26 de novembro de 2012

Ainda e sempre o 25 de Novembro.

Estava previsto, programado. Os militares de esquerda conseguem sublevar, os Paraquedistas, Polícia Militar, Ralis o COPCON e alguns civis armados.
Estava tudo preparado para consolidar definitivamente uma ditadura de esquerda em Portugal.
Contudo, os militares do chamado Grupo dos Nove de onde se destacou Ernesto Melo Antunes, tinham já preparado um plano de contingência, visando a instalação de uma nova ordem que permitisse prosseguir com a descolonização e administrar calmamente as conquistas de Abril de 1974.
A 25 de Novembro de manhã, há 37 anos, o General Costa Gomes não sabia ainda de que lado estava, se com a esquerda radical se com o grupo dos nove. Para Costa Gomes, o grupo carecia de um “ inequívoco apoio popular”. Mas também não se opôs ao grupo, tomou o lugar do chefe equidistante, do árbitro. A partir das quatro da tarde Costa Gomes decidiu pôr-se do lado do Grupo dos Nove. O Partido Comunista havia retirado o apoio à sublevação.
E assim se cumpriu o grande ideal de Abril. Goste-se ou não, em Portugal, a verdadeira conquista da Liberdade deu-se a 25 de Novembro de 1975 e não a 25 de Abril de 1974.

 

 
Desde que mantenho este blogue, há mais de 9 anos, que relembro o 25 de Novembro. Umas vezes mais do que outras, é verdade mas é sempre bom recordar aquilo que uma certa esquerda pretende apagar dos anais da história de Portugal.

O regime que temos hoje, seja ele ou não do nosso agrado, é o resultado inequívoco das conquistas de 25 de Novembro de 1975 que teve como espoleta o 6 de Junho do mesmo ano ocorrido na Ilha de São Miguel. Seja ou não do agrado de cada um, tenha ou não resultado naquilo que o Povo desejava e deseja, a verdade é que depois de 25 de Novembro de 1975, os nossos governantes são escolhidos por um Parlamento eleito de forma livre, por sufrágio universal e secreto. Se a nossa Democracia está bem lastrada ou não essa é outra questão que pode e deve ser debatida, mas o que é inegável é que o ideal dos que fizeram o 25 de Abril de 1974 só se começou a cumprir a 25 de Novembro de 1975. Basta, para o confirmar, que no decorrer do chamado Verão quente de 75, aqui mesmo nos Açores, foram efetuadas prisões políticas, sem dedução de acusação e sem direito a defesa.
O regime que saído de Abril de 74 em pouco diferia do regime que até então nos havia governado. O Regime que emergiu um Novembro de 75, esse sim, trouxe-nos a Liberdade política, a separação de poderes tão importante na ordem democrática e o Estado de Direito, assim como, para o caso dos Arquipélagos Atlânticos ou Ilhas adjacentes como então eram chamadas, foi o 25 de Novembro que abriu portas à Autonomia Politica e Administrativa.

3 comentários:

Anónimo disse...

Caro Nuno Barata
O 25 de Novembro foi um acordo entre as forças(seja a dita esquerda democrática, mas também o PCP, seja a direita)em acabar com a democracia Popular, a própria esquerda dita radical, também contribuiu com a sua intempestividade, claro que a burguesia não estava de acordo com a revolução(distinguir do P.R.E.C.)...
Você ao dizer que o 25 de Novembro acabou com as prisões arbitrárias, esquece-se que o que ela fez foi acabar à partida com as manifestações populares, alguma vez o o 6 de Junho teria tido lugar?
Basta ver que evolução teve a luta pela independência, após o 25 de Novembro?
È interessante considerar que não há prisões por actividade politica quando se vêm mesmo hoje os presos das manifestações serem tratados sem os direitos que lhes são devidos e por outro lado quando a desobediência é crime, podemos considerar que todos os comportamentos que levaram à prisão arbitrária(antes de Nov. de 75)se podiam conformar com desobediência, no fundo não foi o abrir da liberdade, mas sim ao seu controle ainda antes de poder ser considerado qualquer comportamento como indesejável.
Mesmo a direita se esquece do 25 de Novembro pois sabe que pretende ir muito mais além no acabar da "festa" da liberdade.
Saudações
Açor
A Liberdade mesmo a formal, não foi atingida pelo 25 de Novembro, mas sim da luta do Povo, quanto à liberdade material, os dias que se vivem são no mínimo um exercício esforçado do Povo para a garantir no dia a dia.
A liberdade politica nomeadamente a participação em eleições não existia antes do 25 de Novembro(em virtude duma coligação objectiva entre a direita e a "esquerda") mas assim continuou na prática com a total descriminação entre os grandes partidos, não só na atribuição de subvenções a uns e não a outros como uma total influencia a todos os níveis(sobretudo pelos medias)em levar uns ao "colo" e outros a serem totalmente esquecidos e vilipendiados, a eleição de Cavaco é um mero exemplo.
O regime actual também começa a ser muito igual ao de Salazar e de Marcelo.
O regime após 25 de Novembro no essencial o que fez foi acabar com a festa da democracia participativa(e isto não esquece os erros do período anterior)
mas aponta uma clara diferença entre a politica por convicções e politica dos interesses, é neste sentido que considero o 25 de Novembro como a Mãe e Pai de quase todo o oportunismo, corrupção e roubo de colarinho branco, basta dizer que por exemplo as comissões de trabalhadores terem sido obrigadas a abandonar do controle nas empresas o que (entre outros) conduziu a casos como o do BPN.

