31 de dezembro de 2020

Adeus 2020! Benvindo 2021

 


O ano que agora finda fica marcado pela pandemia de SARS-CoV-2  e pelas consequentes alterações que a doença que ele provoca infligiram  nos nossos hábitos. Longe de ser negacionista, sou antes de tudo realista. No entanto direi que  faltaram estadistas ao mundo ocidental capazes de lidar com esta situação Fecharam países, aferrolharam pessoas, destruíram milhões de postos de trabalho, de negócios, de vidas, e deixaram morrer milhões de pessoas de outras doenças para se dedicarem exclusivamente a  um vírus que mata uma percentagem muito diminuta de contagiados.

A História desta pandemia ainda está por escrever e por contar, falta o distanciamento necessário para se avaliar as verdadeiras consequências das medidas de contenção da propagação e os resultados reais da doença em causa.

2020, fica marcado pela forma abusiva como políticos de todo o Mundo usaram e abusaram do Novo Coronavirus para esgrimirem combates políticos e partidários, até mesmo de regime ou de ideologia. Uma miséria.

Fica a esperança de um 2021  com mais confiança e mais coragem. Que este ano que daqui a poucas horas começa seja o da recuperação da economia mundial para níveis aceitáveis e que os lideres mundiais, principalmente no mundo ocidental, percebam, de uma vez por todas, que a intervenção que fazem nas suas respetivas economias há  décadas, provoca mais desigualdades do que equilíbrios e que se mude a forma de distribuir a riqueza porque só assim se muda o forma crescer sustentadamente  e com convergência social.

Desejo a todos um ano novo cheio de coisas boas.

Haja saúde.

29 de dezembro de 2020

Mini entrevista ao Jornal Diário Insular edição de 2020.12.25

 

1DI- Os Açores entraram num ciclo novo de governação, após cerca de um quarto de século de governo do PS. O que devem os açorianos exigir deste novo ciclo?

 

NB- Os Açoreanos devem fazer um exame profundo sobre as suas opções politico-eleitorais e devem exigir do governo e da maioria parlamentar que o suporta (PSD-CDS-PPM) soluções para as questões que não têm sido resolvidas e que, algumas, permanecem desde Os primórdios da autonomia constitucional. A sociedade açoriana é pouco exigente com os governantes e com os parlamentares. Há uma carestia de literacia política na região, até mesmo na classe dirigente da administração publica e ao nível dos parlamentares eleitos o que no fundo representa e espelha a sociedade. Uma sociedade que vê na política algo pernicioso e que opta por escolhas clubísticas, não pode esperar grandes mudanças. Felizmente, o quadro parlamentar atual irá permitir um escrutínio das políticas do Governo muito mais plural. Essa pluralidade constituirá uma excelente barreira à instalação de todo o tipo de oligarquias e outros vícios menos bons que se criam com as maiorias absolutas prolongadas. Nesse aspeto, acho que os Açoreanos podem esperar uns Açores mais livres.

 

2 DI- Quais os sinais que se notam neste início de ciclo e que poderão tender a marcar a atual governação?

 

NB- Há ainda poucos sinais que se possam considerar como indicadores de um novo paradigma (palavra muito ao gosto de José Manuel Bolieiro) de governação. No entanto, seguindo o raciocino da resposta anterior, diria que há sinais de grande abertura à sociedade sem subserviência às grandes corporações. Acho esse processo de “desmame” muitíssimo importante. Na verdade, a democracia parlamentar, moderna, liberal e do direito, não é, nem deve ser, corporativa. As grandes associações empresariais também são corresponsáveis pelo estado miserável a que chegou a nossa economia ainda antes desta crise sanitária e social a ter afetado.

 

 

3DI - Quais os dossiês mais complexos, herdados ou emergentes, que exigirão do novo governo muita atenção e competência?

 

NB- Há um dossier que permanece por resolver desde há muito. O dos transportes. Somos uma Região Arquipelágica dispersa e periférica, com níveis de periferia interna inclusive, resolver os problemas dos transportes, marítimo e aéreo de passageiros e mercadorias, é o nosso grande desígnio para vencer a pobreza resiliente e crónica. Estamos longe de o resolver. Nesse particular o dossier SATA é o mais complicado e urgente de tratar e que carece de empenho, competência e, acima de tudo, verdade.

 

 

4DI - Dada a geometria da solução de governo e parlamentar encontrada, não serão necessários demasiados compromissos, ao ponto de a governação acabar por bloquear?

 

NB- Sem querer parecer um parafrasta, diria que, também aqui, a “politica é a arte do possível” como disse Bismarck. Não é fácil gerir questões de geografia, ideologia e de gênero num mesmo governo. A única forma de evitar bloqueios é fazer uma boa gestão das relações com o parlamento uma vez que, para questões de grande relevância carece do apoio parlamentar dos deputados de partidos que não estão no governo. Se por um lado o CHEGA assinou com a coligação um acordo que o transforma numa extensão dos grupos parlamentares que suportam o Governo, já os restantes, desde a aprovação do programa do Governo, estão de fora dessa equação. A próxima prova-de-fogo será a aprovação do plano e orçamento, lá para abril.

 

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