23 de junho de 2020

Quo vadis CDS



Não poucas vezes tenho afirmado e me tenho insurgido contra falta de democracia interna dos Partidos Políticos em Portugal. Uns mostram mais do que outros, mas todos detêm tiques de totalitarismo em volta de um suposto unanimismo que se pretende seja salutar. Ora aí reside o primeiro engano, nenhum unanimismo traz saúde à política. Bem pelo contrário. É precisamente do contraditório, da discussão, do debate de ideias que saem, em tese, as soluções mais eficazes e eficientes para os problemas que afligem os povos. Os congressos e convenções são o “cerne” da democracia interna dos Partidos. Mais uma vez, reitero, os Partidos não são instituições democráticas mas sem a reunião das suas estruturas magnas ainda se tornam menos democráticas. O CDS Açores deveria ter reunido o seu congresso regional para eleição de novo líder há cerca de um ano, não o fez, adiou para o final de 2019, voltou a adiar e agora para depois das eleições regionais de outubro próximo. Quem vai deliberar sobre as listas de deputados não tem legitimidade democrática interna para tal, como pode ter para se apresentar perante o eleitorado?


In Jornal Açoriano Oriental edição de 23 de Junho de 2020

16 de junho de 2020

Black Lifes…


O mundo ocidental, contemporâneo, humanista, revolucionário mas racionalista, consumista, assustado também, vive dias de agitação por causa da morte bárbara de George Floyd há cerca de um mês. Decorrem protestos, pelo mundo quase todo, sobre a forma como as polícias tratam os negros fazendo realçar de forma inequívoca o racismo latente por toda a humanidade ocidental. É verdade, as polícias de todo o mundo tratam mal os que são diferentes, ainda há pouco tempo em Portugal um cidadão estrangeiro foi espancado até à morte numa sala do SEF. Todos os dias são brutalmente assassinadas pessoas por polícias e desaparecem outras tantas. Estranho porém que a gente se escandaliza, apenas, com esse acontecimento na maior democracia do Mundo enquanto as tiranias permanecem impunes e envoltas em silêncios barulhentos. A BBC dedicou grande parte das suas edições online a caracterizar 10 coisas que mudaram no mundo desde o homicídio de Floyd, mas há uma coisa que não mudou. África permanece um continente esquecido onde morrem todos os anos milhões de pessoas, novos velhos e crianças, de fome, guerras, genocídios, malária, ébola e outras minudências. Black Lives Matter, but not everyone.

In Jornal Açoriano Oriental, edição de 16 de junho de 2020

9 de junho de 2020

Legitimidade



Anda por aí uma "gentinha", nas bocas sujas deste Mundo, a tentar passar a ideia da falta de legitimidade democrática da Dr.ª Maria José Duarte para terminar o mandato no mando dos destinos de Ponta Delgada. É sempre bom lembrar a essa espécie de “pigmeus” da política doméstica - uns lagartixa que se julgam jacarés, outros garranitos que se acham cavalões – que a legitimidade do cabeça de lista é igual à do último suplente e que se assim não fosse, não existiam listas plurinominais mas sim uninominais. Essas táticas sabujas de tentar vencer pelo cansaço da política da terra queimada e de tentar vender narrativas falaciosas, têm feito do PS de Ponta Delgada uma oposição frustrada. Mais ainda se pode dizer: A legitimidade democrática que tem o terceiro de uma lista autárquica para ocupar a presidência é mais direta do que a de qualquer membro do Governo Regional que nem candidato a deputado foi. Ponta Delgada está, de facto, muito mal entregue mas não no que concerne a quem a governa mas sim em quem pretende ser oposição com fogo-fátuo.

In Jornal Açoriano Oriental, edição de 098 de junho de 2020

3 de junho de 2020

Medidas a cento



Diz o Povo, esse ao qual me orgulho muito de pertencer, que Deus deu inteligência às carradas e bom-senso às pitadas. Uns usam a inteligência para contribuir para o bem comum, outros, por cá, usam-na para ofender a inteligência do próximo. Nesta Região que foi um dia feita de heróicos guerreiros, que contra castelhanos lutaram pela nacionalidade, contra absolutistas lutaram pela liberdade e contra comunistas lutaram pela democracia e pela autodeterminação, hoje "pululam "vendedores de banha de cobra. No rescaldo das medidas que vão anunciando às dezenas quase diariamente, ficam apenas as cinzas do que ainda há dois meses eram pequenas e médias empresas, micro investimentos e pequenos empreendedores que tinham, a custo, construído os seus próprios postos de trabalhos e, quem sabe? o de mais um ou dois prestadores de serviço. O anúncio de medidas a cento pode até deixar passar a ideia de que o Governo está a trabalhar na solução do problema que ele próprio criou ao fomentar o “ lockdown” mas a médio prazo mostrará os verdadeiros problemas de serem não medidas. Os que mais sofrem, infelizmente, quando o vierem a perceber já votaram.

In Jornal Açoriano Oriental edição de 02 de Junho de 2020

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