4 de fevereiro de 2005

O debate



Já que a blogosfera regional, mais própriamento o João Nuno, exige um comentário e uma opinião sobre o debate de ontem, depois de ter ouvido Santana Lopes, na TSF esta manhã e de ter lido os principais Jornais nacionais, aqui vai a minha opinião.
Despido de qualquer "partidarite", e munido da liberdade que muito prezo, devo dizer que não gostei do debate. Não só pelo formato que, obviamente, coarcta o desenvolvimento de raciocínios mais profundos, mas também pela falta de espontaneidade dos participantes. Eu não gosto da política demasiado previsível, quase fui capaz de adivinhar as palavras de um e de outro conforme as perguntas iam sendo formuladas.
Jornalistas e políticos perceberam, finalmente que os Portugueses não querem ouvir mais paixões e intenções sobre os grandes temas da educação e da saúde. Os políticos sabem que estes sectores vão ser sempre problemáticos e que não vale a pena massacrar o Povo com promessas vãs e incumprireis. Todos, sem excepção, queremos mais e melhor saúde e mais e melhor educação. Contudo, estes são sectores cuja despesa corrente absorve de tal ordem o orçamento que não sobra muito para as despesas de investimento. Além disso, são dominados por interesses corporativos muito fortes que, não abdicam de regalias, nem em nome de um pacto de regime. Esse é um dos males dessa democracia corporativa que estamos a viver. Já o disse aqui há uns meses atrás que as corporações, em Portugal, começam a ter uma força tal que a democracia parlamentar, já de si pouco lastrada, começa a estar fortemente em risco. Não é por acaso que o grande trabalho de desacreditação do sistema parlamentar e dos senhores deputados nasce do seio dessas mesmas corporações. Convém estar atento.
De resto, não houve vencedor nem vencido, foi um debate morno ao bom estilo de um Portugal que necessita, urgentemente de agitação e de Homens bons.
Para melhor dizer o que achei do debate, escolhi, citando de cor (por isso, podendo conter imprecisões, um poema de Carlos Paião)

"Trocas e baldrocas,
Altas engenhocas
Que eles sabem inventar,
São palavras ocas
faz orelhas moucas
não te deixes enganar".
(obrigado Miguel)

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