Não
poucas vezes tenho afirmado e me tenho insurgido contra falta de democracia
interna dos Partidos Políticos em Portugal. Uns mostram mais do que outros, mas
todos detêm tiques de totalitarismo em volta de um suposto unanimismo que se pretende
seja salutar. Ora aí reside o primeiro engano, nenhum unanimismo traz saúde à
política. Bem pelo contrário. É precisamente do contraditório, da discussão, do
debate de ideias que saem, em tese, as soluções mais eficazes e eficientes para
os problemas que afligem os povos. Os congressos e convenções são o “cerne” da
democracia interna dos Partidos. Mais uma vez, reitero, os Partidos não são
instituições democráticas mas sem a reunião das suas estruturas magnas ainda se
tornam menos democráticas. O CDS Açores deveria ter reunido o seu congresso
regional para eleição de novo líder há cerca de um ano, não o fez, adiou para o
final de 2019, voltou a adiar e agora para depois das eleições regionais de
outubro próximo. Quem vai deliberar sobre as listas de deputados não tem
legitimidade democrática interna para tal, como pode ter para se apresentar
perante o eleitorado?
In Jornal Açoriano Oriental edição de 23 de Junho de 2020