24 de setembro de 2019

Inacreditável

Sim, custa a acreditar mas consta que é verdade e nos é “vendido” como se de um grande feito se tratasse. Um membro do Governo que é acionista único de uma companhia aérea em francas dificuldades, deslocou-se à sede de uma sua concorrente para a demover de abandonar uma rota em que esta ultima concorre quase diretamente com a primeira. A estratégia será ir “passando entre os pingos da chuva” até que a Azores Airlines feche a porta? Deve ser! A SATA nasceu, poucos gostam de ouvir isto, do empreendedorismo micaelense do pós-guerra. A companhia aérea, a mais antiga de Portugal, aparece porque os micaelenses, perseverantes, lutaram muito para combater a periferia da Ilha no contexto Atlântico da altura. Isso mesmo já tinha acontecido com a construção do Porto de Ponta Delgada. Na verdade, São Miguel era uma ilha periférica no contexto arquipelágico e lutava fortemente para se libertar dos efeitos da grande depressão de 1928. Quando a companhia, na década de 80 deixa de servir os Micaelenses para servir todos os Açorianos e os interesses “eleiçoeiros” do seu acionista único entra no descalabro e com o avançar do tempo nada melhorou. Falta coragem.

In Jornal Açoriano Oriental, edição de 24 de Setembro de 2019

17 de setembro de 2019

300 euros



As Autonomias constitucionais foram, para as respectivas regiões autónomas, a maior conquista do 25 de Abril. O regime de autogoverno de uma nação é, ou deve ser, o seu desígnio primeiro. As autonomias, porém, não desresponsabilizam o Estado nem o libertam das suas funções fundacionais. Na república, nas regiões mais ricas do país como Lisboa e Vale do Tejo, os manuais escolares são gratuitos para todos os níveis de ensino obrigatório. Nos Açores, a região mais pobre de Portugal, as famílias gastam por cada filho no ensino obrigatório cerca de 300 euros só em manuais escolares e mais uns quantos trocados no restante material que os senhores professores gostam de exigir sem perceberem que há famílias que têm que fazer muitas contas todos os meses. São essas famílias, as que não têm escalão, não têm abono de família e não têm bolsas porque estão nos limites desses mesmos escalões mas que pagam IRS e demais impostos, que suportam parte das passagens de avião para outros irem às compras a lisboa e visitarem os filhos na universidade e outros “forrós.” Não me preocupa o subsídio “social” de mobilidade, preocupa-me quem tem que pagar para os filhos estudarem.


in jornal Açoriano Oriental edição de 17 de Setembro de 2019.

11 de setembro de 2019

Dupond e Dupont



Tal como os personagens saídos dos livros de banda desenhada de Hergé  os presidentes das federações Agrícola e das Pescas dos Açores foram a Santana dizer a Vasco Cordeiro que querem mais dinheiro em 2020. Não são gémeos, mas parecem, tal e qual os tais personagens das Aventuras de Tintim. Nestas alturas apelam a mais verbas, mais coisas, mais afazeres mas na hora certa lá estão eles a seguir os seus próprios rastos, a suas lapalissadas costumeiras as suas “boutades” de apoio ao partido da situação. Fingir vale sempre a pena, dessa forma dão a ideia aos seus associados que lutam por eles, que esfregam as mãos nas tetas das vacas como eles ou que empatam anzois e lançam aparelho. Os aparelhos dessa gente são outros, são os aparelhos da vida fácil do “comer na isca e cagar no anzol”. A teta dessa gente é outra, é uma teta muito mais fácil do que aquela à qual andam agarrados, dia após dia, os seus associados. Cada vez mais pobres, agricultores e pescadores, não se podem queixar dos governos que têm tido, pois na verdade têm sido essas classes produtoras o sustento desses mesmos governos.


In jornal Açoriano Oriental edição de 10 de Setembro de 2019

4 de setembro de 2019

Silly rentrée

Há dias escrevinhava eu que o regresso à vida politica depois das férias seria um prolongamento da estação "tontinha". Longe estava de vir a assistir a “tonteria” tão grande como a suscitação, por parte do Grupo Parlamentar do Partido Socialista de um debate de urgência sobre o "Impacto na Região das políticas prosseguidas pelo Governo da República nos últimos anos". Com o beneplácito do pior presidente que a república já conheceu, este último governo de Portugal, foi o que mais violou a constituição e mais abusos perpetrou sobre as mais elementares liberdades dos cidadãos. Talvez seja isso que PS, BE e PCP pretendem avaliar no decurso da próxima sessão legislativa sobre um governo saído de uma maioria parlamentar espúria, que foi capaz de unir o partido socialista à esquerda radical trotskista e marxista-leninista, amiga da revolução da fome bolivariana, associada da farsa mundial que foi o comunismo soviético e amiga de causas que defende mas não pratica. Há tanto debate de urgência para fazer, este não é certamente o que precisa ser feito a não ser por mero exercício de eleitoralismo gratuito e esperteza saloia. Confirma-se, esta rentrée será continuação da silly season.

In jornal Açoriano Oriental edição de 03 de Setembro de 2019

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