12 de junho de 2008

Um tiro no escuro ou um cheque em branco?


Confesso que pouco me importa se o Tratado de Lisboa vai ou não ser ratificado. A mim, bastou-me o desplante, a mentira, a desfaçatez do Governo Português que depois de ter prometido um referendo, andou a apregoar as vicissitudes da ratificação por via parlamentar. Como defensor do sistema parlamentar puro, devo acrescentar que, essa solução, até é a mais interessante. Fossem os deputados, verdadeiros representantes de quem os elegeu e capazes de afrontar os directórios partidários sempre que ocorressem atropelos ao exercício da democracia como é o caso de manifesto incumprimento de promessas eleitorais.
A Europa não se constrói por decreto, já o disse aqui e em outros fora. A Europa das nações, dos povos, das regiões, constrói-se, com o envolvimento das nações, dos Povos, das regiões e com todas as suas idiossincrasias.
No entanto, sendo verdade que 52% dos Irlandeses manifestaram à boca das urnas intenção de votar favoravelmente a ratificação do tratado, e tendo em conta que apenas 8% desses mesmos “ilhéus” tem noção clara do que contém o tratado, pergunto se não estarão a passar um cheque em branco para a mão dos políticos. Afinal, quando for caso disso, esses mesmos políticos não se fartarão de apregoar que foi o Povo quem escolheu esse caminho. Na verdade, quando apenas 8% da população eleitora entende o que está a votar, de que vale obter 50, 60 ou até 70% dos votos?

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