30 de julho de 2004

Estádio Novo

Há umas horas, na apresentação do nº 14 da :ILHAS, vimos um documentário sobre o qual ainda vou escrever algo mais substancial do que isso. Estádio Novo, é um interessante documentário Inglês que trata o tema da promiscuidade entre a política e o futebol, desde o Estado Novo até aos dias de hoje. A certa altura, num tratamento brilhante dos pequenos clubes da 1ª liga, fala dos Açores e do Santa Clara, mais propriamente da Santa Canalha. Nome de claque assaz bem escolhido tratando-se de quem se trata.
Achei muito interessante o facto de, ao referi-se aos Açores, o autor dizer: "os Açores são uma colónia de Portugal". Essa é a visão dos que observam de fora a forma como nos relacionamos com Portugal.
Também é assim que Portugal olha para nós. Porque razão não reagimos a este estatuto? Gostamos? Não nos sentimos colónia? Ou adoramos Portugal? Ou adoramos as transferências do orçamento de estado?
Este é um tema para reflexão séria que se espera seja mais bem tratado lá para depois das férias.

29 de julho de 2004

28 de julho de 2004

Once more in África


O Governo do Sudão recusa a intervenção da ONU. Enquanto isso, milhares de refugiados, deslocados, em fuga por causa das perseguições das milícias selvagens, vão se aglomerando em enormes campos de refugiados, no norte do país, onde a fome e a doença começam a produzir catastróficos efeitos.
O Governo do Sudão recusa a palavra Genocídio.

Nunca fiz nem volto a fazer

Sai da cama ainda o sol iluminava o hemisfério Sul. Era crepúsculo na Austrália. A madrugada rompia quando sai de casa e ele ali estava, subindo vagarosamente do mar em direcção ao Céu. Ali mesmo à minha frente a Baia de São Lourenço estava linda, estanhada como a lagoa das Furnas num final de tarde de Agosto. Nesses dias, não apetece sair dali. Muito menos se for para apanhar um avião e dar uma fugida a São Miguel (Japão) para uma reunião de manhã num Banco, outra à tarde no Notário uma baguete de atum comida à pressa e empurrada goela abaixo por um sumo de laranja quase morno. Entre a volúpia da vida de um empresário neo-liberal e que leva a vida a correr, dois encontros para troca de conversa. Encontrei o ToZé no canto dos Burros. Ficou a nossa indignação pelo aparecimento de um Blog anónimo para discutir a Independentismo/Nacionalismo Açorianos.
Mais à frente, uma distinta Professora da nossa Universidade conversava numa mesa de esplanada com um não menos distinto advogado da nossa praça. Entre ter-me feito convidado para sentar e já estar a debulhar alarvidades, foi um ápice.
Estivemos para ali uns bons 15 minutos a dizer coisas sem nexo e que no fim tinham todo o sentido do Mundo. Que se lixe o Gerente do Banco que está à minha espera mais à frente. Afinal eu até lhe pago boa parte do ordenado.
Não sei como, falamos de muitas coisas e acabamos falando de ?charros?. Ele nunca fumou, Ela também não. Eu nunca fumei nem volto a fumar. E ela, simples, serena, pálida diz sem malícia, sem qualquer pejo. "Eu sempre gostei muito de tomar uns copos que nunca precisei de fumar charros". Eu não bebo, sou abstémio, cada vez mais militante, mas também não preciso de fumar charros.

Passa Cão

Monsenhor Agostinho Tavares não quer mendigos e Bêbedos à porta da Igreja do Senhor Santo Cristo. Tem bom remédio. Leve-os para casa. Fica mesmo em frente.
Não basta apelar e pregoar à caridade cristã. É urgente pratica-la. Infelizmente é da instituição Igreja que vêem os piores exemplos. Passa Cão.

