15 de abril de 2010

Roosevelt, Salazar e os de agora.



Lajes Field-1943



Está a decorrer na Ilha Terceira, onde não estou com grande pena minha, o II Fórum Açoriano Franklin D. Roosevelt, em homenagem a esse grande estadista que governou os Estado Unidos da América durante a II Guerra Mundial e contribuiu relevantemente para o estreitar de relações entre os velho e novo mundos.
Quando falamos de F. D. Roosevelt, na Ilha Terceira, nos Açores ou em Portugal, não podemos esquecer o papel fundamental que Salazar desempenhou no decurso daquele conflito e a forma como soube gerir o estatuto de neutralidade de Portugal, sem beliscar a “Velha Aliança” e sem por em risco o equilíbrio financeiro do Estado mantendo o negócio do volfrâmio com as potências do Eixo, nomeadamente com a Alemanha. Essa habilidade diplomática e capacidade negocial valeu a entrada de um novo conceito no léxico da geopolítica, o da “Neutralidade Colaborante”.
Salazar assumira as pastas do Negócios Estrangeiros e da Guerra, queria ser ele a tratar esses assuntos. Diz-se que Kennan, encarregado de negócios dos EUA em Lisboa, confessou um dia a Champbell, embaixador de Sua Majestade, que ficava nervoso antes de se ir encontrar com Salazar.
Um pequeno Estado periférico fez-se valer dos seus recursos e da sua importância geoestratégica para garantir a integridade do Império e para obter regalias para o seu Povo, mantendo-se firme nas negociações.
Hoje, os negociadores são de pouca têmpera, preparam-se para permitir o voo de caças em treino para garantir os postos de trabalho. Dizem-me que sempre que os negociadores regionais tentam ir mais além, ministros e embaixadores começam logo a falar de cuidados redobrados nas negociações. Eu acredito.
Acontece que Portugal, embora haja quem aqui pense o contrário, continua a ter uma base negocial muito forte com os EUA. Quem conhece bem o realismo que graça em Washington e entre os salões da Casa Branca e o Pentágono, sabe bem que se a Base das Lajes não fosse importante para os EUA já estaria fechada. Isso mesmo, em Washington, seja quem for o inquilino, reina um realismo intrínseco. O simples facto do Lajes Field continuar aberto é prova mais do que bastante da sua importância, vergar às posições americanas é não ser capaz de perceber isso e isso faz a diferença entre os grandes estadistas e os pequenos fazedores de baixa política.
Um bom estadista, no plano externo, não olha a éticas e moral, defende os interesses do Estado que representa e isso Salazar fez melhor do que ninguém. Pronto D. João II foi um bocadinho, só um bocadinho melhor.

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