28 de fevereiro de 2006

Rei Momo

É dia de entrudo. Por cá é dia de molha, com limas de cera cheias de água, com sacos de plástico ou com balões, não interessa. O que vale é molhar o próximo, com mais ou menos violência depende do caracter de cada um.
Sempre achei a Batalha das limas uma coisa violeta. Como, embora irascível, sou perfeitamente pacifico, nunca fui à batalha. Fiz muitas limas e sacos para os meus irmãos e amigos mas nunca fui à Avenida Litoral de Ponta Delgada (teimam em chama-la marginal como se o Atlântico pudesse alguma vez ser um rio e os oceanos não têm margens) neste dia. Lembro-me, em miúdo, fazíamos a nossas próprias batalhas no balcão da casa de minha Avó, na Ribeirinha, enquanto esperávamos pelas malassadas quentes e assistíamos aos desfiles de mascarados. Guerreávamos entre nós e havia vezes que o fazíamos com os vizinhos da frente.
A tradição dos mascarrados ainda se mantem bem viva naquela Freguesia rural da Ilha de São Miguel.Hoje, se o tempo se aguentar, o dia vai ser passado em mais uma caminhada pelo interior da Ilha, longe do reboliço das limas e da ressaca de uma noite passada aos pulos na mais profunda alienação. Até porque, como diz um poeta meu amigo, "os dias não estão para isso".

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