Ora, toda a polémica é sobre a
saída que todos procuramos mas que, alguns, por ainda não terem percebido que
estamos moribundos e que a soberania já lá vai há muito, teimam em não assumir
ser a única.
Confesso que a coerência, em
políitica, não é daquelas coisas que me tiram o sono. Ainda ontem me deliciou
ouvir o António Barreto na Sic Noticias dizer coisas que, há 20 anos, seriam
impensáveis saírem daquela boca. A falta de coerência, nestes casos, é
inversamente proporcional ao grau de inteligência e liberdade de pensamento.
Quanto mais incoerente mais livre de pensar e mais inteligente se revela o
pensador. Sem peias, sem cedências, pleno de clarividência e bom senso.
Por isso, assumo, já fui um
eurocético, quando se podia sê-lo, fui euro-acomodado, vencido pelas decisões
democráticas da maioria e sou hoje um euro-crente, rendido às evidências.
A soberania perdemo-la no dia em
que assinamos o tratado de adesão à então Comunidade Económica Europeia,
reforçamos essa nossa decisão em Maastricht em 1992 e refundamos a União em Lisboa em 2009, pelo meio ficaram Nice e Amesterdão. A
soberania não é quantificável, não temos pouca ou muita, não somos mais
soberanos ou menos soberanos, a soberania ou se tem ou se não tem e Portugal e
os restantes 27 há muito que não são estados soberanos, são Estados que cederam
a sua soberania para uma entidade supra-estatal, criada de forma esdruxula e
construída numa perspetiva intergovernamentalista em detrimento das doutrinas
federalistas, cujos resultados não se pode dizer tenham sido os mais
auspiciosos.
Chegados a este patamar só
podemos fazer dele um ponto de partida e não um destino final, usando em
analogia, uma figura da aviação, diria que chegamos àquele ponto em que o
piloto puxa o manche e nada mais pode ser feito do que descolar e levar o avião
em direção ao céu. Na Europa dos 27 que amanhã será de mais uns quantos, não
há forma de meter flaps e borregar a descolagem, o avião já vai no ar e a pista
ficou para trás. A saída é mesmo, portanto, seguir em frente, a saída é federalista.
(Continua)