27 de julho de 2004

24 de julho de 2004

Lugares-Ghana

Há lugares neste imenso planeta que quanto mais visito mais me apetece voltar. Há lugares nestas nossas Ilhas que quanto mais visito mais me apetecem esquecer e há lugares nestas Ilhas que nunca esquecerei mesmo que nunca mais lá volte. Pela positiva e pela negativa há lugares inesquecíveis.
A vida é como um livro se não viajarmos não passamos da primeira página. Estas palavras que, cito de memória e por isso podem não ter sido escritas bem assim, foram-no por São Tomáz D'Aquino. Lidas nos já longínquos anos da minha adolescência marcaram a minha vida desde então. Na verdade, foram estas palavras que despertaram em mim o gosto pelas viagens, pela aventura de conhecer novos lugares e outras gentes, outras culturas e outras vivências. Hoje relendo um texto que escrevi a bordo do voo 325 da KLM entre Amesterdão e Accra capital do Ghana, avivaram-me a memória e trouxeram-me recordações de África muito interessantes.
África vive hoje momentos dramáticos marcados pela fome, pela guerra e pelo mais moderno dos flagelos, a SIDA.
O Ghana que é uma das economias mais fluorescentes do Continente Africano tem níveis de contaminação pelo HIV assustadores. A título de exemplo, a Dunlop, fabricante e distribuidor de pneumáticos, tinha no Ghana a sua maior fábrica fora dos Estados Unidos da América, destinada a produzir pneus para serem distribuídos em toda a África e Europa. Há dois anos, o Gigante norte-americano encerou aquela fábrica por não conseguir formar novos operários ao mesmo ritmo que outros morriam de sida. Simplesmente assustador. Mais ainda se pensarmos que o Ghana, ao contrário da maioria dos países africanos, tem uma democracia instalada há mais de 30 anos, com alternância de poder entre dois partidos, com uma economia relativamente estável, com enormes recursos naturais e com uma coabitação entre populações de várias religiões de fazer inveja a muitos países desenvolvidos.
A poligamia associada a uma excessiva religiosidade pode estar na base do flagelo. Contudo, haverá certamente culpas nas organizações locais e internacionais de luta contra a SIDA e de pouco ou nada tem servido o facto do Secretário-geral da ONU, Sr. Kofi Annan ser um Ganês.

22 de julho de 2004

Insularidade

O Inverno resolveu vir passar mais uns dias de verão aos Açores e os aviões estão todos atrasados. Isto é a verdadeira insularidade, não tem nada a ver com os preços das coisas nos supermercados, com o cabaz de compras, com a produtividade, com o PIB ou com o preço do petróleo. A Insularidade não se vence, ameniza-se.

21 de julho de 2004

Ao ritmo das férias

Nos últimos dias o Foguetabraze tem sido feito a partir daqui.

Embora não totalmente em férias já que, para um "workaoolic", isso é coisa que não existe, o ritmo é bem mais moderado. Desde logo, o trabalho aqui é menos no escritório e mais no estaleiro, não convém usar o computador portátil muito próximo de areia, das britas e do pó-de-pedra. Por isso, o Foguetabraze segue o ritmo da restante blogosfera e do País. O ritmo das férias.

17 de julho de 2004

Dos Açores e pelos Açores

Carlos Costa Neves é um político com (P) grande. Profissional, dedicado, conhecedor de inúmeros dossiers é, sem sombra de dúvida, o politico açoriano mais completo do momento. Muitas vezes demasiado palavroso, associa a qualidade de grande  orador aos conhecimentos técnicos.
Teria sido um óptimo Presidente do Governo Regional dos Açores, se não tivesse sido traído pelo seu próprio partido e pelo CDS/PP onde eu próprio, não nego, tive enormes responsabilidades, com um episódio parlamentar que deitou definitivamente por terra as aspirações da direita Açoriana de perpetrar um golpe palaciano que, ou se fazia sem anunciar, ou depois de anunciar o melhor era não fazer.
Tenho com Costa Neves um episódio engraçado. Tínhamos um convite para almoçar com o Senhor Presidente do Governo Regional dos Açores, Carlos César, no Palácio de Santana, na "rocoquérima" sala de jantar do Marquês de Jácome Correia. Costa Neves na qualidade de Presidente do PSD e eu na qualidade de vice-presidente do CDS/PP.
Na noite anterior encontramo-nos, por acaso, na estalagem de Santa Cruz na Horta. E perguntei-lhe:
-Queres boleia para Santana?
Riu-se, olhou em redor e disse:
-Bem depende da Boleia, amanhã para o almoço não preciso, depois é uma questão de conversarmos.
Rimo-nos bastante. Contudo, ambos sabíamos que nem eu nem grande parte do partido dele achávamos qualquer oportunidade em apresentar uma moção de censura ao Governo de César depois da tinta que já havia corrido sobre o assunto, a começar pelo episódio da substituição do Presidente da ALRA que caíra muito mal junto da opinião pública. Ambos sabíamos que o caso estava arrumado.
 
