29 de março de 2011

Ide-vos preparando.

Da crise económica e financeira que estamos a viver à escala global, está espelhado nos resultados eleitorais dos partidos de governo como são os casos das recentes derrotas regionais da CDU na Alemanha, da coligação liderada na Itália pelo inominável ou ainda das derrotas da direita moderada na França, sem esquecer as sondagens que dão o PS de Sócrates como derrotado em caso de eleições, um resultado que é uma certeza: As desigualdades sociais na Europa serão ainda maiores do que são hoje e, socialmente, num Portugal que é um país da Europa onde a igualdade de oportunidades não passa de uma miragem, num futuro breve, seremos mais os pobres do que os que havia vai para 10,9, 8, 7,6,5,4,3,2,1, anos.

28 de março de 2011

Vá para fora cá dentro IV

É uma solução um pouco mais carinha mas também é uma excelente opção para os dias que correm.

Vá para fora cá dentro III



Esta é ainda outra opção para as mini férias pascais.

Rumores


Apesar de outras leituras obrigatórias estarem, em cima da mesa, dos censos ainda não estarem enviados, do pagamento especial por conta ser já na quarta-feira, da aproximação do fim do mês (o fim do mês começa ser mais preocupante que o fim do mundo), do repicar do alho francês, do plantar dos brócolos e dos últimos dois mil pés de morangueiro, tive um tempinho para olhar, em jeito de voo de ave, para este livrinho de Cass Sunstein sobre as suas diferentes  e diversificadas vias de propagação dos rumores  na contemporaneidade. Este livro diz muito a quem lê ouve e repete, seja na rua no café, no twiter, no facebook nos blogues ou até mesmo nos livros. Trazido aos escaparates pela arte e engenho da  D. Quixote, são pouco mais de 90 páginas que se lêem num ápice.
Obrigado ao Prof. Damão Rodrigues pela sugestão de leitura.

25 de março de 2011

Há muita coisa dentro dos livros.


Já aqui disse, várias vezes, que os livros são alguns dos meus melhores companheiros e até amigos. Há dias conversando com o meu querido primo e amigo Pedro Soares de Albergaria chegamos à conclusão de que, além de outras coisas, temos o hábito de guardar pequenas coisas dentro de livros. Coisas como recordações dos filhos ofertadas no dia do Pai, um cartão de visita de um amigo que já não vemos há muito  e talvez não cheguemos a rever, uma qualquer folha de árvore, um autocolante, uma etiqueta  de uma peça de roupa que foi importante., uma carta  de uma namorada ou um simples bilhete de autocarro.
Alguns livros são reabertos, outros nunca o serão , pelo menos por nós, poderão, no entanto, sê-lo por algum dos nossos filhos ou netos se os tivermos.
Ontem foi um dessas surpresas que me aconteceu. No meio de uma consulta ao incontornável Oliveira Marques, encontrei uma régua de cartolina, propaganda eleitoral do meu tempo de Liceu e que eu próprio idealizei e que foi executada nas oficinas da EGA-Empresa Gráfica Açoriana, ainda nas instalações da Rua Domingos Rebelo Pintor. Vieram-me à memória, em cascata, coisas maravilhosas, fantásticas, dias de idealismo e de alguma ingenuidade políticas que o tempo foi desvanecendo nos meandros da realpolitik.


Coisas que fui encontrar...

...dentro de um livro de história. Um resquício da minha primeira experiência democrática. Nesta fase em que o País se prepara para abrir as válvulas do fundo e deixar-se afundar, não há nada melhor do que lembrar algumas velhas ambições de um Povo ilhéu.

Desnorte nacional.

Uma leitura obrigatória na íntegra no incontornável Combustões do meu amigo Miguel Castelo Branco.

23 de março de 2011

Cromos repetidos

Há um que nos sai na colecção há 36 anos e que aliás já vinha na caderneta anterior.

Caderneta de cromos.

Daqui a uns 60 dias vamos ter eleições legislativas. Muda a caderneta mas os cromos serão os mesmos.

Uma pergunta inocente.

