2 de novembro de 2015

Nem mais uma fossa cética na rua do Professor Menezes

Nem mais uma fossa cética na rua do Professor Menezes

Álamo Meneses, Presidente da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo, considerou no Conselho de Ilha da Terceira que é “inadmissível” que se queira construir um novo porto em Ponta Delgada, quando a capacidade do porto da Praia da Vitória não está a ser totalmente explorada. Cito o Diário dos Açores de 21 do corrente.
É estranho, é muito estranho mesmo que o Conselho de Ilha da Terceira, no lugar de estar preocupado com o que pode fazer para dinamizar a economia de uma ilha defunta e as infraestruturas sobre dimensionadas que ela tem, esteja preocupado com o trabalho que outros estão desenvolvendo em prol das suas economias e das suas necessidades. O Porto de Ponta Delgada está longe de atingir o seu pico de utilização que foi em 2008 ano em que não existiram constrangimentos à operação. Portanto está ainda longe de ser necessária uma nova infraestrutura. No entanto, estas obras não se programam em cima do joelho nem se constroem em 10 dias. Há que ter em mente a sua necessidade e começar a equacionar as soluções futuras pois, se não é para este quadro de investimentos previsto no horizonte 2020, nem faria sentido que fosse, certo é que não pode ir muito além do próximo quadro de apoios que terá inicio em 2021. Como bem disse o professor Mário Fortuna, em resposta ao conselho de Ilha da Terceira, “o novo porto é para servir São Miguel, não é para substituir o da Praia”.
Seguindo a linha de raciocínio, ou da falta dele, perigosamente expressa pelo Professor Doutor Álamo de Menezes, a obra prevista para ampliação da Marina da Horta não se fará enquanto a Marina de Ponta Delgada não estiver perto da sua capacidade de exploração. Não se deve equacionar a construção de um novo aeroporto na Terceira ou se devia sequer ter aumentado o Aeroporto do Pico ou a placa de Ponta Delgada quando temos o Aeroporto de Santa Maria a “ léguas” de estar perto da sua capacidade. Nem mais uma casa de habitação social deve ser construída nos Açores enquanto as casas abandonadas em São Miguel não estiverem todas ocupadas.
Como o Professor é da área dos esgotos talvez se elucide melhor com o exemplo que vou apresentar. Imagine V.Ex.ª que a fossa cética da sua casa está a rebentar pelos canos de excrementícios resíduos e que a do seu vizinho está totalmente vazia. Quem precisa de uma fossa nova?
Esse tipo de argumento é muito perigoso e vem, quase sempre, da mesma área geográfica mas facilmente tem um efeito de ricochete desde que queiramos assumir a ideia da existência de um todo regional o que não é ou alguma vez será uma possibilidade. Desenganem-se os que acreditam num desenvolvimento harmonioso, isso nem é uma utopia é mesmo uma impossibilidade por razões determinadas pela geografia, pela sociologia, pelas tradições e pela condição das gentes que habitam estes nove bocados de terra distribuído no meio do atlântico unidos apenas pela transversal dedicação e culto ao Divino Paracleto, esse mesmo também praticado de forma diferente em cada uma das ilhas senão mesmo das freguesias do nosso geograficamente Arquipélago mas politicamente, cada vez mais, conjunto de inúmeras comunidades.


Ponta Delgada, 22 de Outubro de 2015.

Diário dos Açores edição de de Outubro de  

1 comentário:

Anónimo disse...
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