Tendo em conta a sensibilidade que o novo Ministro tem no concernente às questões da quota leiteira e da abertura das águas da ZEE açores à frota comunitária, estas duas questões de crucial importância apara a economia dos Açores poderão ver assim, melhores dias do que já viram. Por outro lado, junto das corporações do sector agrícola, Costa Neves poderá encontrar algumas barreiras uma vez que o seu antecessor, Sevinate Pinto, estava altamente cotado e era visto como um dos melhores ministros da agricultura dos últimos tempos.


16 de julho de 2004

Uma "boleia" à portuguesa

O João Nuno deixou-nos hoje no : ILHAS este belíssimo texto que merece da minha parte uma reflexão que não cabia num mero comentário a deixar no Blogue deles. Em primeiro lugar devo dizer que estou muito satisfeito por ter atribuído ao articulista (meu primo) o prémio de melhor escritor da Blogosféra Açoriana e ao : ilhas o de mais eclético e melhor Blogue colectivo dos Açores. Se alguma coisa estava por provar, os rapazes fizeram o favor de o confirmar.
Estou capaz de concordar com o comentário do  André no que concerne a essa obsessão do PSD no que diz respeito às relações entre o PS e o BE.  Devo dizer que ela não me choca nada, chocar-me ia muito mais se o PS andasse atrelado ao PCP, esta esquerda ultrapassada e radical que ainda usa na sua bandeira os símbolos do terror Estalinistas da foice, martelo e estrela e em cujas estruturas existe bastante de tudo e muito pouco de democracia.
Também eu, fico com a sensação que, essa obsessão do PSD e de muitos dos seus militantes e dirigentes, constitui uma espécie de desculpa por andarem a reboque ou à trela do CDS/PP, consoante se queira considerar o PSD um enorme atrelado onde cabe toda a espécie de gente, desde a esquerda mais radical até à direita ultra nacionalista ou um Cão onde todas as pulgas têm lugar independentemente da sua cor raça ou credo.
Tal como, aqui e em outras sedes disse e repito, não morro de amores por essa coligação, não sou por natureza um situacionista, sou mais do contra-poder, das grandes questões e das pequenas bandeiras. É mais fácil para um permanente interventor e repentista ser da oposição do que pertencer a um partido do arco do poder, ter que engolir sapos quase todos os dias e sofrer as enormes dores que um tiro nos pés provoca.
Bem sei que a minha opinião pouco importa, mas não contem com o CDS/PP para rebocar ou acartar no pêlo, seja quem for que, depois venha desdenhar da boleia. No CDS/PP há muito boa gente que estará disposta a soltar o atrelado ou sacudir as pulgas.
Não se esqueçam, Mais quero asno que me carregue que cavalo que me derrube.


Abruptamente coerente

Pacheco Pereira demitiu-se do cargo para o qual havia sido recentemente  nomeado. As suas divergências com Pedro Santana Lopes, não permitiam manter-se num cargo de nomeação governamental, muito embora se tratasse de um cargo que não cai com o Governo.
A coerência acima de tudo.
 

15 de julho de 2004

"Monstro das bolachas" no Jaquinzinhos

Isto é o que eu chamo um bom trabalho jornalístico.