Os deputados do PS na AR eleitos pelo círculo dos açores votaram, hoje,  contra ou a favor do PEC IV que foi votado contra pelos Deputados do PS da ALRA ontem?

Sound bites para os próximos dias.

"Coligação negativa".
"Governo perdeu confiança".

14 de março de 2011

Olha que pode não parecer....

...mas o timing apontado por Carlos César para se pronunciar sobre um possível novo mandato (primeiro semestre de 2011) pode muito bem coincidir com um novo ciclo eleitoral na República. Pode não parecer mas isso pode fazer toda a diferença, isso e o nome do novo Representante da República para a Região Autónoma dos Açores (raio de nome que foram arranjar para o cargo).

11 de março de 2011

Tokyo, March 11 2011, Earthquake


E só a trabalheira de arrumar essa tralha toda.

Mais uma vez no bolso dos Portugueses.

Vêem aí mais cortes orçamentais e mais medidas recessivas. Parece não haver mais nada a fazer. O estado que tem património abandonado a ser mal gerido pelo sector empresarial do mesmo estado, vai tentar ir buscar recursos a quem já não tem mais por onde se espremer e continua a ser magnânimo com os estabelecidos. Este não é um problema deste Governo ou deste PS, é transversal à sociedade portuguesa onde se instalou um regime do quem mais pode.
Cortar nas reformas mais altas, tal como foi cortar nos salários mais elevados é uma medida justa. Contudo, é uma medida altamente penalizadora da economia. Não se podem tomar medidas desta natureza e anuncia-las num mesmo documento onde se diz que se vão dar incentivos à economia. As medidas anunciadas hoje e que podem ser lidas  aqui, são altamente penalizadoras não só para as finanças familiares mas essencialmente com repercussões negativas enormes quer na economia quer no sistema financeiro.
É dos livros e das estatísticas que os principais aforradores são os reformados com pensões acima dos 1500,00€. O Ministro sabe-o, leu os quadros do banco de Portugal e então viu ali um filão onde ir buscar mais algum com a vantagem de poder chamar-lhe diminuição da despesa quando na verdade é carga fiscal e logo medida de controlo orçamental pelo lado do aumento da carga fiscal e não pelo lado da diminuição da despesa. Tenho, alias, muitas dúvidas que o País aguente mais uma diminuição da despesa pública, mas isso são contas para outro rosário.
Sendo verdade que (lê-se no mesmo documento datado de hoje) que serão tomadas medidas para “ reforço e estabilização do sector financeiro” essa estabilização faz-se com o recurso à compra de dinheiro a baixo custo por parte da banca e consequente entrada desse dinheiro no mercado e logo na economia. Isso faz-se, principalmente, pela via do que se lê mais adiante no mesmo documento e que é facilitando “as decisões de poupança, nomeadamente encorajando as poupanças automáticas das famílias”. Pergunta-se, porém:
Que poupanças?
Quem está em condições de poupar?
Poupar o quê se o que ganham dão dá para os compromissos já assumidos e que se viram aumentados exponencialmente nos últimos meses?

9 de março de 2011

Cooperação estratégica continua.

Apesar do discurso mais acintoso e aparentemente mais duro, Cavaco vai seguir o caminho trilhado até aqui e fingir que não tem nada a ver com o estado do país. " (...) Ao Governo e ao Senhor Primeiro-Ministro reitero o compromisso de cooperação que há cinco anos assumi perante os Portugueses.(...)"
Por cá, o que interessa é saber quem vai ou se alguém vai substituir o Juiz Conselheiro José António Mesquita no cargo de Representante da República para a Região Autónoma dos Açores.

Nunca mais...

... chamo a Cavaco Silva pau-de-canela, vou passar a ser mais técnico, matemático mesmo, assim do tipo: Cavaco Silva = {   }

Quarta-feira de Cinzas.


Sois pó e em pó vos haveis de converter.

7 de março de 2011

Com os pés na terra.

