Moção de rejeição, pois com certeza …
Os partidos que constituíram a coligação Portugal à Frente,
PPD-PSD e CDS-PP, apresentaram uma moção de rejeição ao programa do Governo
minoritário do derrotado Partido Socialista e suportado por esse mesmo PS e por
uma coligação negativa, que não espúria, mantida a pinças entre o Bloco de
Esquerda, o Partido Comunista Português e o seu satélite parasita Partido
Ecologista os Verdes. O Partido das
Pessoas Animais e Natureza, naturalmente, absteve-se (houve quem estranhasse
essa posição, eu só estranho que alguém estranhe).
A moção assentava em dois pontos de relevante importância
politica, a ilegitimidade política do Governo liderado (líder é obviamente um
eufemismo) por António Costa empossado por manifesto aproveitamento oportunista da inexistência temporária do
poder de dissolução da Assembleia da República por parte do Presidente da
República e pelo denominado “processo de radicalização em curso”, epiteto que
Passos Coelho já usou algumas vezes.
Sabendo-se, à partida, que esta moção de rejeição não
passaria e que o governo do derrotado PS não cairia, que vantagens poderiam advir
para a democracia e para o debate politico o uso desse mecanismo parlamentar?
Advêm, pelo menos, duas vantagens desde logo de
clarificação:
Em primeiro lugar fica clara e definitivamente assumida a
rutura e afastada a remota hipótese de qualquer tipo de cooperação, seja em que
circunstâncias forem , com um governo que considera não sufragado mas apenas
legitimado pelo parlamento e com um programa de governo que rejeitou;
Em segundo lugar, traz a vantagem de clarificar a
existência de dois blocos políticos no espectro partidário Português assumindo
os partidos mais à direita uma posição de força e de união contra as políticas
que venham a ser implementadas pelo atual governo.
Na verdade, quando em 2013, no preparar das hostes socialistas
para as eleições europeias de 25 de Maio de 2014 e para o que dai viria, o
atual presidente do partido Socialista Carlos César - já então ao serviço da
tática de assalto ao poder no Largo do Rato para posteriormente assaltar, como
veio a verificar-se, o poder em São Bento - anunciou que não era candidato nas europeias
e numa conversa com Pedro Adão e Silva
e Pedro Marques Lopes, aos microfones da TSF,
defendeu abertamente um governo de bloco central liderado pelo PS com
uma nova liderança do PSD. César não escondia assim a sua opção clara por uma
solução governativa moderada, escolhida ao centro do espectro partidário
português e deixando de fora Paulo
Portas que na altura classificou como de “lado ludomaníaco do Governo” tentando,
com esse tipo de discurso , lançar uma base de instabilidade e desconfiança no
seio da coligação PPD-PSD/CDS-PP.
Enganou-se
César e enganou-se o PS e enganaram-se todos os que achavam que Paulo Portas e
Passos Coelho estavam definitivamente derrotados e desavindos. Logo nesse ato eleitoral
os partidos do então governo entenderam-se, como se esperava, e foram a votos
em coligação e perderam, nas palavras do próprio Costa por “poucochinho” .
Mantiveram a unidade apesar de, aqui e ali, das hostes do PSD onde Passos
limpou algumas “maçãs podres” tenham vindo “petardos” para o seio da coligação.
Voltaram a ir a votos juntos derrotando, ais sim, não por “poucochinho” um Partido Socialista liderado por António
Costa que partiu de uma base de apoio
nas sondagens de quase 45% dos
portugueses para um resultado que não foi além dos 32% e não ganhou as eleições
tendo mudado o rumo defendido em 2013 para uma coligação negativa com a
esquerda radical e assim garantir o poder, como já se disse atras
aproveitando-se do facto de, temporariamente, o Presidente da República não
poder dissolver o Parlamento e convocar novas eleições clarificadoras da
vontade democrática dos Portugueses.
Esta
moção de rejeição não aprovada marca definitivamente o divórcio do PS com o
grande “centrão” colocando-o numa posição de refém da esquerda trotskista e marxista-leninista.
Na verdade, foi o PS que escolheu o discurso da “grande viragem” e da “queda do
muro” como símbolos de uma mudança de paradigma.
Passos
Coelho deixou o aviso de que pedirá eleições no dia em que o PS solicitar a
ajuda do PSD e Telmo Correia lembrou, no decorrer do debate, que “no dia em que a geringonça quebrar não contem
com o PSD e o CDS” acrescentando de seguida “Boa
viagem e que não haja acidentes, porque quem normalmente paga os vossos
acidentes são os portugueses”.
Agora
ou daqui a dias, não espere o PS poder distribuir benesses com a mão esquerda e
governar com a mão direita, fazer socialismo com a mão esquerda e austeridade
com a mão direita, satisfazer os apetites de Catarina Martins e Jerónimo de
Sousa com a mão esquerda e “pagar o banquete” com o apoio da mão direita.
Diário dos Açores, 6 de Dezembro de 2015
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