12 de junho de 2025
4 de junho de 2025
Combate às dependências
IL/Açores diz que é preciso inverter política do tratamento, investindo na prevenção
O Deputado da Iniciativa Liberal (IL) no Parlamento dos Açores, Nuno Barata, aponta a educação, o desporto, o apoio às famílias e uma urgente mudança de paradigma, passando a apostar na prevenção em vez de no tratamento, como única forma de ultrapassar o flagelo social que assola a Região no campo das dependências.
Esta quarta-feira, no âmbito de um debate parlamentar sobre a temática, Nuno Barata – que reconhece que o tratamento, em muitos casos, “tem salvado vidas” – frisou que o combate ao grave problema das dependências na Região (que é das piores do país em vários indicadores) é um problema “multissectorial, mas que passa principalmente pela prevenção em vez do tratamento. O tratamento é o último recurso. É o fim da linha”.
“Este é um assunto que carece de uma análise séria, ponderada. O tratamento tem permitido retirar ou salvar algumas pessoas destas dependências, mas é na prevenção que deve estar o nosso foco. As famílias são o primeiro núcleo de formação, de educação e de acompanhamento. Mas, muitas vezes, as famílias envolvidas, no dia-a-dia, na necessidade de pagar as contas, na necessidade de trabalhar, no esforço de manter a família sustentada, não têm tempo, por mais que queiram, para acompanhar devidamente os seus entes. E é neste sentido que o Estado, que a Região, tem o papel preponderante. Na prevenção pela via do desporto, na prevenção pela via da divulgação destes problemas, na prevenção pela via da informação”, afirmou o Deputado liberal.
Insistindo, Nuno Barata diz que “o trabalho que temos de fazer é na prevenção deste flagelo, seja das substâncias psicoativas, seja das novas substâncias (que é o grande drama neste momento), seja da heroína, seja da cocaína, seja do haxixe, seja do álcool, do tabaco e até das novas ferramentas da comunicação que nos dominam a vida, todos os dias, todo o dia. Estamos perante um combate de divulgação, de prevenção, de informação, que cabe a todos. Mas não é desvalorizando os números. Não é desvalorizando a realidade”.
Uma das áreas por onde os liberais entendem que pode e deve ser feito este trabalho é por via da prática desportiva e de atividade física: “Ao nível do desporto, todos assistimos às dificuldades enormes que todas as associações, todos os clubes estão a passar. E, se for preciso dizer às pessoas, vamos acabar com essas megalomanias do desporto federado e dessas coisas todas que nos levam imensos recursos, mas que depois não retiram jovens desse flagelo, então vamos empenhar-nos, apostar na prática do exercício físico desde as escolas, em várias modalidades, em modalidades que têm pouca adesão, para que essas crianças se envolvam em projetos de vida saudáveis, em vez de procurar esses comportamentos aditivos”.
Esperança nos Açorianos
O Deputado da IL/Açores, contestando a política só do tratamento, a não avaliação e apresentação de resultados de todos os planos regionais de combate às dependências e até do até agora inconsequente trabalho de uma “task force” criada para encontrar soluções para o problema, diz que continua a “ter esperança”, porque tem “esperança na nossa Região”.
“Há dias, num debate, ouvi alguém dizer que era inevitável sermos pobres, era inevitável termos de pedir esmola a Lisboa e a Bruxelas… Eu revoltei-me, porque eu acredito nessa Região, eu acredito neste povo que é capaz de emigrar para outros destinos e fazer fortuna. Nós não temos o direito de deprimir este povo e de lhe dizer que não somos capazes aqui, entre partes, de tirar essa Região destas situações que são lamentáveis”, afirmou.
Para Nuno Barata “a pertinência do tema decorre precisamente do problema que assola as famílias, as comunidades, principalmente as mais deprimidas do arquipélago dos Açores, mas que assola, principalmente, aquela que, muitas vezes, é chamada de ilha grande centralista e poderosa. Certamente que se o problema não fosse tão grande na ilha grande centralista e poderosa, este assunto seria visto com outros olhos”.
Bons planos, más implementações
Especificando particularmente o flagelo das novas drogas sintéticas na cidade de Ponta Delgada, Nuno Barata apresentou ainda um outro problema no combate à problemáticas: “a falta de vontade política ou a incapacidade política de implementar as boas ideias”.
“Falar de salas de consumo assistido e transformá-las em salas de chuto, como no século passado, também não é correto. As salas de consumo assistido têm um papel preponderante, na fase do tratamento, mas até na fase da identificação dos indivíduos, que às vezes não sabemos quem são. E, nesse aspeto, a Iniciativa Liberal apresentou uma proposta na Assembleia Municipal de Ponta da Delgada para que fosse criada uma sala de consumo assistido. Foi aprovada por unanimidade, mas foi posta no veto de gaveta, o que levou o Bloco de Esquerda, logo a seguir, a apresentar a mesma proposta, que também foi aprovada por unanimidade, mas que continua no veto de gaveta. Porque toda a gente concorda, mas depois ninguém quer a implementar. E este é outro problema das políticas de combate às toxicodependências.
Açores, 4 de junho de 2025
Conversas com Iniciativa
A política, quer no desempenho de cargos públicos quer na simples atividade cívica, é uma ação de enorme nobreza. Infelizmente, nos últimos anos, de nobre passou a ser olhada como facto pernicioso fruto de várias circunstâncias. Desde logo por ignorância generalizada até mesmo daqueles que desempenham funções publicas e cívicas que se classificam como não políticos, nada mais errado. A origem da palavra Política vem da antiguidade clássica do grego polis. Aristóteles lembra que o homem é um animal político, que vive em sociedade e todos os que cuidam dos assuntos da polis são, por isso, políticos.