A sazonalidade no sector do Turismo é uma inevitabilidade, todo o sector sabe disso, sejam agentes de viagens, hoteleiros, restauração, sector dos transportes, animação turística e afins. No entanto, há vias para a mitigação desse problema começando desde logo por um esforço de estender para lá de 30 de setembro algumas atividades que captam públicos diferentes e que procuram mais do que sol e paisagens verdejantes. Em algumas ilhas, mais do que noutras, esse problema agrava-se com as distâncias aos centros decisórios e mercados emissores.
Correndo o risco de deixar alguns
de fora que não são menos importantes, vou apenas mencionar eventos como o Trail
da Fajãzinha na Ilha das Flores, O Bravos Trail na Ilha Terceira ou
o SMAT na Ilha de Santa Maria, O Quebra Pernas na Ilha de São
Jorge, ou ainda os já consagrados Triangle Adventure que se realiza nas
Ilhas Pico, São Jorge e Faial, o Ultra Blue Island que se realiza no Faial
ou ainda os Ecologic Trail Run e EPIC trail Run que se realizam
em São Miguel, todos eles realizados ou
em extensão do verão ou imediatamente antes do período de maior procura, são excelentes exemplos de como minimizar os
efeitos da sazonalidade no sector emergente que é o Turismo e provavelmente o
único sector em que estamos a conseguir inovar e que tem gerado enorme procura
nos mercados emissores tradicionais e em novos mercados.
É de louvar o esforço das
organizações desses eventos que envolvem um enorme número de voluntários e
pequenos patrocinadores, com recursos parcos, uns mais do que outros pois casos
há em que os municípios e o Governo Regional já perceberam a importância dos
eventos que contribuem para a notoriedade do destino e para a mitigação da
sazonalidade.
Veja-se, o excelente exemplo do
profissionalismo e da eficácia do Azores Trail Run que tem trazido atletas dos
4 cantos do mundo para correrem nas nossas Ilhas. Atente-se ainda na
jovialidade da equipa do Bravos Trail que soube potenciar os apoios que, em boa
hora, as Câmaras de Angra e Praia e o Governo Regional, optaram por dar e têm
sabido também acatar sugestões de atletas e operadores experientes, melhorando
de edição para edição, quer as marcações quer os percursos e ainda a componente
social como só na Ilha Terceira sabem fazer. Talvez por isso, o Bravos Trail,
edição de 2024, tenha esgotado as inscrições nos primeiros meses o que revela
uma boa campanha de promoção das provas que o compõem.
Estes eventos, a par de outros no
Golfe, na Equitação, no Big Game Fishing, no Windsurf e restantes desportos náuticos
devem ser acarinhados pelos municípios pois é esse o mais importante papel do
Poder Local na captação de mercados emergentes do sector do turismo fora das
épocas de maior procura.
A deslocação a feiras de um vereador
ou de um técnico de comunicação de uma autarquia tem um custo, muitas vezes, do
dobro do apoio que é dado a esses eventos e a sua eficácia fica muito aquém do
que pode ser alcançado por um evento desportivo da natureza dos que aqui
tratamos, até porque é dificil de quantificar, enquanto nos acontecimentos
desportivos se pode avaliar com exatidão o seu impacto. Temos assistido a
deslocações de equipas inteiras, com famílias a acompanhar que, não raras vezes,
uma pequena equipa gasta, na ilha e em passagens, tanto como o valor que uma
determinada autarquia apoia a organização do evento.
Por mim, irei sempre que possivel
promover estas atividades e dar delas a notoriedade necessária para contribuir
para o seu crescimento e maturação, a bem do desporto, da prevenção de maus
hábitos como as toxicodependências e da mitigação da sazonalidade que, como
iniciei este artigo, não vai acabar nunca mas pode ser atenuada.
Publicado nos Jornais Diário Insular e Diário dos Açores edições de sexta-feira dia 28 de outubro de 2024.
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