Anónimo disse...

Em que é que é que as "comissões de trabalhadores", constituidas por infiltrados comunistas nas empresas, teriam evitado a lavagem de dinheiro no BPN nas barbas do Banco de Portugal e do doutorado em economia, ministro das finanças, primeiro ministro e Presidente da República Cavaco Silva?

Anónimo disse...

Caro anómimo
As comissões de trabalhadores foram disputadas por diversos partidos nomeadamente o PCP, mas para informação sua, só muito tarde é que o PCP se virou para as comissões de trabalhadores, eles achavam que elas eram de controle mais difícil e por isso sempre estiveram com um pé dentro outro fora...
Mas o que está em causa não é quem domina o órgão, teoricamente qualquer pessoa o podia fazer e de forma muito mais fácil e menos burocrática do que os sindicatos...
Infelizmente o Mário Soares em conjugação com a direita (e não só)deu a machadada final nas comissões de trabalhadores mas também, ás dos moradores e outras, a estas organizações populares foi retirado não só a capacidade de participar na vida politica e cívica, como foram sendo capturadas pelos políticos profissionais, desaparecendo os princípios e a vontade de transformar a sociedade, as convicções deram lugar aos interesses, muito útil seriam estas organizações populares imbuídas pelo espírito de Abril e da liberdade, para alterar o status actual.
A lavagem de dinheiro não foi feita graças à "capacidade" dos implicados no BPN etc., basta ver a quase demência desses senhores para saber que foi o dinheiro pago a assessores que os fez ter a "brilhante" ideia de ludibriar toda a gente(sem excluir que os supervisores estavam feitos com eles e por isso fizeram que não viram).
Para além das comissões de trabalhadores, poderem também usar de conselheiros, elas acabam de ser formadas pelos trabalhadores que mexem com os papéis, só necessitavam de lhes ser permitida a fiscalização necessária, foi por conseguirem atingir estas fraudes que lhes retiraram o poder de controle operário...
No entanto o que quis dizer é que independentemente de muita gente séria que lutou contra o desmandos do PREC, a verdade è que o 25 de Novembro não só retirou poder aos trabalhadores, como foi um símbolo para o momento que se lhe segui, em que o movimento cívico e a democracia participativa foi arrumada na gaveta, o Mário Soares interferiu pessoalmente para os jogos do Benfica serem transmitidos na Televisão como forma de fazer retirar as pessoas da Rua(eventualmente a esta distancia tudo isto vai soar a estranho, mas lá que foi uma intenção para domar as pessoas foi).
O 25 de Novembro foi um acontecimento que só por si não trouxe nem os méritos que o barata atribui nem os demérito que eu encontro ele foi tão só um marco, como já tinha sido outros momentos duma tomada de posição de certos sectores(até eventualmente com boas intenções)mas que serviu para começar todo um ajuste de contas com o 2de Abril, basta disser que ao salgueiro maia não queriam dar o apoio que deram por exemplo aos pides...
Mas este movimento de acerto com a história e acabar com as conquistas do Povo tem agora o apogeu que todos estão a verificar e que em Janeiro ainda vão sentir melhor na carteira.
Saudações
Açor

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