3 de maio de 2007

O sacristão que não sabia ler e escrever.

A ideia era boa: lembrar que estudar é bom. Pegou-se em pessoas conhecidas e mostrou-se o que seriam se não fossem os estudos. O treinador Carlos Queirós varria estádios. A jornalista Judite de Sousa estaria atrás do balcão de um quiosque... Ontem, o ministro do Trabalho, Vieira da Silva, disse à TSF que está satisfeito com a campanha. Ele próprio, digo eu, se não tivesse estudado, poderia estar a colar cartazes do Programa Novas Oportunidades. E, se tivesse passado por isso, perceberia que a boa ideia tinha algo de errado: Vieira da Silva, colador de cartazes, vendo-se humilhado por ser colador de cartazes... Como a senhora do quiosque que se viu como uma sub-Judite de Sousa. Conheço, por o ler, um tipo de um quiosque que não é sub de todo. Ele tem um blogue, a que chamou "Ardinário", é imaginativo e produtivo. Num país com maus doutores a mais e bons canalizadores a menos era bom que se soubesse fazer comparações que não ofendessem.
A respeito, ainda, desta campanha e da excelente crónica do Ferreira Fernandes no DN de hoje, lembrei-me da história do Sacristão americano.
Once upon a time, a história passou-se numa pequena Cidade da Nova Inglaterra há mais de meio século e é verídica.
Um pastor, tinha um colaborador de grande dedicação mas que não sabia ler nem escrever. Um certo dia o Pastor, tendo aberto vaga para sacristão, fica muito triste pelo fato do seu diligente colaborador não saber ler e escrever para concorrer à vaga e vê-se obrigado a contratar outro rapaz.
Triste, o aldeão, faz-se à vida e vai, literalmente, plantar batatas. Ao fim de alguns anos, é detentor de um dos maiores impérios comerciais da América do Norte e, entrevistado pela NBC, a repórter pergunta-lhe: “como foi capaz de construir todo este império sem saber ler nem escrever”. Ao que o industrial responde: “precisamente por isso, se soubesse ler e escrever era sacristão na minha paróquia”.

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