27 de novembro de 2009

Por este século dentro.

Deve ser mal de fim-de-século, este andar à deriva, sem ideias, sem projectos, sem ideologia, sem a noção de sociedade, sem a definição confortante do bem e do mal. Há no ar por toda a parte uma estranheza alienatória, um ruído selvagem de contornos indefinidos mas palpavelmente presente.

Freitas, Vamberto, A ilha em frente:Textos do Cerco e da Fuga, Edições Salamandra, 1999.

Foi do fim-de-século e é maleita desta primeira década do novo século. Mais, está para durar. O regime está a ruir e a gente continua estranhamente alienada. O ruido silencioso que vem não se sabe de onde mas de toda a parte, é ensurdecedor. A gente caminha “com a cabeça entre as orelhas” mas sem fazer uso dela porque para isso não tem tempo, não é esse o seu desejo tampouco. A gente, mal tem tempo para pensar como vai dar de comer aos filhos amanhã, comprar os remédios hoje ou pagar a conta da luz que venceu ontem. A gente está alienada e bovinizada. Isso interessa a quem se governa fingindo que nos governa.

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