Segundas escolhas

Com o recuo de António Vitorino, José Sócrates e José Lamego, revêem as respectivas estratégias e entendem relançar as suas candidaturas à liderança do maior Partido da oposição.
O PS irá, assim, eleger um dos candidatos que se auto-classificaram como segundas escolhas.
Podemos assim prever, longos e animados duelos entre Santana Lopes O populista primeiro-ministro de Portugal e o não menos populista líder do maior partido da oposição, José Sócrates.
O verão promete ser animado no País político. Enquanto isso, o outro País, o real, segue o ritmo das férias, ressaca do Euro 2004, e perde-se alienadamente, num terramoto de festivais musicais e festas do "JET 7", com o Algarve como epicentro.

14 de julho de 2004

14 Juillet

Aujourd'hui est 14 Juillet. Personne à "poster" sur ce là. Pourquoi ? Ce n'est pas important?

13 de julho de 2004

"esperar por D.Sebastião quer venha ou não"

As manchetes do Público, ultimamente não acertam uma. Há dias era dada como certa a dissolução da Assembleia da República, menos de 24 horas depois o Senhor Presidente da República anunciava precisamente o inverso.
Hoje, enquanto regressava a casa sentado num dos muitos lugares vazios de um Airbus 310-300 da Sata-Internacional, li o seguinte título em destaque, "António Vitorino prestes a avançar para a liderança do PS". Pouco depois chego a Ponta Delgada e o meu Amigo Abel Carreiro já havia deixado um comment no meu último post a criticar eu ainda não ter dito nada sobre a fuga do "D. Sebastião" que os socialistas esperavam regressar de Bruxelas com os nevoeiros de Outubro .
Confesso que estava à espera que Vitorino avançasse, mas afinal o Homem nem é grande nem é grande coisa. Começa a haver algum nervosismo no Partido Socialista. Algumas figuras tidas como boas para liderar o Partido temem a luta eleitoral com a dupla PSL&PP (não se importam com as siglas pois não?). O primeiro já fugiu foi Ferro Rodrigues, segundo Sarsfield Cabral, no Diário de Noticias de ontem, "um líder fraco", não vejo como é que um Homem que dá ao seu Partido o melhor resultado de sempre pode ser classificado como "um líder fraco".
Depois foram as fugas de Coelho, Lamego e Sócrates que, ao empurrarem descaradamente Vitorino para a cabeça do Toiro se demarcaram da corrida e tentaram garantir um lugarzinho na contra ajuda ou quem sabe como rabejadores.
Agora a fuga do D. Sebastião, que não havia ido a cavalo para Alcácer Quibir mas sim montado num enredo fiscal para Bruxelas, se bem me lembro por causa de uma SISA ou algo parecido, nada comparável a uma manta da TAP tantas vezes usada como bandeira, ainda recentemente, por alguma esquerda menos séria.
Ficamos à espera dos candidatos.
João Soares já se assumiu, declarando a sua intenção de candidatura e de "acabar com a lógica dos unanimismos em que as coisas se decidem à mesa dos cafés nas costas de toda a gente". Será que Lamego, Coelho e Sócrates vão rever as suas estratégias ou João Soares será ele próprio uma vitima dos tais unanimismos que tanto condena?

Pausa para o almoço

Enquanto o diligente empregado vem e não vem, portátil para cima da mesa, ligação GPRS e já está, actualizam-se os comentários e pode-se até postar. Mesmo que não seja mais do que isto, uma entrada de circunstância para dizer que estamos vivos.
Hoje tentei ajudar uma idosa, simpática, de cabelo pintado de azul, como a minha avó, que se abeirou de mim e me pediu ajuda. Fui gentil como qualquer provinciano o é na grande Lisboa onde nos atropelamos anonimamente. No final, não era nenhuma idosa simpática, era só o raio de uma velha metediça a querer vender-me a sua religião. Passa fora.

12 de julho de 2004

Estou eufórico

Estou na sala de embarque do Aeroporto João Paulo II em Ponta Delgada, a caminho da Capital do Império e estou a postar. Consegui ao fim de muitas tentativas ligar o meu portátil à rede "wireless", que é como quem diz sem fio. Agora é que vai ser postar em todo o lado.VIVA!!!!!!!!!!!!

