A entrevista do Professor Cavaco ontem, que só ouvi hoje, veio reconfirmar a pertinência da minha crónica publicada na revista FACTOS nº 21 e que aqui transcrevo.
Cavaco desilude
Não raras vezes nos desiludimos com os políticos que escolhemos e elegemos. Assim aconteceu com uma larga maioria dos Portugueses em relação a esses primeiros meses de mandato presidencial do Professor Aníbal Cavaco Silva. Não a mim o Sr. Silva de Boliqueime, tecnocrata inculto, não me desiludiu, está a ser, precisamente, aquilo que eu desconfiava que ele ia ser. Cinzento. Foi assim como Primeiro-ministro, foi assim como Ministro das Finanças, será sempre assim, embora passando a imagem de ser diferente. Um embuste.
Contudo, Cavaco desiludiu e muito, os seus adeptos e os seus principais detractores. Na verdade, há várias direitas neste país que reconheciam no Professor Cavaco uma espécie de salvador da Pátria , um Salazar dos tempos modernos, com família, casa no Algarve e férias numa praia do Brasil, um "tuga" típico, "self made men" como todos os "tugas" gostavam de ser, reaccionário como só os "tugas" sabem ser, austero como todos os "tugas" gostam.
Alguma social-democracia que, gosta de se dizer de direita (qual equivoco) apostou no Professor Cavaco na esperança que esse se transformasse numa espécie de contra poder, uma "força de bloqueio" à maneira do "Rei" Soares, capaz de devolver diplomas ao parlamento só porque lhe dava na real gana e que ameaçasse a dissolução da Assembleia da República ao primeiro indicio de corrupção ou desentendimento entre governantes ou entre estes e a Câmara de Deputados. Ao invés, Cavaco, adoptou por uma atitude conciliadora, apoiou medidas do Governo, apela ao respeito pela Assembleia da República e vez alguma insinuou ou deixou transparecer a possibilidade de dissolver o Parlamento. Desiludiu assim a sua direita, a pseudo direita PSD.
Nas esquerdas, principalmente na mais liberal e na mais genuina, Cavaco era visto como uma espécie de anticristo, o "Homem da Regisconta" que olvida as questões desde que o interesse da caixa registadora o justifique. Também essa esquerda temia um Cavaco, contra-poder, intransigente, sem preocupações sociais e em que a economia ultrapassasse todas as outras preocupações de Estado. Um Presidente permanentemente em "guerra" com o Governo.
Ma afinal, estes primeiros dias em Belém têm revelado um Cavaco Silva bem diferente do esperado quer por uns quer por outros. Por isso Cavaco é uma grande desilusão.
E se não bastasse termos a noção disso, ele próprio, sabe que assim foi, se é que já não sabia que assim iria ser.
"He procurado poner en práctica lo que prometí. He actuado según lo que dije, no según lo que otros imaginaron o inventaron que iba a hacer".Anibal Cavaco Silva ao El-País .
Sintomático é o facto do Presidente falar mais aos órgãos de comunicação social estrangeiros do que aos Portugueses. Sim, lá fora opinou sobre cá dentro, sobre o futuro da Europa, sobre a emigração ilegal. Cá dentro, ainda não disse nada.
Não raras vezes nos desiludimos com os políticos que escolhemos e elegemos. Assim aconteceu com uma larga maioria dos Portugueses em relação a esses primeiros meses de mandato presidencial do Professor Aníbal Cavaco Silva. Não a mim o Sr. Silva de Boliqueime, tecnocrata inculto, não me desiludiu, está a ser, precisamente, aquilo que eu desconfiava que ele ia ser. Cinzento. Foi assim como Primeiro-ministro, foi assim como Ministro das Finanças, será sempre assim, embora passando a imagem de ser diferente. Um embuste.
Contudo, Cavaco desiludiu e muito, os seus adeptos e os seus principais detractores. Na verdade, há várias direitas neste país que reconheciam no Professor Cavaco uma espécie de salvador da Pátria , um Salazar dos tempos modernos, com família, casa no Algarve e férias numa praia do Brasil, um "tuga" típico, "self made men" como todos os "tugas" gostavam de ser, reaccionário como só os "tugas" sabem ser, austero como todos os "tugas" gostam.
Alguma social-democracia que, gosta de se dizer de direita (qual equivoco) apostou no Professor Cavaco na esperança que esse se transformasse numa espécie de contra poder, uma "força de bloqueio" à maneira do "Rei" Soares, capaz de devolver diplomas ao parlamento só porque lhe dava na real gana e que ameaçasse a dissolução da Assembleia da República ao primeiro indicio de corrupção ou desentendimento entre governantes ou entre estes e a Câmara de Deputados. Ao invés, Cavaco, adoptou por uma atitude conciliadora, apoiou medidas do Governo, apela ao respeito pela Assembleia da República e vez alguma insinuou ou deixou transparecer a possibilidade de dissolver o Parlamento. Desiludiu assim a sua direita, a pseudo direita PSD.
Nas esquerdas, principalmente na mais liberal e na mais genuina, Cavaco era visto como uma espécie de anticristo, o "Homem da Regisconta" que olvida as questões desde que o interesse da caixa registadora o justifique. Também essa esquerda temia um Cavaco, contra-poder, intransigente, sem preocupações sociais e em que a economia ultrapassasse todas as outras preocupações de Estado. Um Presidente permanentemente em "guerra" com o Governo.
Ma afinal, estes primeiros dias em Belém têm revelado um Cavaco Silva bem diferente do esperado quer por uns quer por outros. Por isso Cavaco é uma grande desilusão.
E se não bastasse termos a noção disso, ele próprio, sabe que assim foi, se é que já não sabia que assim iria ser.
"He procurado poner en práctica lo que prometí. He actuado según lo que dije, no según lo que otros imaginaron o inventaron que iba a hacer".Anibal Cavaco Silva ao El-País .
Sintomático é o facto do Presidente falar mais aos órgãos de comunicação social estrangeiros do que aos Portugueses. Sim, lá fora opinou sobre cá dentro, sobre o futuro da Europa, sobre a emigração ilegal. Cá dentro, ainda não disse nada.
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