Leio o comunicado do último Conselho
do Governo e há apenas duas palavras que me assaltam a alma, eleitoralismo e
caciquismo. Quanto ao eleitoralismo, assalta-me aquela pregunta: Deve o Governo
deixar de governar no último ano da legislatura? Precisamente por haver
eleições, fica claro que não, bem pelo contrário. O Governo deve trabalhar e muito
em especial nesse último ano de legislatura. No entanto, deve fazê-lo para
encerrar um ciclo e não lançar projetos e primeiras pedras; Deve trabalhar para
ara fechar processos e não para dar inicio a processos novos; Deve esforçar-se para
mostrar o trabalho feito e não apenas as boas intenções futuras; Deve ter
soluções e não propostas, deve ter respostas e não perguntas. Aquilo a que
temos assistido nos últimos dias não é governação, não é oposição, não é política,
é aquilo a que alguém, muito brilhantemente, chamou de “eventologia”. Já no que
concerne ao caciquismo, ele é a vetusta ferramenta para a perpetuação do poder.
Roça muitas vezes o nepotismo disfarçado de opções democráticas, toca
tangencialmente o carácter disfarçadamente dinástico da democracia do tipo
ilhéu.
In Jornal Açoriano Oriental, edição de 10 de Março de 2020.
Sem comentários:
Enviar um comentário