Soneto LX

A ti te hiere aquel que quiso hacerme daño,
y el golpe del veneno contra mí dirigido
como por una red pasa entre mis trabajos
y en ti deja una mancha de óxido y desvelo.

No quiero ver, amor, en la luna florida
de tu frente cruzar el odio que me acecha.
No quiero que en tu sueño deje el rencor ajeno
olvidada su inútil corona de cuchillos.

Donde voy van detrás de mí pasos amargos,
donde río una mueca de horror copia mi cara,
donde canto la envidia maldice, ríe y roe.

Y es ésa, amor, la sombra que la vida me ha dado:
es un traje vacío que me sigue cojeando
como un espantapájaros de sonrisa sangrienta.


1959

Pablo Neruda


faria hoje 100 anos

Aviso inconsequente

Agora com mais calma e resolvido e bem o imbróglio institucional e constitucional em que Sampaio se viu enredado nos últimos 15 dias, debrucemo-nos sobre o imbróglio político em que Sampaio se enredou desde Sexta-feira passada.
Já aqui escrevi, e defendi que Sampaio não podia fazer outra coisa, ouvidos os partidos da maioria parlamentar, que não fosse indigitar o novo Presidente do PSD para formar um novo Governo.
Também já aqui escrevi que não gosto do estilo de PSL nem morro de amores por PP.
Do ponto de vista constitucional estamos conversados, Sampaio teve todas as razões e mais uma para agir como agiu.
Do ponto de vista político, o Presidente da República devia estar calado. Mas não, ao invés entendeu dar uma aviso ao novo governo, qual mestre-escola em inicio de ano lectivo prevendo uma turma de rebeldes arruaceiros.

Eu acho que o André tem razão. Aliás ontem tive a oportunidade de lhe dizer isso mesmo, ao vivo e a cores. Eu acho estupendo, vindo de um "Património do Partido Socialista". Acho delicioso. Estou regalado. Que mais posso pedir.
Depois de Fernando Rosas ter dito, a respeito da politica financeira do governo, que Manuela Ferreira Leite era "um Salazar de saias", só faltava que Sampaio, um antigo militante do MES e "património do Partido socialista", viesse dizer que o novo governo liderado por Pedro Santana Lopes tem que seguir o rumo do anterior.
Força camarada, tal como Barroso, entendes as mensagens do Povo quando vota mas manténs teimosamente o rumo. (Barroso ao menos foi-se embora)
Sampaio esteve bem em toda a linha na gestão e decisão desta crise mas devia ter estado calado quando começou a justificar que ia estar atento ao rumo deste governo e não permitir que saisse do rumo do anterior.
E se PSL e PP, mudarem o rumo o que é que Sampaio vai fazer? Vai acabar com a aula e mandar todos para a rua com falta a vermelho? Vai puxar as orelhas aos dois e pô-los de castigo no canta da sala? Vai dar-lhes umas reguadas valentes nas palmas das mãos? Ou vai obrigar os dois a escreverem a palavra défice 50 vezes no quadro?

O País feito "forró"

A política Portuguesa está cada vez mais cinzenta, "feiosa", mal cheirosa, asquerosa, sem nexo, sem protagonistas firmes, sem ética, sem princípios. A política Portuguesa está como sempre esteve uma verdadeira bosta. Bosta com M.
Tenho pena que no meu país se discuta a política pela rama, sem ir ao cerne das questões sem avaliar a verdadeira amplitude das mesmas. Cada vez mais o País se transforma numa enorme Feira Popular, onde ganha e determina os seus destinos, quem tem a maior atracção.
Num país onde para ganhar votos, já se distribuíram televisões, preservativos, a par de simples esferográficas e T-Shirts de fraca qualidade.
Num país onde a perspectiva maniqueísta de que tudo o que é de esquerda é bom e tem boas intenções e tudo o que é de direita é mau e mal intencionado;
Num país em que o Presidente da República decide de acordo com os mais elementares princípios de respeito pelo parlamento e isso faz cair o líder da oposição;
Num país em que os críticos do regime hoje, são os lideres do mesmo regime amanhã. Custa muito fazer política e continuar a gostar de o fazer. Não fosse a política uma coisa intrínseca, quase genética e que me dá imenso prazer já tinha deixado de fazer política, neste "forró" permanente. Não há pachorra.

