28 de novembro de 2025

Declaração FInal Plano e Orçamento RAA 2026


Senhor Presidente,

Senhores Deputados,

Senhores Presidente e Senhores membros do Governo,

Chegamos ao fim do debate sobre o Plano e Orçamento para 2026 e, da parte da Iniciativa Liberal, a conclusão é clara:

O Governo apresenta um documento que é grande no tamanho, mas pequeno na responsabilidade;

grande na despesa, mas pequeno no rigor;

grande na propaganda, mas pequeno no futuro que se quer para os Açores!

Iniciamos este debate alertando que os Açores têm produtividade estagnada, dependência excessiva de transferências externas, investimento privado tímido e dependente do sistema de incentivos e um setor público que cresce muito mais depressa do que a economia real.

Hoje, depois de ouvir os argumentos do governo e da sua coligação, constatamos que o Governo decidiu ignorar o problema e carregar ainda mais no acelerador da despesa e do endividamento.

Este é um Orçamento que vive do cheque de fora e não da economia dos Açores.

Os números são cruéis: 49% da receita total vem de fundos europeus e da República, quando ainda há poucos anos eram 31%.

Isto não é autonomia. Isto é dependência orçamental mascarada de virtude!

E mais grave: este Orçamento só será capaz de ter impactos negativos ligeiramente atenuados, porque existirão 150 milhões de “benesse” externa. Sem essa espécie de  resgaste extraordinário estaríamos a discutir 225 milhões de € de novas necessidades de inanciamento em 2026.

E perante tal evidência, a decisão política é só uma: quanto mais dinheiro chega de fora, mais o Governo Regional gasta.

Nesse sentido, o Orçamento para 2026 continuará a assumir riscos, em vez de assumir responsabilidades.nAliás, basta ver que o Governo fala em transparência, mas esconde três coisas, mais dívida, mais apoio externo e mais despesa com pessoal.

Este Orçamento inscreve uma redução de despesas com pessoal de 3,6%, apontando-se mais de 158 milhões de € para fazer face a pagamentos de salários da máquina administrativa.

O que o Orçamento não diz é que a totalidade dos custos com pessoal será 8 vezes mais, ou seja, 815 milhões de €, porque não se contabilizam aqui as despesas com o pessoal das escolas e dos hospitais da Região.

Feitas as contas certas, o que a Região vai gastar, em 2026, com pessoal é em 9% superior ao que gastou em 2025 (e não menos 3,6% com se tenta fazer crer), num aumento real de mais 68 milhões de € em despesas com pessoal.

Tudo isto é irresponsável.

Tudo isto é imprudente.

Tudo isto é perigoso para os Açores!

 Senhor Presidente,

Senhores Deputados,

Se olharmos para a vertente da despesa de capital, verificamos que o investimento público previsto é gigantesco. O Governo apresenta 990 milhões de € de investimento direto, num total regional de 1.195 milhões. É o maior Plano de Investimento da história da Região. Nem Sérgio Ávila teria a ousadia de ir tão longe!

Por isso mesmo, estamos perante um Orçamento irrealista.

O Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) terminará em 2026. O próprio Conselho Económico e Social dos Açores diz ter “preocupações relevantes quanto à sua exequibilidade” em tão pouco tempo. O Governo Regional diz que 2026 é que vai ser…

E não é preciso derramar aqui os números por tão enfadonhos que são. Já foram bastas vezes esgrimidos.

Para o Governo todo este Plano e Orçamento é irrepetível, porque depende de dinheiro europeu… Mas este dinheiro acaba em 2026. E este fim coloca-nos perante um risco silencioso: Qual é a estratégia para 2027?

Qual é o plano para financiar a máquina administrativa sem o dinheiro do PRR?
Como se sustenta este nível de despesa quando desaparecer a almofada externa?

Qual será o saldo primário final? Será certamente muito diferente daquele que aqui está previsto.

 O Governo não sabe.

E, pior, parece nem querer saber!

 Mas podemos ir mais longe.

