7 de dezembro de 2022

Entre a responsabilidade e as escolhas certas

Há pouco mais de um mês e meio fiz aqui uma especial referência ao livro intitulado “Rumores” de Cass Sunstein. Na obra de 2009, o autor disserta sobre o perigo das notícias falsas e de como hoje as nossas sociedades estão reféns desse tido de mecanismo que outrora era mais demorado de se propagar se bem que também mais difícil de detetar e esbater. As máquinas partidárias, algumas, usam e abusam dessa técnica da qual o Partido Socialista e os seus satélites Bloco de Esquerda e Partido Comunista são habilidosos utilizadores sendo que o PS é, de facto, o pioneiro e obreiro mor. Veja-se, a título de exemplo, a velocidade com que se aprontaram a colar as medidas de Liz Truss à Iniciativa Liberal quando da nossa parte nunca houve sequer uma referência a tais políticas que embora integrassem uma proposta, tímida diga-se, de redução daquilo a que se pode chamar a Taxa Social Única do Reino Unido, e aí podíamos, de facto estar de acordo, por outro lado apresentava um orçamento desequilibrado e com forte endividamento para fazer face a apoios do estado, supostamente à economia e às famílias, e  isso já nos coloca de um lado completamente oposto ao da  efémera Primeira-ministra do Reino Unido . Mas para os detratores do liberalismo, qualquer coisa serve para nos encostar a quem está ou vai ficar na pedra de baixo do moinho.

Mas voltemos aos rumores e às técnicas que por cá, na gestão da coisa publica com endemismo açórico, se estão a usar para fazer baixa política.

Esta semana fui confrontado com um fornecedor do serviço regional de saúde que me disse que estava com faturas muito atrasadas e que lhe tinham informado que não podiam pagar porque a Iniciativa Liberal (citaram mesmo foi o meu nome) não tinha autorizado o endividamento. Já no mês passado tinha sido abordado por um empresário de outra área e que estava à espera do pagamento de uma última tranche de um incentivo a quem deram a mesma resposta. É tudo culpa da Iniciativa Liberal e do seu líder. Ora esse tido de politiquice tem perna curta, muito curta mesmo, é que ando por aí e desde que as pessoas em causa se tentem esclarecer e vou informando. Na verdade, a Iniciativa Liberal não gere o orçamento, apenas contribui para a sua construção e aprovação, sendo que, quer em 2022 quer em 2023, não inscrevemos qualquer despesa nem no plano nem no orçamento, nem aprovamos propostas de outros partidos nesse sentido. Por isso, todas as opções de despesa são da inteira responsabilidade da maioria de governo do PSD,CDS e PPM. Na verdade, o governo e os respetivos serviços não pagam a quem contratam o fornecimento de bens e serviços externos porque fazem opções erradas e diferentes daquelas que estão previstas no orçamento ou fazem despesa não autorizada. Inclusivamente, deixamos nos dois orçamentos um artigo (artigo 5ª do DLR que aprova o Orçamento da RAA) que permite ao Governo Regional movimentar verbas entre rubricas do orçamento o que facilita bastante a gestão orçamental e como tal a responsabilidade das escolhas é obviamente de quem contrata serviços sem ter como os pagar ou paga a uns e deixa de fora outros. Não!  Não é por causa do endividamento reduzido em 143 milhões de euros no orçamento de 2022 ou no endividamento zero previsto no orçamento de 2023.

Esse tipo de politiquice, mesquinha e assente em rumores e maldizer pode até servir facilmente os que pouco têm que fazer e que pululam pelos corredores dos cafés com cheiro a azedo das redes sociais e os “troll” que ocupam até páginas de perfis pessoais com informações erradas e desconversa por encomenda, mas de nada servem os interesses desta Região que, começa a aperceber-se, se não formos mesmo capazes de mudar algumas atitudes , se vai tornando ingovernável sem apoio externo. Ou seja, “estamos” a hipotecar a nossa valiosíssima autonomia. Vamos nesse caminho a passos largos, continuam as opções despesistas e socialistas, segue em frente o plano de ir tapando os olhos dos eleitores com obrinhas públicas de fachada e migalhas para fazer face aos mecanismos da inflação. Seguem em frente as iluminações para as festas, as feirinhas, as festarolas, pistas de gelo e concertos de Natal (será que sabem o que é o Natal?) e mais umas migalhas para o povão se alimentar um pouco melhor e sentir o estômago mais aconchegado com a caridade de alguns que se juntam em lautos repastos de marisco e bacalhau para angariar uns trocados para distribuir sacos de arroz e massas aos pobres. Segue em frente o plano da antiga Roma, Pão e Circo, sendo que também foi por esse caminho que Roma caiu, lá por volta do ano 500 depois de Cristo.

 Haja Saúde.

In Jornal Diário Insular Edição de 06 de dezembro de 2022

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