Tem andado por aí um burburinho por causa das declarações do Ministro Luís Amado concernentes às relações de Portugal com a Líbia e a Venezuela. Bem sei que o Ministro não foi feliz na forma como disse que, nas relações internacionais, umas vezes prevalecem os princípios, noutras os interesses. Também sei que pululam por aí umas virgens ofendidas que se indignam quando se fala de interesses e ainda mais de interesse nacional ou da nação. São palavras que lhes fazem recordar tempos áureos da diplomacia portuguesa e essa gente gosta mesmo é de mediocridade (coisa que este Ministro não é).
Embora existam várias escolas, a verdade é que, nas relações internacionais, só existe uma forma de estar, a realista, aquela em que cada estado defende na ordem externa o que é melhor para a ordem interna, independentemente dos princípios. A ordem interna ou ambiente interno e a ordem externa ou ambiente externo condicionam a acção do decisor. Contudo, elas não são determinantes pois na verdade, essas decisões são tomadas de acordo com as perspectivas políticas de cada um ou de cada conjunto de decisores, com base nas suas convicções, razões de ordem moral ética ou de interesse, ou ainda tendo em conta uma função específica do objecto da decisão política. Ou seja, a escolha ou decisão pode ser tomada seguindo um critério da ética da convicção Weberiana, dos valores (deontológico) ou dos objectivos (teleológico), ou ética da responsabilidade para seguir a terminologia de Max Weber.
Tucídides, na sua História da Guerra do Peloponeso, guerra essa  que opôs Esparta a Atenas, explica as causas do conflito  como sendo apenas o facto de Atenas se estar a tornar demasiado forte e isso inquietar os Lacedemónios, habitantes de Esparta.
Hobbes, Maquiavel, Morgenthau, Waltz e muitos outros ao longo da história da humanidade e das relações internacionais, discorreram sobre a questão do interesse nacional se sobrepor aos princípios no que à política externa concerne.
Na verdade, o realismo e o neo-realismo se quisermos diferenciar os pensadores da modernidade dos pensadores da contemporaneidade, como correntes da filosofia das relações internacionais são as mais pragmáticas e as que, no fundo, goste-se ou não, são mais eficientes. O realismo, a chamada realpolitik estão, por exemplo, de tal forma enraizadas nas diplomacias Germânica, Soviética, Americana e Francesa que, nesses casos, se pode inclusivamente falar de um realismo intrínseco (terminologia que uso frequentemente quando falo da política externa dos EUA), de tal forma arreigado que a política externa se tornou tecnicista e até cientifica se quisermos.
Não me choca que as democracias mais ou menos lastradas da Europa e da América do Norte mantenham relações com algumas ditaduras e autoritarismos africanos ou da chamada Ibero-america.
Por exemplo: Que mal trouxe para o nosso país o facto de José Sócrates ter andado a fazer umas “gracinhas” a Hugo Chavez? Na minha modestíssima opinião, nenhum. Ao invés, sempre se venderam uns computadores, um navio que estava emplastrado ao molhe há muito e parece que ainda conseguimos fazer umas “negociatas” com petróleo. Com a Líbia passou-se o mesmo e também com o regime liderado por José Eduardo dos Santos.
O que importa, isso sim é deveras obrigatório, é que o mundo democrático faça de tudo para ir democratizando o restante. Porém há coisas que apenas se mudam com grande envolvimento das populações locais e isso parece que agora está pronto a ser possível, pelo menos em algumas latitudes.
O caso de Angola é um dos mais delicados para a nossa diplomacia. Na verdade, a ex-colónia é, a par com o Brasil, uma das mais promissoras e emergentes economias do mundo e, consequentemente, uma grande oportunidade de negócios para algumas empresas portuguesas e tem sido um importante destino da nossa emigração o que nos tem servido de almofada para o desemprego (pequena é certo mas cada um que emigra é menos um à conta da segurança social). Caindo o regime, neste momento, poucas dúvidas há de que se seguirão tempos difíceis e Portugal bem como os restantes parceiros europeus, com a crise que atravessam, não têm capacidade para acolher uma onda de retornados como seria previsível.
Pelo que disse atrás, arrisco em dizer que no caso Angolano, a realpolitik tem um papel ainda mais importante do que nos outros casos onde ainda nos podemos dar ao luxo de pensar em algumas utopias e idealismos.

Hoje estou assim.

