28 de abril de 2020

Morrer da cura

A voz embargada do Presidente do Governo no fim de uma recente entrevista à RTP-a não enche a barriga àqueles que recorrem diariamente aos movimentos cívicos por um prato de sopa. Nem pouco mais ou menos. As estratégias de contenção do vírus, são uma utopia que apenas servem os que, com o vencimento garantido, estão em casa sem nada fazer um fazendo muito pouco. Por outro lado estão a destruir a uma velocidade avassaladora, empregos, empresas, famílias e até a matar doentes ditos não-covid por falta de assistência médica e exames de diagnóstico, mais do que do próprio vírus, estamos a, padecer da cura. Não vamos acabar com este maldito vírus nem dentro de 2 anos mesmo para os mais optimistas, estaremos sempre sujeitos a uma segunda vaga antes de existirem vacinas e tratamentos eficazes. O Mundo não pode ficar parado esse tempo todo. As economias mais frágeis sofrerão irreversíveis perdas e os mais pobres não sairão dessa condição e verão o seu grupo engrossado por aqueles que, aos milhões, passarão da condição de remediados para a de pobres irremediáveis.

In Jornal Açoriano Oriental, edição de 28 de Abril de 2020

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