Esperem tudo dele

O Joel e o seu "Não esperem nada de mim" estão de parabéns. O Blog completa hoje o seu primeiro aniversário. Um ano é, na Blogosfera, uma espécie de maioridade, por isso, esperamos muito mais dele, muito mais do que já nos deu.
Ao Joel e ao seu Blog os meus mais sinceros parabéns

11 de julho de 2004

Sem surpresas

Não me surpreendeu a decisão do Presidente da República.
E não era uma questão de fé. Era uma questão de respeito pela Constituição da república e pela democracia parlamentar e essencialmente pelos eleitos e pelos seus eleitores.
Na Sexta Feira davam-me como certo que a decisão seria no sentido da dissolução. Nunca acreditei. Contudo cheguei a pensar que, não sendo bom para o país, era bom para a coligação PSD/PP. Seria um combate politico difícil mas Santana Lopes e Portas, apesar do descontentamento publicamente manifestado, tinham argumentos bem melhores do que Ferro Rodrigues
Como defensor frívolo do sistema parlamentar puro devo dizer que fiquei muito satisfeito pelo facto de Jorge Sampaio, apesar da chinfrineira que alguma esquerda mais populista andou a fazer, não se ter deixado levar por essa nova onda a que eu chamo "democracia do ruído".
As palavras anti democráticas da dirigente Socialista Ana Gomes, vieram demonstrar bem que há gente que faz muito esforço para manter as máscaras no seu lugar, à custa de muita "massa de ferro" mas um dia a cosmética cai e fica tudo ali à vista, as pilancas, as rugas, as gretas, as verrugas, não escapa nada.
Agora, há no meio desta crise ou não crise, uma coisa que não entendo. Porque razão se demitiu Ferro Rodrigues? Então o Homem não ganhou as europeias? Essa vitória não
era um indicador do Povo para o PS ser Governo?
A saída (fuga) de Ferro Rodrigues da liderança do PS constitui uma enorme falta de respeito pelo seu eleitorado e uma prova cabal de que a liderança do PS tinha falta de alma e de convicção e por isso, não servia para governar Portugal.
Se Sampaio decidiu com dúvidas, essas ficaram totalmente desfeitas com a fuga de Ferro Rodrigues. Sampaio estará, assim, muito mais descansado.
Felizmente Sampaio não é um homem de direita. Porque se o fosse, quem é que ia poder ouvir a esquerda ruidosa?

9 de julho de 2004

Alea jacta est

O Cancelamento das férias era indicador da posição que o Presidente da República iria tomar. Se fosse dissolver a Assembleia da República podia ir para férias sem qualquer impedimento. Ao invés, Com novo Governo, há que preparar a posse e restantes formalidades. Análises pragmáticas.

Na hora de todas as decisões

A dissolução da Assembleia da República é, de acordo com os mais diversos constitucionalistas, a "bomba atómica" dos poderes do Presidente da República, só utilizável em último recurso.

"o poder de dissolução da Assembleia da República, pelo seu impacto e pelas consequências políticas potencialmente implicadas, é o mais drástico e relevante dos poderes presidenciais. Entendo mesmo que qualquer alteração da sua actual configuração constitucional desvirtuaria significativamente o equilíbrio, separação e interdependência dos poderes dos diferentes órgãos de soberania"
JORGE SAMPAIO, "Portugueses", pág. 14 do Volume VI, Imprensa Nacional-Casa da Moeda

7 de julho de 2004

O PR continua a ouvir os Portugueses

Jorge Sampaio prossegue com a ronda de audiências rumo a eleições antecipadas, ou não.
Fonte do Palácio de Belém confirmou hoje à Lusa que Sampaio cancelou as suas férias previstas para a próxima segunda-feira e que o Presidente pretende ouvir ainda mais proeminentes figuras nacionais.
As audiências ocorrerão no início da próxima semana.
Na agenda do Presidente da República só falta ouvir a Linda Reis, Zimara , Lili Caneças, o Rãrã e o Emplastro.