O PO Açores 2030 é também apontado pelo Governo Regional como prioritário no próximo ano. E aqui sim, importa reforçar os números.

De um total de 1.140 milhões de dotação total de fundos comunitários, a Região executou 10,3%, ou seja, pouco mais de 100 milhões.

Se olharmos para o PEPAC (programa que materializa os instrumentos da Política Agrícola Comum), está reservada à Região a quantia de 231 milhões de €. Até agora, a Região executou 34,6 milhões.

Já no quadro do Programa Mar 2030, os Açores contam com uma dotação de 75 milhões de €, a taxa de execução, a um ano do fim do quadro comunitário, é de 19,5%.

Por fim, nota para o Programa Ação Climática e Sustentabilidade (Sustentável 2030), cuja dotação é de 321 milhões de €.

 Apenas 12 milhões estão executados!

Trocando tudo isto por miúdos, dos 1.167 milhões de € do quadro de programação plurianual da União Europeia 2023-2027, a meio da execução, os Açores só conseguiram chegar a 161 milhões de €, mais uma vez pouco mais  de 10%.

Mas, se olharmos apenas para a folha de excel do Orçamento da Região (aquela que é feita apenas com base nas nossas receitas e despesas), verificamos que a relação preço/qualidade dos investimentos realizados está pelas ruas da amargura. O Serviço Regional de Saúde é caso paradigmático.

Em 4 anos, esta governação reforçou as verbas para os serviços públicos de saúde em 135 milhões de €.

Resultado prático: mais 2.500 utentes em lista de espera cirúrgica (em dezembro de 2021 aguardavam, para cirurgia, 10.657 utentes; em setembro de 2025 aguardavam, para cirurgia 13.187 utentes).

 É a velha máxima de atirar dinheiro para cima dos problemas, como se ele resolvesse as maleitas, que tantas vezes o  PSD, o CDS e o PPM criticavam nas gestões socialistas da Região.

Já no quadro educativo, olhando para a mesma  folha de excel é fácil constatar que esta governação mais do que duplicou, desde 2021 e com as previsões para 2026 (de 21 para 49 milhões) as verbas inscritas para fazer face às necessidades do sistema educativo.

Os resultados falam por si: os alunos açorianos tiveram os piores resultados, a nível nacional, no exame de matemática do 9.º ano e, a português, estão também abaixo da média nacional.

Já ao nível do ensino secundário, os nossos alunos obtiveram notas inferiores à média nacional em 14 das 22 disciplinas avaliadas.

Dados avaliativos da região portuguesa onde a maioria da população tem, no máximo, o 6.º ano de escolaridade; a população com ensino superior, é de apenas 16%, inferior à média nacional; e a taxa de abandono escolar precoce atinge 21,7%, quase 3 vezes mais do que a média nacional.

 Mudança de paradigma? Zero!

 Senhor Presidente,

Senhores Deputados,

Pelos poucos exemplos apresentados se percebe que este não é um Governo capaz de planear, antes de desorganizar com consequências reais trágicas para os Açores e os Açorianos.

Este é um Governo que se vangloria de gastar mais em Saúde, mais em Educação, mais em Habitação, mais em tudo… sem esconder a visão socialista do Estado como provedor universal.

Mas onde está a reforma?

Onde está a eficiência?

Onde está o alívio para famílias e empresas?

Não está. Não existe!

O Governo tem um Plano de despesa. A Iniciativa Liberal teria um Plano de responsabilidade.

Este Plano e este Orçamento não preparam os Açores para o futuro, apenas prepara o Governo para sobreviver ao presente.

A Iniciativa Liberal vota contra este Orçamento porque os Açores merecem mais liberdade, mais responsabilidade, mais crescimento, mais Autonomia.

E enquanto este Governo insistir em fazer dos Açores um território dependente, a Iniciativa Liberal insistirá em defender um futuro em que os açorianos dependam do seu talento… não do seu Governo!

 

Horta, Sala das Sessões, 26 de Novembro de 2025

 

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