30 de outubro de 2019

Eça ou Camilo?


Calisto Elói de Silos e Benevides de Barbuda, é o nome completo do filho de algo que Camilo Castelo Branco escolheu para retratar de forma magistral o deslumbramento dos políticos de província ao chegarem à capital do então Reino ainda de aquém e além-mar. Entre nós, as quedas dos anjos tal como camilo descreveu são algumas. No entanto, ao invés dos longínquos dias de 70 do século XIX, eles já não vêm só da província que continua a existir neste pais que teima em não descentralizar. Eles, os calistos Elói de agora, vêm de todo o lado e até mesmo dos subúrbios da grande Lisboa. Nos cafés, sejam eles no sentido literal do termo sejam eles os grupos que pululam pelas redes sociais, o Parlamento é o motivo de chacota primeiro. Como escreveu Eça, também em XIX,” diz-se mal da câmara em toda a parte. Os jornais mais sérios falam da sua improdutividade. Ela é considerada como um sórdido covil de intrigas(…) uma farsa (…) uma feira”. E o que há de diferente hoje? A farsa é a não representatividade do seu Povo, a feira vamos ficar a saber com a discussão do primeiro Orçamento de Estado.

In Jornal Açoriano Oriental, edição de 29 de Outubro de 2019

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