6 de julho de 2004

À porta do meu liceu


Hoje passei à porta do meu liceu. De quando em vez apetece-me entrar e ir por ali à solta, subir ao velho ginásio, correr à volta do campo de futebol (no meu tempo era relvado), jogar à tabela, uma espécie de basquetebol a dois ou a quatro, entrar pela porta da secção e irromper rampa a baixo montado em cima do meu skate.
Lá em baixo, no pátio coberto da secção, joguei à mosca e ao "lencinho". Ainda se joga à mosca? Ou agora é mais gameboy e nintendo?
Entrei na Biblioteca e em vez de abrir um livro olhei o teto e fiquei para ali perdido nas minhas cogitações.

A biblioteca do meu liceu
O Meu liceu é o liceu mais bonito do mundo, porque é o meu liceu.
Sentado na banqueta de pedra fria do pátio da cantina, recordei os dias que passei ali. No meu liceu. Rodeado de amigos e conhecidos, de amigas e amantes deliciosas, fazendo de tudo um pouco menos estudar. Isso fazia em casa, no recato do meu quarto que, embora pequeno, dava para ter uma secretária, e estantes para os livros preferidos.
O meu liceu é o melhor liceu do mundo.
Encontrei o Sr. Manuel do Campo de Jogos e o Agostinho. Estavam lá, tal como eu, a recordar o meu liceu. Estive tentado a entrar no Avião e pedir metade dum pão com pé de torresmo. Será ainda saboroso como era dantes? Tive medo e não arrisquei. Prefiro continuar a acreditar que o pé de torresmo do Agostinho continua bom apesar da modernice da esplanada com mesas e cadeiras da coca-cola e das regras da EU obrigarem as matanças de porco a serem feitas com mais limpeza.
Eu fui hoje ao meu Liceu porque ele é o melhor liceu do Mundo.

O jardim do meu Liceu

5 de julho de 2004

Today's another day

Os portugueses hoje, regressam ao país real, caído o pano sobre o Euro e prolongada prestação da selecção nacional. Voltemos ao trabalho.
A Organização do evento foi enaltecida por todos, locais, forasteiros, organizações Internacionais do desporto. São só elogios. Somos mesmo bons a organizar grandes eventos. Resta a Portugal esse consolo. Temos que aprender a fazer isso com tudo. Cultivar a excelência é o nosso grande objectivo.
Today's another day.

4 de julho de 2004

O voo do Pauleta

Será hoje que vamos ver o já famoso voo do Açor?

Espero que sim. Contamos todos com isso, os mais nacionalistas, os mais Iberistas, os mais europeistas e os mais eurocépticos.

Porque hoje é 4 de Julho

3 de julho de 2004

Euforia

Para amanhã espera-se a total euforia dos portugueses. Seja qual for o resultado, amanhã portugal estará na rua. Com bandeiras com castelos, pagodes ou palhotas como esta que recuperei do sitio oficial do torneio.


Viva o Portugal no seu melhor. E quanto ao resto, esperemos com serenidade que pouco importa.

Cada vez mais e sempre Sophia

As ondas quebravam uma a uma
Eu estava só com a areia e com a espuma
Do mar que cantava só para mim.

