusto!
Sobem a maioria, senão todos, os bens de primeira necessidade. Quem vai apertar o cinto? Quem já nem respira de tanto aperto! Injusto!
Sobe tudo excepto os vencimentos A quem toca mais a falta de aumentos? A quem menos ganha. Injusto!.
Volto então, ao conceito de estado social que se instalou em Portugal desde o 25 de Abril. Se é verdade que a conquista da Liberdade foi uma das maiores conquistas dos Portugueses do Século XX, também é verdade que todo o ideal de Abril no que concerne à igualdade entre os Homens está longe de se concretizar. Da sociedade estratificada do estado Novo de filhos e enteados, passamos para uma sociedade não menos estratificada de filhos da mãe e de filhos da Maria da Conceição. Em alguns casos, esses filhos e enteados são ainda os mesmos.
Portugal está apático, letárgico, não tem chama e é incapaz de operar revoluções. A Banca domina 60 % da economia, o Status quo domina 33 % e restam uns míseros 7% de capacidade de renovação do sector empresarial. Um país assim não cresce, nem com leis de contenção orçamental nem com impostos directos e indirectos aumentados quase todos os dias. Sim, quase todos os dias são publicadas portarias e despachos que obrigam as empresas a pagar impostos indirectos. Ainda ontem entrou em vigor mais uma sobre os livros de reclamações nos estabelecimentos com porta aberta.
O Estado social, na sua especificidade portuguesa, tal como está organizado, é de uma injustiça incompreensível na era da aldeia global e da cibernética. Urge fazer uma revolução neste país de brandos costumes.
2 de janeiro de 2006
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