21 de novembro de 2003

Crise no ensino secundário

Acabei de ler o ensaio do Prof. Freitas do Amaral na última página da Visão com o qual não posso estar minimamente de acordo.
O Prof. pretende assentar uma “imperiosa necessidade de uma reforma global� numa “disciplina que faz hoje a maior falta: é a Cultura Geral�. Não posso estar mais em desacordo, alias, não me parece que alguém de bom senso possa estar de acordo com tal parvoíce, a cultura geral não é algo que se possa impor ou ensinar, aparece e armazena-se no nosso “disco rígido� à medida que nos vão ensinando outras coisas. O que falta são professores como os que eu tive capazes de ensinar para além do plano curricular e do manual da cadeira.

Se Eu tivesse tido aulas de cultura geral no secundário, provavelmente teria tido as mesmas notas medíocres que tive a Latim, a Português ou a Antropologia Cultural.
Converso hoje com colegas do Secundário, que eram alunos de 19 e que tomara eles saberem metade do que Eu sei, tomara eles saberem utilizar o que aprenderam em Latim como Eu uso, tomara alguns dos que apanhavam 20 a matemática, utiliza-la como eu a utilizo; Eu que quase sempre passei “coxo� a matemática.
Converso com alguns deles e alguns dos meus antigos professores e sinto-me confrangido; Quando uso algumas expressões menos habituais mas de bom português olham-me com ar reprovador; Cuidam os incautos que não aprendi a falar ou a escrever português.; Cuidam eles que a palavra já não existe; Mal sabem que são eles os ignorantes, a aprendizagem do Latim ajudou bastante para esta evolução da minha forma de comunicar. Contudo, não passei de um aluno regular.

A cultura geral é uma coisa que se adquire por gosto e voluntarismo não através de qualquer plano curricular; A cultura geral é uma coisa que se adquire por prazer e não por obrigação.
Infelizmente hoje algumas classes sociais emergentes adquirem, usam e abusam da cultura por simples razões estéticas, como se é monárquico ou como se é do Bloco de esquerda.

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