Sophia de Mello Breyner Andresen

2 de julho de 2004

A crise. Cena final

Não digo mais nada sobre a crise. Estou farto da crise e da argumentação aduzida por uns e por outros.
É verdade que a esquerda sempre me irrita mais ou pouquinho do que a direita, mas o que mais me irrita é a falta de imparcialidade. Já disse e volto a dizer que não gosto do Santana e não morro de amores pelo Portas.
Contudo, porque razão o José X e que foi eleito nas listas do partido Y pelo circulo W e os seus N eleitores, vão ver o mandato do representante do povo interrompido só porque o PM se foi, fugiu, foi promovido, o que lhe queiram chamar? Nenhuma.
Por isso, enquanto houver solução parlamentar, no meu entender de parlamentarista convicto, não deve haver dissolução. Caso contrário, mudem a constituição e transformem a democracia portuguesa num regime presidencialista com eleição directa do chefe de governo.
No regime parlamentar puro, a legitimidade do Governo imana do parlamento. A legitimidade do Parlamento imana de eleições democráticas e directas. O parlamento representa, de facto e de direito, o Povo ao qual me orgulho de pertencer.
Ao Senhor Presidente da República cabe regular e zelar pelo bom funcionamento das restantes instituições democráticas. A ele cabe a última palavra. Esperemos serenamente pela sua decisão, na certeza porém que, quanto mais demorada ela for, mais contribuirá para o clima de instabilidade criado pela crise politica instalada.

1 de julho de 2004

Decisão.Precisa-se.Urgente

Esta suposta crise, começa a ser por culpa do Presidente da República que teima em não decidir. Quanto mais tempo Sampaio demorar mais instabilidade existirá, a todos os níveis. No partido mais votado e órfão de líder, bem como, no seu parceiro de coligação, os lutadores de sempre, começam a digladiar-se pelos lugares nos órgãos do partido, nas listas de candidatos a deputados, se houver eleições e congresso. Caso contrário, a guerra é para ver quem apoia quem de forma a assegurar lugares de Ministro e Secretários de Estado e até de Directores Gerais.

No PS a Guerra será entre os que querem eleições para tentar ganhar e assim comprar um seguro de vida para a liderança de Ferro Rodrigues e os outros, os que rezam à santinha de Fátima para que o PR não dissolva o parlamento que sempre têm mais dois anos para arranjar um lugarzinho ao Sol.

No BE, nada muda, está na moda e o populismo de esquerda é o que está a dar. Por isso todos unidos no caminho da dissolução para ver se ganhamos mais uns deputados e se não temos que fazer tanta rotação. Na verdade, com sistema de rotação que o Bloco usa na AR e que copiou de CDS/PP do tempo de Monteiro, dá a impressão que tem muitos mais deputados do que na realidade tem. Na minha opinião é uma boa maneira de fazer politica parlamentar. Contudo, tira valor à teses de Fernando Rosas e de outros que defendem que o Povo vota no Primeiro Ministro e nos cabeças de lista. Então porque razão o Bloco roda os seus candidatos?

Na direcção do PCP, não se pode estar do lado da coligação porque é de direita, mas o que apetecia mesmo era a não dissolução para ver se não se perde mais um deputado para o Bloco. Do lado dos reformadores alguns até querem eleições para ver se correm com o Carvalhas de uma vez por todas.

Na classe jornalística, uns dão pulos de contentes e outros estão roxos de raiva. As redacções dos Jornais, rádios e televisões, andam em polvorosa. É que também aqui, com eleições ou com remodelação governamental, vão existir mudanças, falo muito concretamente, nos assessores de imprensa. Uns deixarão de o ser e vão voltar às redacções onde vão tentar fazer a vida negra aos Ministros novos. Outros estão nas redacções a fazer a vida negra aos Ministros que lá estão para ver se vão para assessores dos próximos Ministros. Maquiavélico mas não longe da realidade.

Por último estão os patrões dos patrões e os grandes grupos empresariais. Desta vez até estão do mesmo lado a esquerda. Claro! Pode ser que venha mais um Pina Moura que faça da economia do País um paraíso para a engorda de alguns e para a desgraça dos mais fracos. É que a politica da Coligação foi bem diferente nesse sentido e muito embora não estejamos a viver dias de grande fartura a verdade é que o sistema está moralizado.

Enfim o País está refém dos interesses de cada um e o Sr. Presidente da República a quem cabe, legitima e legalmente a última palavra parece não estar preocupado em decidir.

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