16 de maio de 2012

Estados Unidos da Europa.

Vem este post a propósito do texto do Paulo Marcelo, largamente comentado mas não totalmente desmontado, primeiro pelo Nuno Pombo e depois  pelo João Vacas  e  pelo João Ferreira do Amaral no 31 D'Armada.

Ora, toda a polémica é sobre a saída que todos procuramos mas que, alguns, por ainda não terem percebido que estamos moribundos e que a soberania já lá vai há muito, teimam em não assumir ser a única.

Confesso que a coerência, em políitica, não é daquelas coisas que me tiram o sono. Ainda ontem me deliciou ouvir o António Barreto na Sic Noticias dizer coisas que, há 20 anos, seriam impensáveis saírem daquela boca. A falta de coerência, nestes casos, é inversamente proporcional ao grau de inteligência e liberdade de pensamento. Quanto mais incoerente mais livre de pensar e mais inteligente se revela o pensador. Sem peias, sem cedências, pleno de clarividência e bom senso.

Por isso, assumo, já fui um eurocético, quando se podia sê-lo, fui euro-acomodado, vencido pelas decisões democráticas da maioria e sou hoje um euro-crente, rendido às evidências.

A soberania perdemo-la no dia em que assinamos o tratado de adesão à então Comunidade Económica Europeia, reforçamos essa nossa decisão em Maastricht em 1992  e refundamos a União em Lisboa em 2009, pelo meio ficaram Nice e Amesterdão. A soberania não é quantificável, não temos pouca ou muita, não somos mais soberanos ou menos soberanos, a soberania ou se tem ou se não tem e Portugal e os restantes 27 há muito que não são estados soberanos, são Estados que cederam a sua soberania para uma entidade supra-estatal, criada de forma esdruxula e construída numa perspetiva intergovernamentalista em detrimento das doutrinas federalistas, cujos resultados não se pode dizer tenham sido os mais auspiciosos.

Chegados a este patamar só podemos fazer dele um ponto de partida e não um destino final, usando em analogia, uma figura da aviação, diria que chegamos àquele ponto em que o piloto puxa o manche e nada mais pode ser feito do que descolar e levar o avião em direção ao céu. Na Europa dos 27 que amanhã será de mais uns quantos, não há forma de meter flaps e borregar a descolagem, o avião já vai no ar e a pista ficou para trás. A saída é mesmo, portanto, seguir em frente, a saída é  federalista.



(Continua)

10 comentários:

K2ou3 disse...

(Quundo agente se encontRAR, Vais levar umas "chapadas" nos ouvidos, que nem te digo. não se deve dar armas ao inimigo.

Anónimo disse...

Soberania? É o que mais tem havido.
Eles(os políticos) foram tão soberanos que que até lixaram isto tudo. Independência é que não. Isso sim perdemos no dia em que deixamos os soberanos assinaram tratados de subsistência pessoal em detrimento do povo. Eles foram para Bruxelas, para os altos comissariados, para o Banco Europeu e mil outros tachos soberanos.
A noção de soberania é burguesa,púdica no limite do absurdo.
Venha de novo a independência, custe o que custar.

Anónimo disse...

olha, boa pregunta pa fazâ ao zé carlos batata frita: quanto dinheiro recebeu para... não editar livros?

Anónimo disse...

A verdade é esta: detesto falar sueco, comer salsichas alemãs, beber cerveja belga e levar com uma beringela grega na cabeça.

Então não é bem melhor o contacto com quem fala a nossa lingua, porque veio de nós e partilhou a nossa história?

Anónimo disse...

Caro anónimo das 09.20.
Não falamos sueco nem vamos aprender, salsichas alemães só por um canudo, cerveja belga talvez encontremos ainda nalgum supermercado, e vais-te ver grego á procura das beringelas gregas ( talvez esteja a salivar com a ideia de comer uma boa musaka que pode ser feita com qualquer outra beringela - ver receitas na net.
O pior é se perdermos o pio por obra dos soberanos e o melhor é aprendermos rapidamente a falar chinês.

Anónimo disse...

Não.
O melhor é olharmos para o Brasil, essa potencia emergente que também nos respeita, para Angola e Moçambique, onde estivemos 5 séculos, para Cabo Verde, S. Tomé, Guiné e Timor onde nos miscegenamos, para a India, outra potencia emergente que conhecemos muito bem e para a China, através das pontes que ao longo da nossa história criamos.

Anónimo disse...

Ou seja: Abandonamos dois mil anos de história para nos agarrarmos a uma espécie de neo-imperialismos com 500 anos de más memórias. Talvez seja uma ideia, mas de tolos.

Anónimo disse...

Se olhássemos para o umbigo outra vez, numa de alguém que do umbigo fez o que chamou Império e que pela boca e outros orifícios naturais expeliu toda a espécie de grandeza que afinal nunca lhes pertenceu, talvez achasse esta ideia de bater à porta deles uma nova oportunidade. Quando vamos abandonar esta ideia de que pedir aos outros é mais eficaz do que exigir a nós próprios?.

Anónimo disse...

A época em que que estabelecemos relações no mundo, foi o período mais alto da nossa história.
Só tivemos notoriedade como povo e demos contributos positivos à humanidade no periodo dos descobrimentos e da nossa expansão.
Antes disso, não passamos de matamouros e depois disso na decadencia que bem conhecemos.

É no mundo que somos bons. Felizmente (nem todos os povos se gabam disso) deixamos laços pela America do Sul, pela África e pela Ásia, que nos podem garantir futuro.

Nesta Europa que nos procuram impingir, nunca vamos ser protagonistas de nada. O desenvolvimento fica para os outros, enquanto que para nós, quando muito, ficam papeis terciários, quando o cenário for favorável.

Anónimo disse...

Indignado com o fim da soberania nacional.
Indignado com as imposições da soberania no AR dos Açores.

Não há qualquer contradição.
Claro.

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