29 de novembro de 2022

Equilíbro, responsabilidade e verdade para combater a esquerda ávida de poder

 

Desde a antiga Grécia que, filosoficamente, nos dividimos entre otimistas e pessimistas, zenonistas e epicuristas. Historicamente, também, os estoicistas refletiram sobre os efeitos negativos das decisões dos Homens quando o pessimismo ou as emoções destrutivas tomam conta do pensamento humano. Ainda hoje (e principalmente depois da alba das luzes) há quem acredite que o conhecimento e a virtude são suficientes para garantir a felicidade. E, para um Liberal, esse é o caminho: cada um sabe o que lhe faz mais feliz e as escolhas pessoais que tem que fazer para garantir essa felicidade, mesmo sabendo que todos estamos condenados ao mesmo fim – como disse um dos mais pessimistas filósofos da modernidade, Schopenhauer: “viver é sofrer com pequenos instantes de felicidade”. Aliás, na mesma perspetiva, “a vida é um processo constante de morrer”!

Vem isto a propósito dos dias difíceis que estamos a viver e que vamos enfrentar. Para além de algum otimismo, estes dias carecem de perseverança e de coragem, não de derrotismo cínico ou pessimismo cético. E esta é uma diferença abissal e substancial entre quem está a política para reformar ou quem está apenas pelo poder. Tomemos como cenário o que sucedeu, na passada semana, no Parlamento dos Açores, com o debate e a votação do Orçamento da Região para o próximo ano. Nós, liberais, com as alterações e linhas vermelhas que conseguimos fazer vingar, introduzimos a esperança no futuro de muitas gerações que, por via da aprovação do Orçamento Zero, não serão eternos pagadores dos erros e das dívidas que fazemos hoje. Sim, é que há nesta coisa do endividamento zero algo que vai para lá do equilíbrio das finanças regionais; há também um compromisso intergeracional; há a garantia que deixamos aos mais novos de que não vão ter que trabalhar pelo seu futuro e ainda para pagar os erros e desmandos do passado.

Irresponsavelmente, o PS (e o seu satélite, o BE), primeiro, disseram que era preciso fazer mais dívida para garantir investimento e apoio às empresas e às famílias; depois, apresentaram um pacote de medidas que depauperava totalmente todas as reservas da Região para 2023. Ou seja, aprovando-se o pacote da esquerda, acabava-se, à partida, com qualquer possibilidade de a Região ter fundos para fazer face a um cenário de emergência que possa vir a suceder no próximo ano. Em síntese, seria fazer dívida em cima de dívida na boa lógica socialista-bloquista de que “alguém há de pagar”!

O Orçamento dos Açores agora aprovado não é a quinta maravilha do Mundo. Não é o maior de sempre, nem tem os maiores investimentos de sempre. Mas, é um orçamento equilibrado e de responsabilidade, para agora e para o futuro. Para além do endividamento líquido zero, prevê a alienação de mais de 51% da Azores Airlines (que, até ao final do ano, estará dissociada da estrutura societária da SATA Air Açores – um dos nossos ativos mais importantes e que está contaminado pelos desnortes das aventuras com frotas desadequadas e rotas perdulárias que se vão fazendo).

O Orçamento dos Açores agora aprovado é também um orçamento de rigor, sem ser de austeridade; de escrutínio, sem ser expiatório; de acompanhamento, sem ser força de bloqueio. É que, ao contrário da esquerda que só quer aumentar despesa, nós, Iniciativa Liberal, fizemos aprovar algumas outras alterações que, apesar de parecerem minudências, garantem que o Parlamento passe a ter mais ferramentas de acompanhamento das opções do Governo da coligação PSD-CDS-PPM. Sim, porque o XIII Governo dos Açores é do PSD, do CDS e do PPM, não é da IL! E por mais que o PS vá, desesperadamente, misturando tudo e todos no mesmo saco, os Açorianos (pelo menos os mais atentos e menos tomados pelos dogmatismos da insana ansiedade de voltar ao poder), saberão que a visão catastrófica e “tremendista” que serve de base ao drama socialista está assente em falácias (como os números que agora verborreiam, todos os dias, para salientar que a dívida da Região cresceu em 2022 – pudera, só com os encargos que deixaram para pagar a fornecedores e com os buracos da SATA, não queriam que dívida crescesse). E esquecem-se (ou melhor, omitem propositada e falaciosamente) que a dívida financeira da Região este ano não foi maior, porque a IL, já o ano passado, conseguiu uma redução de necessidade de endividamento em 143 milhões de euros.

O PS, partido com imensas responsabilidades políticas nesta Região, não pode fazer hoje aquilo que tanto sempre criticou na oposição do passado, lembrando-se de uma das frases que mais usou, nos seus 24 anos de poder e governação, para contrariar os argumentos da oposição do passado: é que uma mentira repetida muitas vezes, não se transforma em verdade, só porque sim!

 

NOTA FINAL:

A agência de notação financeira Moody’s, já depois da aprovação do Orçamento para 2023, classificou a Região Autónoma dos Açores com um “rating” negativo. Imaginem que tínhamos aprovado um Orçamento com endividamento ou que nem tínhamos aprovado Orçamento, como pretendiam o PS e o BE. Seria uma catástrofe a juntar à situação inflacionista que vivemos. A irresponsabilidade da esquerda açoriana é assustadora. O PS e o BE queriam atirar-nos para a boca dos credores, sem Orçamento e com um processo eleitoral que poderia demorar meses. Será que julgam mesmo que andamos aqui todos a dormir ou à mercê dos apetites dessa esquerda ávida de voltar ao poder?

 

Haja Saúde!


In Jornal Diário Insular edição de 29 de novembro de 2022


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