3 de outubro de 2004

Ambiente-Saber consumir

As questões ambientais são sempre grandes questões. Contudo as suas soluções podem passar por pequenos gestos, tão pequenos como dividir em casa o lixo e colocá-lo no sitio certo. Gesto simples que o consumidor desenfreado devia fazer, até porque lhe devia pesar a consciência pela forma como compra.
Comprar com preocupações ambientais é muito mais difícil, por isso não tenho a esperança que venha a ser uma realidade a curto prazo.
Acredito, porém, que é pela compra que podemos começar a ser amigos do ambiente. Se escolhermos as embalagens, se soubermos quais a menos poluentes ou quais as biodegradáveis. Há uns anos comprava umas esferográficas feitas de fécula de milho, desapareceram do mercado.
Se nos transformar-mos em consumidores exigentes, as indústrias farão um esforço por mudarem os seus métodos de produção.
A Bumble Bee inc. e a Starkist-seefood inc, são dois dos gigantes mundiais de produção de conservas de peixe. Só uma da fábricas da Bumble bee em Megans Bay em Porto Rico, labora por dia mais do que a totalidade da capacidade da indústria instalada nos Açores.
A Starkist, que agora pertence ao grupo Heinz, tem o seu braço europeu em África onde labora cerca de 12.000 toneladas por dia o equivalente à capacidade anual da fábrica da Cofaco de rabo de Peixe. Contudo essa sua fábrica do Ghana é tão insignificante para a empresa que nem consta das suas web pages .
Há cerca de 10 anos os consumidores Americanos deixaram de comprar conservas da Bumble bee e da Starkist porque o atum era capturado com redes nocivas para os Golfinhos. Em dois anos aquelas empresas entraram em processo de falência. A Bumble bee foi adquirida pela Starkist depois do seu chairman, Rex Ito, ter sido encontrado morto em circunstâncias suspeitas num quarto de Hotel em Singapura.
A Starkist, assim transformada num super gigante foi adquirida pela Heinz e as duas empresas com o apoio do Earth and Island Institute, desenvolveram um programa chamado "Dolphin Safe", integrada num outro ptrograma mais vasto chamado International Marine Mammal Project.
Hoje todo o atum transformado pela Starkist tem um certificado "Dolphin safe" de origem passado pelo EII e todas as latas têm um selo com essa referência. As empresas recuperaram a confiança dos consumidores e já saíram do vermelho.
Há pouco tempo houve um pequeno revés nas obrigações das indústrias e um diferendo entre a administração Bush, o EII e as indústrias. Contudo as mais importantes não abandonaram o projecto por completo com receio da reacção do mercado.
Se os consumidores não tivessem sido exigentes, continuava-se a pescar atum com redes nocivas para os mamíferos marinhos e a vender. Assim, ainda acontece em França, na Itália, nas Filipinas, na Samoa, em Espanha e em Portugal.

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