Nuno Barata –
Neste assunto há que ter, tal como em todos os assuntos da governação, uma
atitude ponderada e séria. Ninguém pode dizer que estas medidas, que não passam
de uma esmola, vão garantir a mitigação dos efeitos da Inflação nas pessoas e nas
empresas. Podem eventualmente acudir a uma necessidade urgente das classes mais
desfavorecidas e isso é bom. No entanto, aplicadas de uma forma igualitária e
transversal podem ser pouco para uns e demasiado esforço do estado para outros.
Dizer que estas medidas vão mitigar os efeitos da inflação é mero populismo de
esquerda, vindo daqueles que se dizem preocupados com o renascer dos populismos
e dos totalitarismos na Europa.
Diário
Insular - Seria
preferível agir ao nível dos salários? Porquê?
Nuno Barata - Agir
ao nível dos salários poderia ser uma solução, mas não garante que não haja outra
escalada inflacionista ainda maior, subir o rendimento disponível pode gerar uma escalada de preços atendendo a
que pode determinar um aumento do consumo ou seja da procura. A única forma de
mitigar os efeitos da inflação e de o fazer transversalmente na sociedade
portuguesa, sem que a disponibilidade por parte da procura desperte apetites do
lado da oferta, é baixar a carga fiscal significativamente, ao nível do IVA, principalmente
este imposto que afeta, diretamente, os mais fracos, ao nível do IRS e do IRC e
ainda do ISPP mas isso nós já sabemos que um governo socialista nunca fará. A
técnica socialista é sempre a mesma: retirar muito com uma mão para dar pouco
com a outra.
Diário
Insular - Na sua
opinião, o que deveria ser feito em relação aos chamados lucros excessivos das
empresas que parecem, derivar da crise em curso?
Nuno Barata - Mais
uma vez o populismo de esquerda e o complexo com a riqueza e o lucro a tomar conta
do debate político. Enquanto este país e a União Europeia no seu todo tiverem
esse tipo de preconceito relativamente às empresas, aos lucros e à criação de
riqueza, seremos cada vez mais pobres e seremos ultrapassados, como temos sido
no último século, pelos países que continuam a ter o lucro e a produção de
riqueza como um desiderato nacional. Esse conceito de “lucros excessivos” é uma
falácia que poucos conseguem sustentar racionalmente e que se desmonte em três atos.
Diário
Insular -estará a
inflação que sentimos ligada a fenómenos incontroláveis ou sobretudo a
especulação?
Nuno Barata – Esta inflação, no meu entender, tem várias
origens: Tem a ver com o a quebra das
cadeias logísticas internacionais pelas medidas de combate à COVID-19; tem a
ver com alguns mercados de bens de primeira necessidade que estão a ser
enviados para a frente de combate. Mas, tem sobretudo a ver com a necessidade
do mundo todo se ajustar face a um desequilíbrio criado nas margens de
comercialização que estiveram a ser comprimidas durante os últimos 20 anos.
Esse mecanismo é fácil de perceber se pegarmos numa meia dúzia de produtos e
fizermos o exercício simples de compararmos o respetivo preço de há 20 anos com
o preço de há uma ano. São bons exemplos o óleo alimentar, os detergentes
domésticos, o Arroz, as massas alimentares, o leite e alguns eletrodomésticos.
O paradigma disso é o preço da carne ao produtor que era de 500 escudos há 30 anos
e era de 2,5 euros há um ano e meio. Precisamente o mesmo preço.
Mini Entrevista
In Jornal Diário Insular, edição de 17 de Setembro de 2022
Caro Barata.
ResponderEliminarNão havia necessidade de escrever tanto, num tema certamente fabuloso mas que não teve, nem podia ter vencimento, pois colocar o socialismo em contradição com o liberalismo só teria interesse com um texto com um folgo que este não teve...
Não obstante o que atrás afirmei estas linhas são preciosas, pois são um grito ( em nome de interesses duvidosos...) contra o marasmo, o silêncio e o compadrio, por parte de um homem que apesar das suas limitações é uma voz corajosa e que faz a diferença...
No fundo as soluções do Costa são iguais aós que a iniciativa liberal teria se estivesse no governo, reduzir a despesa social com os trabalhadores e entregar ao capital, quer seja de forma desimulada ou não, o Costa teve necessidade de fingir que se preocupava com o Povo, mas só para obter o consenso necessário para que os interesses do capital se mantivessem, no fundo foi sempre governando para manter o status quo.
A balela que a carga de impostos é a mãe de todos os problemas é esquecer que as soluções são certas ou erradas quando cumprem os fins para que forem criados, neste caso estão a cumprir o fim para que forâo criados, neste caso foi pagar a divida externa, alimentar os boys e a alta finança e o capital, se tivessem por fim objectivos sociais, teriamos ( apesar das criticas posíveis )uma práctica aparentada com a Finlândia , Suécia e Noruega...
Açor.
Caro Barata.
ResponderEliminarEste comentário não se destinava a este teu texto, mas sim ao tema contrato social/ versus liberalismo, seja como for e de forma breve direi sobre este teu texto que á um esforço da tua parte para te incorpora -res na onda Liiberal, mas na minha opinião só com muito esforço isto é possível, pois não encontro justaposição entre as ideias liberais e as tuas...
Seja como for o que importa são as ideias que são transmitidas e esta de te preocupares com a inflação por via do aumento geral dos ordenados e não o fazeres pela diminuição dos impostos, só pode ser uma indicação ideológica de quem segundo os liberais tem direito ao consumo e a contribuir para a inflação e estes são os que têm grandes rendimentos e a diminuição destes impostos possibilitar rendimentos extra, para consumirem e contribuirem para a inflação "sem pecado" só porque são da classe burguesa, enquanto os outros podem manter os seus magros ordenados a serem comidos pela inflação que outros contribuem, sem que ao menos os impostos possam contribuir para amenizarem com subsidios os magros recursos do trabalho, enfim o liberalismo no seu melhor...
Açor
31.500 €
Paranhos
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