A nossa constituição é de matriz ideológica essencialmente socialista, a
esquerda governou e desgovernou Portugal, pelo menos, 25 dos 40 anos que leva
já a nossa tenra e deslastrada Democracia, ficando de fora os governos
liderados por Balsemão, Sá Carneiro, Cavaco Silva, Durão Barroso, Santana Lopes
e Passos Coelho.
Apenas governaram o país com maioria absoluta 3 primeiros-ministros e vale
a pena fazer aqui, nesta difícil hora para todos nós, o retrato do que ficou.
Em duas maiorias absolutas do PSD, com Cavaco Silva primeiro-ministro ,
porventura aquele que teve mais oportunidades reformistas desperdiçadas, o tal
do “deixem-me trabalhar”, ficou um rasto de compadrios, corrupção, intrigas
palacianas, forças de bloqueio, guerras
às autonomias regionais e dois quadros de incentivos comunitários gastos em destruição massiva do tecido
produtivo nacional de que são exemplos irreparáveis, o abandono da frota pesqueira
do alto, a destruição da pequena frota de pesca local e uma reforma da PAC
desperdiçada. Mas há mais. Foi durante o chamado “cavaquismo” que se perdeu a
oportunidade de reformar o sistema de justiça e a segurança social. Ao invés,
na ânsia do combate ao desemprego por decreto, Cavaco promoveu reformas
antecipadas na função publica aos 32 anos de serviço com qualquer idade,
provocando uma debandada de técnicos superiores e quadros bem remunerados todos
com menos de sessenta anos de idade que estão há outro tanto tempo “pendurados”
no regime de segurança social contribuindo assim para o seu colapso. Ao
contrário do que se diz não foi o RSI e as prestações sociais que colapsaram o
regime de segurança social, foi sim um regime de pensões acima dos 2000 euros
por mês que vêm desse tempo. Quem se reforma com pouco reforma-se tarde, quem
se reforma cedo é porque leva bastante e esse desequilíbrio tem que acabar. O "plafonamento" é a solução que ninguém quer ver e aceitar, mesmo sem o ter estudado.
Da maioria absoluta do Governo de José Sócrates o melhor é nem falar. Vamos
esperar que a justiça confirme ou desminta o que se desconfia. No entanto,
parece-me claro que o cidadão em causa nos enganou a todos muito bem
enganados. Pelo menos àqueles em que nele votaram e acreditaram. Não pelos
casos públicos que o levaram à cadeia que desses ainda se vai ouvir falar e só
depois de encerrados se poderá opinar, até lá, como já disse, cabem à justiça. Mas sim, parece óbvio
e inquestionável, que foi o Governo de Sócrates quem nos trouxe para a
bancarrota e obrigou ao garrote financeiro que se sucedeu. De permeio ficou uma
reforma da Acção Executiva que culminou numa espécie de privatização da justiça,
algo que nunca poderia ser privatizado, em que foi coautor António Costa e que
tem causado enormes "engulhos" à nossa pobre e arrastada economia privada.
De Passos Coelho nada mais há a dizer do que foi o primeiro verdadeiro
líder que o PSD teve depois da saída de Cavaco da cena partidária em 1995 (há
20 anos)e foi o único que tentou e conseguiu de certa forma meter na ordem alguns
dos "baronetes" nados e criados durante o chamado "cavaquismo" que se entendiam senadores
da república e intocáveis. Passos teve coragem de assumir ruturas com muitos
dos sistémicos parasitas do regime. Bem-haja por isso. Essa talvez tenha sido a
tarefa mais difícil de Pedro Passos Coelho nestes últimos anos.
Outra foi gerir um país regatado por instituições internacionais, com
regras orçamentais positivadas muito apertadas, e com uma economia em recessão
a não ajudar a receita fiscal. Passos transformou o país submisso do resgate em um pais mais livre das instituições internacionais e só por isso já merecia
governar mais quatro anos. Foi aliás isso que o Povo decidiu nas urnas e que o
Partido Socialista, depois de ter assumido na noite de 4 de Outubro, não
pretende cumprir, tentando transformar uma derrota pelos números numa vitória
pelas intenções. Na verdade o PS averbou uma derrota estrondosa se tivermos em
conta que ainda não há um ano, as intenções de voto no PS eram de 45%, mais
estrondosa se reveste por ter sido uma corrida contra uma coligação que
governou o país durante um período de resgate financeiro e que, por isso, teve
que impor medidas duríssimas de autêntico garrote financeiro ao seu Povo.
Ponta Delgada 2015.10.15
Diário dos Açores 2015.10.17
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