Ontem, no rescaldo do lançamento do livro do Professor Eduardo Paz Ferreira, " Da Europa de Shuman à Não Europa de Merkel", trazido aos escaparates pelos bons ofícios da Quetzal do meu bom amigo Francisco José Viegas senti haver entre os palestrantes e plateia um certo rancor ou pelo menos um certo desconforto relativamente à Alemanha hoje governada pela Srª Angela Merkel na esteira dos governos de Schroder, Khol e Schnmidt.
Dou por mim perdido em cogitações sobre se valerá a pena gastar latim lembrando aos mais incautos os dias e a pobreza deste Portugal de antes da adesão à então CEE.
Neste exercício de critica e autocrítica, foco-me no centralismo de Lisboa e nos assomos autonómicos de alguns lideres regionais. Foco-me nas guerrilhas entre Ilhas, nas "tricas" entre concelhos , nos bairrismos saloios e nas pelejas entre ruas, e até no culto que nos une " o Senhor Espírito Santo da Rua D'Arquinha está-se cagando para o Senhor Espírito Santo da Rua do Passal".
Na verdade, se não houver uma entidade que nos aglutine em volta daquilo que é preciso que nos unamos sem que cada um perca a sua identidade como nação. Se os Estados, à semelhança dos cidadãos para com eles, não forem cedendo alguns dos seus poderes para a União. Então não seremos nunca capazes de construir uma Europa nem de nações nem de estados nem de regiões nem de povos. Continuaremos, só e apenas, uma "bela adormecida" que com o passar dos anos será menos bela e mais adormecida senão mesmo em estado comatoso.
Fui um "eurocético", passei por uma fase de "eurocrente", hoje, pode dizer-se, sou um "euromilitante", no Mundo globalizado não há lugar para os pequenos estados, para fronteiras fechadas, para politicas monetárias e financeiras expostas à volúpia da instabilidade dos mercados, para birras nacionalistas nem para politicas de clausura.
Masstricht não foi até onde poderia e deveria ter ido deixando, apesar da criação do denominado Fundo de Coesão, prevalecer sobre o principio da solidariedade entre estados o principio da subsidiaridade que se configura como um "inimigo" do federalismo.
De 1993 em diante os tratados são retalhos em mantas curtas que ora cobrem os pés ora cobrem a cabeça de uma Europa constituída por 28 Estados ditos soberanos, com 24 idiomas oficiais, cerca de 500 milhões de cidadãos e algumas 90 nações.
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