4 de março de 2011

Boas notícias

A RTP-Açores pode ser, agora, vista em directo em qualquer parte do globo a partir daqui. O Azores global TV é um excelente projecto com a marca Via Oceânica.

2 de março de 2011

À atenção dos mercados

Ich bin sehr optimistisch, dass gesagt wird, genau das, was zu tun ist, wird auch getan, und das wird ein wichtiges Signal an die Märkte sein", sagte Merkel. Jeder tue das, was notwendig sei, um die Stabilität des Euro zu sichern. So hätten Portugal wie auch Spanien bereits erhebliche und mutige Reformschritte unternommen, sagte die Kanzlerin. Portugal befinde sich auf einem "sehr, sehr guten Weg". Deutschland vertraue Portugal, dass Portugal die richtigen Maßnahmen ergreife, sagte Merkel. Der portugiesische Ministerpräsident bekräftigte erneut, dass sein Land keine externen Hilfen benötige. Portugal könne seine Probleme allein lösen. "Portugal tut das, was es tun muss", sagte Sòcrates. Merkel betonte, Deutschland habe niemals davon gesprochen, dass Portugal um Hilfe nachsuchen solle. Merkel sagte, dass bislang kein formelles Ersuchen Irlands vorliege, dessen Hilfspaket neu zu verhandeln. Im Mittelpunkt der Unterredung hatte die Vorbereitung des informellen Treffens der Staats- und Regierungschefs der Eurozone am 11. März sowie des Europäischen Rats Ende März gestanden. Portugal gilt wegen seines hohen Defizits, der schleppenden Wirtschaftsentwicklung und der hohen Finanzierungskosten als eines der Sorgenkinder im Euroraum. Die Regierung in Lissabon hat ein striktes Sparprogramm aufgelegt. Ziel ist es, das portugiesische Defizit im laufenden Jahr auf 4,6% zu senken.

1 de março de 2011

E diz o sábio Povo

" Março marçagão
de manhã frio de inverno
à tarde Sol de Verão".

Hoje há 45 anos.



Neste dia em que, há 45 anos, nasci estou em casa rodeado dos meus mais silenciosos amigos. Os meus livros. Como diz Vínicius “Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos. Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles”, mas os livros são os mais ignorantes desses meus amigos, eles não sabem nem podem saber o quanto lhes devoto da minha amizade. Não! Não venero autores, editores, tradutores, alfarrabistas, livreiros ou críticos literários. Venero livros, “papéis pintados com tinta” nas letras ordenadas de Pessoa. A cultura humanística ensina-nos a desprezar o dinheiro que empregamos em adquiri-la, ensina-nos tudo o que sabemos e as regras que devemos seguir. Uma dessas regras de oiro na perseguição do conhecimento é nunca deixarmos de questionar a razão das coisas, manter viva a chama da inquietação.

Post Scriptum: Corrigido.

Eleições lá para Outubro de 2013.

56%, uma percentagem significativa dos leitores deste blogue, entende que o governo de Sócrates vai chegar ao final da legislatura. Quer isso dizer que , quer do lado dos adeptos do PS quer do lado das oposições não há grande fervor em volta de eleições antecipadas. Deixar o governo e consequentemente o país arder em lume brando é a táctica política dessa gente que nos governa e se opõe e nos leva cada vez mais para a bancarrota. O País está, assim, refém de tácticas politico-partidárias, da escolha de timings adequados às carreiras políticas de cada um. A única pessoa que parece não temer eleições antecipadas é Paulo Portas, talvez por ser o único que nada tem a perder. Cuida ele.

Entretanto, amanhã, Sócrates vai, qual canídeo amedrontado com o rabo entre as pernas, encontrar-se com a Sr.ª Ângela Merkel. Ela vai fingir que lhe puxou as orelhas e ele fingir que vai comportar-se bem. No fim, ambos sabem que ou a Alemanha paga os défices Português, Espanhol e Grego ou o sistema monetário europeu pode entrar em colapso o que não seria bom nem para a Alemanha nem para França.
Por isso, neste mundo político dos fingimentos em que a regra começa a ser mostrar uma coisa e fazer outra, o encontro de amanhã é mais uma farsa em que José Sócrates se prontificou a participar.

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